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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

21
Jan10

Recordando Manuel Alfredo Tito de Morais

Alvaro Sales Lopes

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Em finais de 1975, recebi um convite para trabalhar no Gabinete do Secretário de Estado do Emprego como assessor para a área do emprego e formação profissional, minha especialidade técnica no IEFP.

Em 1 de Dezembro, após breve encontro com o chefe do gabinete, fui apresentado pessoalmente ao Eng. Tito de Morais, pessoa que, não obstante não conhecer pessoalmente, há muito admirava.

Foi logo manifestada uma grande empatia entre ambos. Aquela figura franzina de uma correcção extrema, deixou-me imediatamente estupefacto pelo facto de, não obstante o curto tempo de acção governativa que levava, já dominar com grande profundidade as necessidades imediatas do emprego e formação profissional, a dimensão da capacidade de resposta dos serviços, o nome de todos os dirigentes cuja competência era reconhecida independentemente da ideologia seguida.

Muitos foram aqueles que independentemente da cor partidária lhe ficaram eternamente reconhecidos, dedicando-lhe o respeito e a consideração que este Homem de Princípios merecia.

Entre inúmeras acções realizadas, vem-me à memória um episódio que jamais esquecerei. Os chamados “Homens da Rua” do sector portuário eram trabalhadores sem qualquer protecção social que há muito vinham solicitando uma solução para a sua difícil situação. Havia casos de extrema penúria porquanto não conseguiam trabalho continuado chegando a estar grandes períodos sem laborar e, como tal, não conseguiam angariar os meios de sobrevivência. Várias vezes os seus representantes foram recebidos no Gabinete, mas o assunto não era de fácil resolução. Todos os dias se concentravam à porta do Ministério do Trabalho, na Praça de Londres, edifício onde no 16º andar estávamos instalados. Sem nada prometer, como era seu hábito, no meio de imensos assuntos que exigiam uma actuação imediata, Tito nunca esqueceu o drama dos Homens da Rua.

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Apesar das dificuldades de vária ordem, incluindo dificuldades legais, o subsídio de desemprego acabou por se tornar realidade. Dias antes da decisão ser tornada pública, acompanhava eu o Secretário de Estado, vejo uma enorme algazarra à porta do Ministério. Receei pela reacção daquela gente ao reconhecer o governante de quem dependia a solução da sua precária situação. Qual espanto meu quando se ouve uma voz entre a multidão dizer:

Camaradas, vem aí o “Nosso Homem", o Engenheiro Tito de Morais!

De imediato abriram alas entre imensas palmas e Tito de Morais pondo os olhos no chão envergonhadamente entrou no Ministério. Voltando-se para mim disse: Mas que fiz eu para merecer isto!

Personagem de grande rigor político. Homem de uma só palavra, foi e soube ser incómodo em muitos momentos da vida deste País. Hoje faz-nos falta tal incomodidade porque era justa.

Vamos comemorar o centenário de Tito de Morais por ele, por nós, por Portugal que precisa cada vez mais de ter presente o nome e a obra dos poucos que têm sabido dignificar a palavra Povo.

© CCTM (57)

14
Jan10

Un homme droit, honnête et de principes

CCTM

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Tito c’est ainsi que je l’ai toujours appelé était dans mon cœur mon père “portugais” en effet arrivée au Portugal après le 25 Avril j’ai été intégrée immédiatement dans sa famille avec Jorge, par Jorge je devrais dire.

En effet existait entre eux une amitié profonde fondée dans une communion idéologique dont les bases étaient avant tout la droiture et l’honnêteté.

Dans les moments difficiles de l’instauration de la démocratie c’est dans sa maison autour d’un diner que les grandes discussions sur les lignes stratégiques du PS et l’avenir de la démocratie avaient lieu, toujours chaleureuses malgré les désaccords.

Et combien de diners…et combien de weekends dans leur petite maison louée à Malveira da Serra dans laquelle toute la famille passait, y compris mes deux garçons qui là pouvaient s´épanouir.

De l’homme me manque cette patience qu’il avait à écouter ma différence bien qu’ayant des idées très arrêtées.

Du politique, j’ai gardé l’orgueil d’avoir pu bénéficier de l’intimité d’un homme droit, honnête, de principes qui a joué un rôle fondamental dans la création de l’ASP, du PS et l’avenir du Portugal.

Tito comme tu me manques et combien tu manques à cette démocratie si peu sure d’elle même, replète d’hommes qui ne t’arriveront jamais à la cheville!

Saudades

Maryvonne Campinos

(recebido por email em 2010.01.13)

© CCTM (55)

13
Jan10

Comunistas e socialistas. Anos 60 e também 70

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" - Então qual é o teu blog? – Interroguei o Jaime Mendes – Que ainda não tinha, faltava escolher o nome. Recentemente anunciou-me, naquela feira de "amizades” e bolsa de encontros que é o Facebook, que já velejava em velocidade de cruzeiro.

Um dos seus primeiros posts foi dedicado ao sogro, Tito de Morais, um dirigente histórico fundador do PS, político muito respeitado e carismático representante da ala esquerda do Partido Socialista. A leitura fez-me recuar ao ano de 1973, ia eu no meu oitavo ano a viver na clandestinidade e na sexta casa clandestina, então em Odivelas. A Leonor já ia com três anos de idade (e de clandestinidade, mas sem dar por isso) a Maria esperava o José para Março do ano seguinte.

O post do Jaime conduziu-me ao histórico e clandestino primeiro e único (antes do "25 de Abril") encontro de delegações do Conselho Directivo do Partido Socialista, recém-constituído e do Comité Central do PCP, em Paris. O "Comunicado Comum" saído da reunião e publicado no Avante clandestino de Outubro de 1973 (na imagem) refere como data o mês de Setembro mas não oferece, por causa da PIDE, mais nenhuns dados, nem o dia, nem o país ou a cidade onde teve lugar ou a composição das delegações.

Sei que a reunião foi em Paris porque participei nela e lembro-me bem de que ocorreu na manhã de 12 de Setembro de 1973, como explicarei."

Raimundo Narciso

Continue a ler em Caminhos da Memória.

Imagem de: Raimundo Narciso

© CCTM (54)

17
Dez09

Exílio italiano

CCTM

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Por ocasião do 10° aniversário do falecimento de Tito de Morais, antigo militante e cofundador do PS como também Presidente da Assembleia da República, tenho o prazer de remeter a esta Comissão as anexas fotos que remontam à Primavera do ano de 1970.

As fotos em questão foram tiradas no extremo norte da província de Viterbo, quando do exílio italiano do destacado anti-salazarista português, com quem privei, já em sua residência romana de Via Catania, momentos de agradável convívio, acompanhados de interessantes trocas de impressões sobre a situação portuguesa daquela época.

Gabriel Brustoloni
Roma, Itália

(recebido por email em 2009.12.14)

© CCTM (39)

12
Dez09

Estórias [ III ] - Momentos de recordação, contra o esquecimento

CCTM

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Foi em 1980 que conheci Tito de Morais. Fizemos a campanha da Frente Republicana e Socialista.

Recordo que fazia parte de um grupo com o Mário Beja Santos também do PS e o António Fontes da ASDI, que só apareceu para um almocito, sendo que eu representava a UEDS.

Pertencia ao grupo minoritário dessa curiosa organização, era membro da comissão política e embora por razões formais tivesse recusado ser candidato tinha participado na comissão do programa da FRS e empenhei-me activamente na campanha.

Com Tito de Morais fiz porta a porta, estive nalgumas fábricas e participei em sessões de esclarecimento. Almocei e jantei algumas vezes com o grupo, a que se juntava de vez em quando algum militante socialista e sempre o motorista. Ficaram-me momentos que recordo.

Na porta de uma fábrica assumira o meu lado esquerdo e distribuía os documentos com o Tito de Morais muito sisudo, pois não, com a ladainha “Contra os contratos a prazo, vota FRS”. Ao almoço sem hostilidade explicou-me o disparate, e eu que o sabia responsável por alguma dessa legislação e que usara o estribilho por vontade de autonomia, fiquei sem argumentos. Não voltei a confrontá-lo.

Numa sessão na Amadora fiz o que julgo uma das minhas 1ªs intervenções fora do circuito estudantil e entrei a matar contra as lógicas urbanas à pato bravo, que dominavam a Amadora, e por uma política ambiental contra a nuclear e por alternativas, etc., etc. No fim recebi, apesar do meu entramelamento, um caloroso abraço. Soube que o António Lopes Cardoso ficou satisfeito.

Num almoço com o Beja Santos a espicaçá-lo, o que não era muito necessário porque Tito de Morais era um contador de estórias da vida, eu, que tinha chegado à UEDS vindo do sector libertário/concelhista percebi o enquadramento e a lógica das políticas do PS e uma leitura magistral das cisões porque tinha passado. A lógica frente popular do Manuel Serra e as suas raízes numa cultura de menor apreço pela democracia política, a cisão entrista/trotskista da Carmelinda sem comentários, esses dois cortes com o registo e a história e ideologia do socialismo democrático e da social-democracia e a ruptura do Lopes Cardoso (personagem também ímpar da nossa democracia a quem preito aqui a minha homenagem) com causas diferentes e que ele premonizava se voltaria a integrar no PS.

Essa e outras conversas marcaram-me e fizeram-me perceber melhor um espírito de serviço público e aproximaram-me do António Lopes Cardoso (quando da crise do/com o Eanes) e viriam a afastar-me dele quando, como Tito de Morais tinha previsto, voltou para o PS (num congresso onde, fique para a história, a minha moção de transformar a UEDS num Partido Radical teve 1/3 dos votos!)

Passamos por muita gente que recordamos e por muita que esquecemos. Do Tito de Morais recordo a integridade e as sólidas bases políticas, e estórias pessoais, assim como a solidariedade empenhada. Com ele recordo esses momentos de luta e de afectos, num período difícil (e qual não é, há que dizê-lo!) e a partilha do pão e do vinho.

António Eloy

(recebido por email em 2009.12.11)

© CCTM (30)

10
Dez09

Estórias [ II ] - Fantástico

Luis Novaes Tito

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Naqueles idos de 1983, a conferência diária para marcação de agenda fazia-se a partir das oito da noite. Tito de Morais, Presidente da Assembleia da República, pedia à Marinela que lhe levasse dois cafés, um para ele e outro para mim que avançava com a pasta de despacho recheada com dezenas de pedidos de audiências, solicitações de presença em acções e eventos diplomáticos ou sociais.

Na rotina, depois de preencher as horas da agenda com as actividades parlamentares de maior relevo, plenários, conferências de líderes, conselhos administrativos, etc. passava-se ao corpo diplomático e às restantes solicitações.

Era uma parte do dia de trabalho que me dava especial gozo pelos comentários e apreciações quase sempre bem-humorados nas situações de maior originalidade e na distribuição dos encargos de representação pelos vice-presidentes, Fernando Amaral, José Luís Nunes, Basílio Horta e José Vitoriano.

Naquele dia, o convite mais estranho que levava na pasta era para uma deslocação ao Carlos Alberto, no Porto, para um festival do filme fantástico, organizado por Mário Dorminsky. Seria o segundo ou terceiro ano da realização de tal festival, ainda com reduzida implementação e divulgação. Quando me preparava para passar o convite para o monte dos “agradeço, mas motivos de agenda…”, Manuel Tito de Morais sorriu com os olhos verdes que sorriam sempre em alturas de desafio e disse-me de cigarro na ponta dos dedos:

- “Escreve a este Mário Dorminsky a dizer-lhe que irei lá e que tu vais comigo. Depois telefona-lhe para combinar o protocolo. Temos de apoiar estas iniciativas, principalmente se forem embriões de cultura fora da capital.

Vais ver que isto ainda vai ser um importante certame do cinema em Portugal.

Esta acção fez com que a comunicação social tivesse, pela primeira vez, dado cobertura especial ao cinema fantástico do Porto.

Para o ano que vem o Fantasporto, ainda dirigido por Mário Dorminsky, irá fazer o seu 30º aniversário.

É um dos mais relevantes certames internacionais do cinema fantástico.

© CCTM (28)

30
Nov09

Estórias [ I ]

Luis Novaes Tito

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Caro Luís Tito

Conheço várias histórias com o Manuel Tito de Morais, que acompanhei desde o 25 de Abril de 1974.

Quando constituímos a JS. E nem sempre estivemos de acordo.

Mas contarei apenas uma estória:

estávamos em plena campanha eleitoral, meados da década de 80 e eu estava no secretariado da FAUL. Organizámos uns "diálogos abertos com o PS" no Largo Camões.

Uma tenda, debates, actividades cultural e uma passagem de modelos. Com Eduarda Abundanza, Inês Simões e outros, estavam a aparecer os primeiros designers de moda portugueses. Ana Salazar já tinha feito o seu percurso.

Mas tratava-se de uma iniciativa do PS e o teu pai foi lá.

Lembro-me da cara dele: o PS a fazer uma coisa daquelas. Ficou admirado.

Achou que a actividade política estava a deixar-se penetrar por outras formas de fazer política. Não sei se ficou chocado. Não o disse. Mas ficou admirado.

Lembras-te Eduardo Graça?

Parabéns pela vossa iniciativa e um abraço,

Margarida Marques

(recebido por email em 2009.11.29)

Nota a Margarida Marques – Não sou o Luís Tito filho do Manuel Tito de Morais, mas sim o Luís Novaes Tito que foi seu adjunto quando ele foi Presidente da Assembleia da República. De qualquer forma agradeço a estória que publico, como publicarei outros depoimentos, estórias, imagens e apontamentos, passadas com Tito de Morais, que forem enviadas para o nosso endereço cctm@sapo.pt (link indisponível)

© CCTM (11)

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Largo do Rato nº 2
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(inactivo)
cctm@sapo.pt (inactivo)
ATM - Associação Tito de Morais
Rua Abel Salazar, 37B
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titomorais@titomorais.pt (ATM)
luismariatito@gmail.com (webmaster)

ATM

Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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