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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

28
Jun10

Abertura das Comemorações - Palácio Galveias

CCTM

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Foi com a sala cheia no Palácio Galveias que se deram início aos trabalhos da semana das Comemorações do Centenário de Tito de Morais (CCTM).

Depois de Catarina Vaz Pinto, vereadora da CML ter dado as boas-vindas na sua qualidade de anfitriã, Luís Novaes Tito fez a abertura solene da Semana das CCTM com uma breve intervenção especialmente dirigida a agradecimentos para todos os que ajudaram a concretizar estas comemorações. Mais abaixo fica o texto proferido.

Teresa Loureiro, representante da editora, referiu o agrado de ter sido seleccionada a Guerra e Paz para editar a fotobiografia e, num curto apontamento, apresentou a obra produzida.

Seguiram-se os oradores convidados tendo Pedro Coelho, fundador do Partido Socialista, centrado a sua alocução nas experiências vividas com Tito de Morais, tanto na oposição ao regime ditatorial no exílio, como depois da liberdade em Portugal. Um apontamento de grande relevância para a compreensão do "Homem e do Político" Tito de Morais.

Fernando Rosas preferiu a abordagem histórica de todo o percurso até ao 25 de Abril. Deu uma brilhante lição da recente História de Portugal que manteve a audiência interessada ao ponto de durante todo o período em que expôs "não se ouvir uma mosca na sala". Foi fortemente ovacionado.

A sessão terminou com o emocionado depoimento de Teresa Tito de Morais Mendes, direccionado às dificuldades e alegrias de uma família que passou grande parte da sua vida separada em função da intolerância de um regime marcado pela brutalidade e pela prepotência e que acabou por ver esse regime suplantado pela democracia ambicionada por Tito de Morais.

Com a lição dada e com a exposição das vivências, aprendeu-se mais naquela sala do Palácio Galveias do que em muitos compêndios de história portuguesa do século XX.

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Declaro aberta a semana das Comemorações Nacionais do Centenário do Nascimento de Manuel Tito de Morais.

Senhora Embaixadora da República Democrática e Popular da Argélia, Fatiha Selmane
Senhores Membros da Mesa
Senhora Presidente da Comissão Executiva Dr.ª Carolina Tito de Morais
Minhas Senhoras e meus Senhores

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Do que pode falar o Coordenador da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais no dia em que se começam a realizar todas as acções que foram idealizadas e programadas ao longo de um ano?

Possivelmente de muito, maçando uma audiência que aguarda com o maior interesse o que têm a dizer a representante da Editora Guerra e Paz, Teresa Loureiro, a representante da família, Teresa Tito de Morais Mendes e especialmente os nossos brilhantes oradores convidados, Pedro Coelho e Fernando Rosas.

Mas prefiro não o fazer e deixar só o meu agradecimento a todos os ilustres membros da Comissão de Honra, com especial ênfase para o Senhor Presidente da República que anuiu em presidi-la, aos Senhores Presidente da Assembleia da República e Primeiro-Ministro, aos Senhores Representantes do Poder Judicial, ao Senhor Presidente da Região Autónoma dos Açores, aos Senhores Presidentes de Câmaras Municipais, ao Presidente do Partido Socialista Nacional e aos Presidentes dos PS Regionais que, ao integrá-la, transformaram esta iniciativa cívica de um grupo de familiares e amigos de Tito de Morais, num acto de reconhecimento nacional de uma das mais íntegras personalidades portuguesas do Século XX.

Prefiro agradecer a Abdelaziz Bouteflika, a Felipe Gonzalez e a Pierre Schori por terem internacionalizado este reconhecimento.

Prefiro agradecer ao Dr. Jaime Gama a homenagem que amanhã vai fazer na Casa da Democracia a um dos seus pares que o antecedeu, e que por ela tanto fez.

Prefiro agradecer à vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, Dr.ª Catarina Vaz Pinto, a cedência do Palácio Galveias para se realizar esta sessão inaugural e ao Dr. António Costa a homenagem que o povo de Lisboa vai fazer depois de amanhã com a perpetuação em bronze da memória de um dos seus mais ilustres munícipes.

Prefiro agradecer ao Dr. Mário Soares e ao Dr. António Reis as sessões evocativas e históricas que vão promover nos dias seguintes, na Fundação Mário Soares e no Grande Oriente Lusitano.

Prefiro agradecer ao Partido Socialista nas pessoas do seu presidente, Dr. Almeida Santos, e na do seu Secretário-Geral, Eng. José Sócrates, a recepção para encerramento desta semana de comemorações e todo o apoio logístico e técnico que foi prestado à Comissão Executiva.

Prefiro agradecer ao escultor Francisco Simões a sua arte, a Teresa Loureiro e à sua equipa a edição da fotobiografia, a Mário Soares o prefácio que a enriqueceu, a Pedro Clérigo, a Anabela Almeida e à equipa da Panavídeo a produção do magnífico documentário “Antes Quebrar que Torcer”, a Jorge Wemans e à equipa da RTP2 que patrocinaram esse registo histórico, a Teresa Fonseca, Rui Pereira Costa e à equipa da Assembleia da República que produziu a brochura biográfica e preparou a sessão e a exposição, a Pedro Coelho e à equipa dos CTT que produziram o inteiro-postal, a Jorge Seguro Sanches e à equipa do Acção Socialista que divulgaram os nossos trabalhos, a José Augusto de Carvalho, a Francisco Sandoval e à equipa que com eles e com o José Neves e a Maria José Gama concretizaram o Número Especial Comemorativo do Portugal Socialista de que Tito de Morais foi fundador, a todos os autores que se disponibilizaram a prestar os seus depoimentos, a André Figueiredo e às equipas de apoio e gráficas do Partido Socialista, em especial ao Guilherme de Azevedo, ao Miguel Andrade e à Paula Perna que connosco colaboraram.

Prefiro agradecer os patrocínios da Martins Lemos, e da Triunfadora na construção do catálogo-programa e, ao Partido Socialista por ter adquirido o número de exemplares suficiente da fotobiografia que permitiram a sua edição.

Prefiro agradecer a todos os militantes do Partido Socialista as inúmeras manifestações de regozijo e respeito que têm promovido em memória de um dos três primeiros fundadores do Partido Socialista, através das sessões especiais e da aprovação dos votos de homenagem que, do norte ao sul do País, e no estrangeiro, têm obtido unanimidade e, a maior parte das vezes, aclamação.

Prefiro agradecer à nossa querida presidente Carolina o arranque da iniciativa e através dela a todos os membros da Comissão Executiva, o trabalho, a determinação e o esforço voluntário que proporcionaram levar a bom porto estas comemorações.

Finalmente prefiro agradecer ao Almirante Tito Augusto de Morais e a Carolina Loureiro de Macedo de Morais o acto de amor que foi ter dado a esta Nação um filho da têmpera de Manuel Alfredo Tito de Morais que hoje evocamos no seu centésimo aniversário.

O Tito sabe que o seu exemplo é a nossa lição de futuro e nós sabemos que nos compete passar os princípios por ele legados às gerações vindouras.

A todos, muito obrigado.
Luís Novaes Tito
2010.06.28

© CCTM (110)

24
Jun10

Sala cheia

Luis Novaes Tito

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O lançamento da fotobiografia de Manuel Tito de Morais realizado hoje, dia 24 de Junho de 2010, na Bertrand Chiado, foi o primeiro momento público que antecedeu as Comemorações do Centenário de Tito de Morais a iniciar na próxima segunda-feira, dia 28 de Junho.

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Com mais de uma centena de presenças, Teresa Loureiro, Nuno Tito de Morais Ramos de Almeida e Guilherme d’Oliveira Martins, desenvolveram abordagens da obra e da personalidade biografada nas perspectivas editorial da fotobiografia, histórico-familiar e de análise do percurso percorrido por Tito de Morais desde a resistência à ditadura até ao desempenho, por sufrágio democrático, da posição de segunda figura do Estado.

 

Luísa Tito de Morais, coordenadora do Grupo de Trabalho da Comissão Executiva para a Fotobiografia, foi merecedora de uma salva de palmas de toda a assistência em reconhecimento pelo registo que, com toda a sua equipa – Maria José Gama, Álvaro Sales Lopes, Jaime Mendes e Luís Novaes Tito – deixou para as gerações vindouras.

...

O segundo e último momento público anterior às comemorações será a passagem na RTP2, no próximo sábado, dia 26 de Junho, às 21:00 horas, de um documentário sobre a vida de Manuel Tito de Morais. Uma produção da Panavídeo.

Referências
Agradecimento especial ao sempre atento Leonel Vicente – Memória Virtual
Também publicado no a Barbearia do Senhor Luís

Referido por Marcelo Rebelo de Sousa na sua rubrica semanal da TVI

© CCTM (106)

24
Jun10

Lançamento da Fotobiografia

CCTM

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Com apresentação de Guilherme d'Oliveira Martins e de Nuno Tito de Morais Ramos de Almeida, vai ser lançada na Livraria Bertrand do Chiado, hoje, dia 24 de Junho de 2010, pelas 18:30 horas, a fotobiografia de Manuel Tito de Morais, um trabalho da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais.

Editada pela Guerra e Paz, a fotobiografia com prefácio da autoria de Mário Soares, resultou da pesquisa e texto de Luísa Tito de Morais, Maria José Gama, Álvaro Sales Lopes, Jaime Mendes e Luís Novaes Tito.

Fontes:
Espólio de Manuel Alfredo Tito de Morais; Entrevista a Manuel Tito de Morais, por Maria José Gama, Acção Socialista, 1991; A Vontade Política Inquebrantável de Tito de Morais, artigo de José Neves, 2010; SALAZAR, Biografia da Ditadura, por Pedro Ramos de Almeida, editorial Avante, 1999; Cem Anos de Esperança, por Isabel Soares, Edições Portugal Socialista, Setembro de 1979; Comissão Nacional das Eleições (CNE); Diário da Assembleia da República; Vencer a Crise Preparar o Futuro – Um ano de Governo Constitucional, Secretaria de Estado da Comunicação Social; Publicação “Algumas Reflexões sobre os Problemas da Assembleia da República”, Manuel Tito de Morais, Gabinete PAR, 28 de Setembro de 1984.

Manuel Tito de Morais
FOTOBIOGRAFIA
Livro cartonado no formato 20x26 cm, com capa directa a 4/0 cores plastificada a mate. Miolo em Papel Couchê Volume 150gr a 4/4 cores. Guerra e Paz Editores.
Capa: Ilídio Vasco.
Paginação: Gráfica 99

© CCTM (105)

12
Abr10

Prisões

CCTM

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Registo manuscrito da prisão em Luanda
Abril de 1961

Em 1961, com o início da guerra colonial em Angola, o clima adensou-se.

Exemplo disso foi um episódio passado com sua mulher. Um dia, o chefe da secção de pessoal da empresa onde Maria Emília trabalhava entrou, abruptamente, no seu gabinete, colocou a pistola que transportava no bolso em cima da secretária e gritou:

– «Tenho de comprar mais balas, porque agora não é só preciso matar os pretos, tenho também de matar os comunistas».

Tito de Morais apercebeu-se que se avizinhavam tempos de represálias e temeu pela sua família, forçando-os a regressar a Portugal. Precisamente quando Maria Emília e os dois filhos chegavam a Lisboa a PIDE prendeu-o. Na cadeia de Luanda passou um dos períodos mais duros da sua vida. Foi sujeito a maus-tratos e tortura e enviado para Lisboa, sob prisão.

A sua transferência para Portugal e posterior libertação, no aeroporto de Lisboa, deveu-se ao movimento de um grupo de amigos que responsabilizou as autoridades pela sua vida, que perigava em consequência do tratamento desumano e cruel a que estava sujeito.

Recomeçar profissionalmente, agora com 50 anos, foi tarefa difícil, acrescida pela perseguição constante da PIDE que inviabilizava todas as promessas de emprego, como por exemplo na Siemens, onde lhe garantiram uma colocação, negando-lha no dia imediato.

 

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Já em 1952
os cestos de papéis eram fonte de informação

Fonte: Espólio de Tito de Morais
(Documentos e texto da fotobiografia a lançar em Junho de 2010)

© CCTM (81)

25
Mar10

Tito de Morais - Um Homem de Princípios e de Solidariedade

Maria José Gama

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Imediatamente após o 25 de Abril, Tito de Morais exilado político por largos anos, regressou ao seu querido país com incontida emoção e enorme alegria. Esta, naturalmente, não isenta de orgulho pela vitória dos valores da Liberdade.

Ao entrar em Portugal com Mário Soares e Ramos da Costa e ao ser recebido tão gloriosamente pelos portugueses, viveu com intensa exaltação esse inesquecível momento. Automaticamente, o seu pensamento foi para os correligionários, seus companheiros de luta, que já não assistiram a esta mudança tão sonhada por todos.

Nesse regresso vieram-lhe à mente imagens do seu exílio. Quer da sua passagem por França, primeiro país onde se acolheu, quer do Brasil e da Argélia onde a par da sua actividade como Engenheiro foi um dos responsáveis pelo lançamento na Rádio da "Voz da Liberdade" que todo o Mundo ouvia com enorme interesse pela excelência dos textos noticiosos e também pelas vozes inconfundíveis de Tito de Morais e de Manuel Alegre. Sendo igualmente de assinalar, o facto de haver nessa Rádio uma locutora, então Jovem Jornalista, que também fora obrigada a exilar-se, Luísa Tito de Morais.

Curiosamente, também recordou a Conferência Internacional da Juventude para a Segurança Europeia, realizada em Florença de 2 a 5 de Dezembro de 1971 e a parte da sua intervenção em que como representante da ASP afirmou:

* "Para a Acção Socialista Portuguesa superar os blocos políticos e militares significa vencer uma batalha na luta contra a alienação do homem, contra o Imperialismo, contra a sociedade capitalista. Significa ainda ter confiança na solidariedade entre os homens, em particular na solidariedade que deve unir as massas trabalhadoras de todos os países do mundo e que deve unir todos os jovens que são a garantia do futuro"

Enquanto o comboio avançava para Lisboa, afluiu-lhe ao pensamento que tinha de voltar a Itália a fim de fazer a mudança da sua residência de Roma para Lisboa e de se despedir dos amigos bem como dos seus Camaradas italianos que costumavam ajudá-lo na feitura do Portugal Socialista que clandestinamente editava e enviava para os emigrantes portugueses e ainda para os resistentes anti-fascistas que residiam em Portugal.

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Assim aconteceu, depois da grande festa comemorativa do 1º de Maio, que todos vivemos com grande entusiasmo e euforia, foi com Maria Emília, sua mulher, a Roma para orientar o seu regresso definitivo a Portugal.

Antes de partir disse a Mário Soares que ele, Tito, se responsabilizaria pela organização do Partido Socialista, bem assim da preparação e coordenação do processo para a sua legalização. Nesse sentido, sob a orientação de seu irmão Augusto e seu filho João, deixou a funcionar um atendimento, provisoriamente instalado num andar na Duque d’Ávila, pertença de uma Cooperativa de Estudos, cujo responsável era Lopes Cardoso.

Foi nesse andar da Duque d’Ávila que mais tarde começaram a funcionar as primeiras secções do PS – sectoriais e de residência foi - também aí que conheci pessoalmente Tito de Morais e que tive o privilégio de com ele colaborar. Pois, precisamente no dia 1 de Maio de 74, comunicara a Teresa Loureiro, que conhecia desde o Liceu D. Filipa de Lencastre, da minha disponibilidade para colaborar e apoiar o PS.  E, logo na manhã do dia 3 a Teresa telefonou-me a pedir para ir para lá, porque além dela só lá estava a Maria Antónia Catanho de Menezes e uma outra Senhora.

Claro que correspondi de imediato à chamada. A minha militância activa começou desde esse dia. Fi-lo como uma homenagem póstuma a meu Pai, José Carvalho dos Santos, que fora um jovem político interveniente na Iª República e que, entre outras acções, exerceu as funções de Chefe de Gabinete do Presidente do Conselho de Ministros Francisco Cunha Leal, Deputado da Nação pelo círculo eleitoral de Viseu e Governador Civil de Viseu. Em princípios de 1933, resolveu exilar-se voluntariamente para Angola onde exerceu com reconhecido saber a advocacia. Esta resolução deveu-se à sua defesa intransigente e publica pela autonomização das colónias, opondo-se às resoluções do Acto Colonial de 1930 bem como pela sua discordância com a política da governação autoritária de Oliveira Salazar, quer como Ministro das Finanças, quer posteriormente, como Presidente do Conselho de Ministros.

Anteriormente ao exílio Tito de Morais, devido às perseguições da PIDE, que impunha às Empresas que lhe davam emprego que o despedissem, fora viver para Luanda. Nesse período, antes de ser preso, conseguiu exercer a sua profissão e, discretamente, também actuar politicamente. Nessa sua acção contactou alguns oposicionistas ao regime de Salazar, entre os quais meu Pai, que vivia em Benguela. Devido a esse esforço conjunto, quer em Luanda, Benguela e em muitos outros distritos de Angola, contrariamente ao acontecido na então Metrópole, Humberto Delgado ganhou as eleições.

Pela admiração que a figura de Tito de Morais sempre me inspirou, foi-me particularmente gratificante tê-lo conhecido, ter tido o privilégio da sua amizade, de o ter entrevistado em Abril de 1991 e consequentemente ter elaborado a sua Biografia.

Ao evocar Tito de Morais, não posso deixar de referenciar o seu filho, João, que sentia fortemente a responsabilidade dos valores que herdara dos seus maiores.

Entre outros episódios políticos que vivemos no período pós 25 de Abril, em que ainda se lutava pela estabilidade da democracia, retenho na memória o seguinte facto. Estávamos na Duque d’Ávila. O João recebera um telefonema de um capitão de Abril, que na qualidade de membro do MFA, a funcionar na Cova da Moura, fora incumbido da cedência de edifícios aos partidos para a instalação das suas sedes. Este Oficial perguntara-lhe se o PS aceitaria o palácio sito em S. Pedro de Alcântara, onde funcionara a censura e pedia-lhe para visitar o citado prédio. O João muito satisfeito convidou-me a ir também. Tinha de decidir e gostaria da minha opinião. Fez idêntico convite a mais duas pessoas, uma das quais foi à Maria do Carmo Maia Cadete.

Ambos fazem parte do álbum das minhas boas recordações. Inevitavelmente recordo sempre Manuel Tito de Morais e seu filho João Tito de Morais com enorme carinho, admiração e muita saudade.

 * Fonte – Conferência Internacional da Juventude para a Segurança Social – Florença, Dez. de 1971 – Pensamento retirado da sua Intervenção que se encontra no Espólio.

© CCTM (77)

12
Mar10

Infância

CCTM

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Manuel Alfredo Tito de Morais nasceu em Lisboa a 28 de Junho de 1910 e faleceu a 14 de Dezembro de 1999. Seus pais, Tito Augusto de Morais e Carolina Loureiro de Macedo de Morais, viviam então na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, na actual Rua Viriato. Manuel, o mais velho de três filhos, bebeu cedo os valores da democracia e da liberdade. Tinha pouco mais de três meses quando foi implantada a República em Portugal com a participação activa de seu Pai, oficial da Marinha, que em 5 de Outubro de 1910 comandou o cruzador São Rafael que bombardeou o Palácio das Necessidades, empurrando a família real para Mafra e daí para o exílio.

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Tito Augusto de Morais, destacado militante do Partido Republicano, saiu do Quartel de Marinheiros, em Alcântara, a 4 de Outubro de 1910, comandando um pelotão que teve um primeiro embate com as forças monárquicas naquele local. Regressadas as tropas ao quartel, Tito Augusto de Morais, na altura 2º Tenente da Marinha, foi nomeado para ir tomar o comando do cruzador São Rafael. Fez desembarcar o comandante, que tinha sido ferido, e, como nenhum dos oficiais que estavam a bordo quisesse aderir ao movimento, deu-lhes ordem de prisão e mandou-os para o Quartel de Marinheiros. Dirigiu nos dias 4 e 5 de Outubro todas as operações que o navio teve de efectuar no Tejo até à proclamação da República. Pela sua actuação foi promovido por distinção e o Parlamento da República atribuiu-lhe o título de Benemérito da Pátria.

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Desempenhou diversos cargos após a implantação da República, nomeadamente foi deputado às Constituintes de 1911, senador até 1913, Capitão dos Portos da Índia, de 1913 a 1916, ministro da Marinha em 1919, chefe da secretaria dos Serviços da Marinha, de 1924 a 1925, Governador-Geral da Índia em 1926, e Chefe de Serviços da Marinha, de 1926 a 1928 e manteve actividade política anti-fascista até ao fim da sua vida.

Quando Ministro da Marinha financiou, com duzentos contos, os preparativos para a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos oficiais da Marinha Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

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Carolina Loureiro de Macedo de Morais, a Mãe de Manuel Alfredo, era uma senhora de grande inteligência, cultura e sentido de humor, considerada por muitos o “motor” da família.

Manuel Tito de Morais teve uma infância aberta e feliz, viajou para a Índia com os pais e estudou em colégios privados e públicos, como o Colégio Académico, o Liceu Camões e o Colégio Militar.

Texto: Extracto da fotobiografia em construção (CCTM - GT Fotobiografia - 2010)

Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa e Espólio de Tito de Morais

© CCTM (74)

24
Fev10

Determinação

Luis Novaes Tito

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Com Tito de Morais, em Roma, e Ramos da Costa, em Paris, a ASP fazia-se representar nos Congressos de prestigiados partidos europeus e em conferências internacionais.

As arbitrariedades da ditadura e do colonialismo eram expostas e as manifestações de solidariedade para com os socialistas e os democratas em Portugal decorriam espontaneamente. 

Deputados socialistas em Itália levantam questões relacionadas com a falta dos direitos humanos em Portugal e manifestam no Parlamento solidariedade para com Mário Soares, quando esteve deportado em S. Tomé. 

A ASP cria laços de fraternidade com PS de Itália, o SPD na Alemanha, os Trabalhistas na Grã-Bretanha, os Sociais-democratas na Suécia e os Socialistas em França. 

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A esse propósito, Mário Soares, no livro de Maria João Avilez, afirma: 

Nunca é demais enaltecer o trabalho realizado por Francisco Ramos da Costa e por Manuel Tito de Morais: um autêntico trabalho pioneiro, de verdadeiros cabouqueiros do socialismo democrático português.” - Soares acrescenta:

abriram-me as portas dos contactos internacionais, antes de eu chegar ao exílio, foram eles que me levaram ao Congresso de Eastbourne, em 1969, e depois de me fixar em Paris, a partir do Verão de 1970”.

(extraído da fotobiografia que está em construção)

© CCTM (68)

14
Fev10

Acção político-partidária pós 25.4

Luis Novaes Tito

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No primeiro Congresso do Partido Socialista realizado em Dezembro de 1974, Mário Soares foi eleito Secretário-geral e Tito de Morais Secretário Nacional com a pasta das Relações Internacionais.

Em todos os Congressos seguintes foi eleito para a Comissão Nacional e Comissão Política e fez parte do Secretariado Nacional do Partido Socialista até 1984.

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Em 1986, no VI Congresso Nacional do PS, Manuel Tito de Morais foi eleito Presidente do Partido Socialista tendo posteriormente sido eleito e aclamado em 1988, no VII Congresso Nacional, como seu Presidente Honorário.

Tito de Morais foi membro da Comissão Política das primeira e segunda candidaturas de Mário Soares à Presidência da República.

(extraído da fotobiografia que está em construção)

© CCTM (65)

19
Dez09

Nota biográfica

Maria José Gama

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Em Abril de 1991, Maria José Gama entrevistou Manuel Tito de Morais para fazer o registo da sua nota biográfica, a mais completa até hoje conhecida.

Este trabalho já foi publicado no Acção Socialista (link indisponível) por duas vezes, em 9 de Maio de 1991 e em 6 de Janeiro de 2000, e no número especial do Portugal Socialista (link indisponível) que foi editado em Outubro de 1996, por ocasião da Homenagem Nacional que lhe foi prestada.

Trata-se de um documento único que nos revela muito do percurso de um dos principais obreiros da criação do Partido Socialista.

É uma peça fundamental para o conhecimento de uma personagem essencial do processo democrático português no Século XX.

© CCTM (43)

18
Dez09

É a hora!

Jose Neves

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(...) "E se estou a recordá-los é tão só para situar o clima favorável ao Governo de Salazar que existia na Europa anterior ao exílio dos Líderes da ASP.

O primeiro a ser empurrado para o exílio foi Ramos da Costa, na sequência do seu envolvimento no golpe de Beja. Instalou-se em Paris, no ano de 1961, onde começou a desenvolver uma intensa actividade de publicista em jornais e revistas, participando em reuniões internacionais, denunciando a situação que se vivia em Portugal.

Em 1966 foi a vez de Tito de Morais mudar-se para Roma, vindo da Argélia, depois de ter passado pelo Brasil onde foi parar após ter sido expulso de Angola. E por todos estes países Tito de Morais fundou movimentos de luta contra o regime fascista. Esta mudança de Tito Morais para Roma foi uma decisão política para representar a ASP em Itália com o apoio do Partido Socialista Italiano. E foi aqui que Tito de Morais começou também a desenvolver contactos internacionais que se revelaram de enorme importância.

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Com Ramos da Costa, em Paris, e Tito de Morais, em Roma, a ASP fazia-se representar nos Congressos de prestigiados partidos europeus e em conferências internacionais. As arbitrariedades da ditadura e do colonialismo eram expostas e as manifestações de solidariedade para com os socialistas e os democratas em Portugal decorriam espontaneamente. Deputados socialistas em Itália levantam questões relacionadas com a falta dos direitos humanos em Portugal e manifestam no Parlamento solidariedade para com Mário Soares quando estava deportado em S. Tomé. A ASP estabelece relações com todos os Partidos filiados na Internacional Socialista (I.S.), criando laços de fraternidade com, além do P.S. de Itália, o S.P.D. na Alemanha, os Trabalhistas na Grã-Bretanha, os Sociais-democratas na Suécia, os Socialistas em França. Enfim, Tito de Morais e Ramos da Costa desdobram-se nestas relações internacionais e promovendo contactos directos com os socialistas em Portugal. Por ocasião da farsa eleitoral de 1969 uma delegação de I.S. esteve em Portugal, constituída por personalidades políticas de destaque. Todos os membros da delegação acabaram por serem expulsos pela polícia política, a PIDE, que convém que ninguém se esqueça que existiu. Assim o regime fascista foi mais uma vez denunciado e estava irremediavelmente desmascarado. Agora já se sabia na Europa que em Portugal existiam democratas, socialistas e comunistas cujos elementares direitos eram espezinhados por um regime fascista.

Assim, quando Mário Soares, por sua vez, teve de optar pelo exílio, já havia um longo trabalho empreendido na área internacional por Ramos da Costa e Tito de Morais."(...)

Museu República e Resistência, em 25 de Outubro de 1996 (link indisponível)
(ler toda a intervenção) (link indisponível)

© CCTM (40)

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Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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