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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

15
Jul10

Legado, inspiração e estímulo - Editorial

CCTM

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Logo que os recebi da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais, li detidamente, do primeiro ao último, os textos que dão corpo e alma à presente edição especial do “Portugal Socialista”.

De seguida, reli os depoimentos – igualmente em homenagem a Tito de Morais – também aqui dados à estampa em Outubro de 1996.

Completei a minha incursão percorrendo um livro já de folhas amarelecidas que reproduz a colecção de todos os números do “Portugal Socialista”, publicados na clandestinidade.

Tratou-se de um triplo itinerário – que vivamente recomendo aos mais jovens – de reencontro com a história, a memória, o património e os tesouros do nosso Partido Socialista. Tesouros de dedicação, tenacidade, sacrifício e entrega. E, simultaneamente, de coerência, fidelidade, fraternidade e humanismo.

São homens e mulheres cuja grandeza faz jus a que figurem na história do Partido Socialista e na História maior de Portugal. Portugueses que tudo na vida sacrificaram para que pudessem legar aos seus filhos uma terra de liberdade, democracia e justiça social.

Sem um esbirro em cada esquina, uma censura em cada voz e o risco de destruição em cada vida. Pela dignidade como estrutura essencial do homem e contra as injustiças gritantes ou sem voz.

Entre os combatentes heroicos por uma Pátria nova, indubitavelmente, avulta Manuel Tito de Morais. Cidadão tenaz, impoluto, nobre de sentimentos, para quem o homem não foi feito para vegetar na mediocridade. Não foi feito para a adaptação e a resignação. Daí que as actuais comemorações do seu centenário constituam uma justa homenagem e um oportuno estímulo.

Pela lição de vida de Tito de Morais, são comemorações que se colocam nos antípodas das que mumificam os vivos, estimulando-nos a reflectir em ordem a melhor responder às inquietações e perplexidades que nos assaltam.

Até porque, como Coimbra Martins lapidarmente deixa escrito adiante, “comemorar é partir de novo”.

O Partido Socialista é obra generosa e patriótica, decisivamente, do gesto precursor de Abril de 1964 de Mário Soares, Ramos da Costa e Tito de Morais e dos que em Abril de 1973 – Abril premonitório! – Se reuniram em Bad Munstereiffel.

O Partido Socialista é um corpo social, uma comunidade de mulheres e homens livres com valores comuns que o vocacionam para se assumir como a figuração da alma portuguesa.

Inspirados em Tito de Morais e noutros obreiros de referência do Partido Socialista, saibamos remar contra a corrente para chegarmos à nascente que ambicionamos e nos identifica.

“São ideias que mudam o mundo e não o mundo que muda as ideias” como, no seu testemunho, aqui nos recorda António Arnaut.

A natureza cria as nozes, mas não as parte. Tito de Morais e outros socialistas seus contemporâneos fizeram o que generosa e patrioticamente lhes cabia.

Façamos nós, neste tempo, o que nos cabe.

Com determinação e optimismo, enquanto força vital e vontade de futuro.

José Augusto Carvalho

Director do Portugal Socialista

© CCTM (170)

15
Jul10

Sempre em defesa dos valores republicanos e socialistas

CCTM

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O Eng.º Tito de Morais foi uma das minhas referências políticas. É-o ainda a sua memória.

Conheci-o em Madrid, juntamente com Mário Soares, onde para os encontrar me desloquei, em pleno salazarismo. Mário Soares estava exilado em Paris, e Tito de Morais exilado em Itália. Eu advogava em Lourenço Marques, capital de Moçambique, e vinha com frequência a Lisboa, por motivos profissionais. Encontrava-me com o meu velho amigo Salgado Zenha, com Raul Rego, o Gustavo Soromenho, e os outros revolucionários do costume, que tinha conhecido por intermédio de Soares e Zenha.

O tema do encontro de Madrid foi, como sempre, o problema do Ultramar e o derrube do ditador.

Tito de Morais causou em mim uma forte impressão. O futuro viria a confirmá-la. Ele viria a editar e difundir o “Portugal Socialista” e, mais tarde, esteve entre os fundadores do Partido Socialista.

Reencontrámo-nos na exaltação dos cravos, quando ele e Mário Soares regressaram, livres, a Portugal. Eu estava em Lisboa quando a liberdade eclodiu, vivi a exaltação de ser livre, pela primeira vez, quarenta e oito anos depois de ter nascido e, pouco depois, regressei definitivamente a Portugal para integrar o primeiro governo provisório.

É inimaginável a alegria com que, na cerimónia da posse, pude encontrar a meu lado os meus velhos companheiros de luta Mário Soares, Salgado Zenha e Raul Rego. Além do meu amigo Prof. Adelino da Palma Carlos, como Primeiro-Ministro.

Como entrei para o Governo na qualidade de independente, o PS pôde contar sempre com um voto a mais nas reuniões dos sucessivos governos provisórios – nada menos de cinco – em que participei antes do primeiro governo constitucional. Neste e nos demais de que fiz parte, já votei como militante do P.S.

E foi nos encontros partidários e pessoais, não só como camarada, mas crescentemente amigo, que melhor conheci e crescentemente admirei o Manuel Tito de Morais. Foi para mim, sobretudo, um exemplo de dignidade pessoal. Como lutador político, e sobretudo como agente, foi sempre um corajoso exemplo de aprumo pessoal, rigor funcional, e exigência ética.

Nas reuniões do partido, esteve sempre do lado do respeito pelos princípios e os valores republicanos, democráticos e socialistas. Debalde se lhe oporiam exigências do pragmatismo e da realidade. Foi sempre, nesse sentido, um fervoroso cultor do pensamento utópico. Nunca cultivou a ambição de cargos ou se bateu por eles. Bem ao contrário, rejeitou alguns. No partido foi tudo o que quis ser. Pertenceu sempre aos mais altos órgãos. Fora dele, abriu apenas duas excepções: aceitou ser Secretário de Estado e Presidente da Assembleia da República.

Diferente terá sido a satisfação que um e outro desses cargos lhe proporcionaram. Tito de Morais não era um executivo. Se tivesse querido sê-lo, não lhe teriam faltado oportunidades. Na administração pública e fora dela. Mas não quis.

E não quis, entre outras razões, porque nunca o seduziram as altas honrarias e remunerações, ou mesmo a riqueza em si. Viveu modestamente até ao fim.

Onde terá bebido essa sua tão sedutora personalidade? Decerto nos princípios de ética política a que sempre foi fiel. Mas também nos genes e nos exemplos que herdou de seu pai, um ilustre oficial da Marinha que foi uma figura destacada da revolução republicana de cinco de Outubro de 1910. Bateu-se a partir de barcos surtos no Tejo, e é sabido que, o que mais cedo fez fugir o jovem rei D. Manuel, que não tinha nascido para actos de coragem, foi a bombarda com que um desses barcos logrou atingir o quarto de dormir do rei no Palácio das Necessidades. Em razão disso tomado de pânico, partiu para Mafra, daí para Ericeira, e daí para o exílio, no iate real que tinha estado na origem de um dos escandalosos adiantamentos não pagos à Casa Real, que tanto deterioraram a imagem do rei D. Carlos. Tito de Morais terá herdado de seu pai a mística de aprumo cívico e ético que foi a dominante de toda a sua vida.

Passa este ano o centenário de Manuel Tito de Morais. O País e a República têm para com ele umas dívidas de exemplar cidadania. E se saldássemos essa dívida?

Como seu camarada e amigo; como venerador da sua memória e do seu exemplo, eu veria isso com inultrapassável satisfação. Sei que a Câmara Municipal cogita num busto. Sei que a Assembleia da República programa também uma homenagem. Esses actos são justos. Mas não serão pouco?

António de Almeida Santos
Presidente do Partido Socialista

© CCTM (169)

15
Jul10

Exemplo de empenho cívico

CCTM

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No centenário do seu nascimento, neste ano também centenário para a República, é tempo de reencontro evocativo com um republicano e socialista de têmpera como era Manuel Tito de Morais. E, por isso, quero deixar o meu testemunho sobre aquele que foi um dos principais obreiros do Partido Socialista. Um homem cujo empenho na causa socialista remonta a esses longínquos tempos em que ele, Mário Soares e Francisco Ramos da Costa fundaram a Acção Socialista Portuguesa, esse precioso embrião de um dos mais importantes pilares da nossa democracia, o Partido Socialista.

Conheci-o como homem de fortes convicções, determinado, lutador e corajoso, que viu a sua vida, nesses tempos difíceis da ditadura, transformar-se num permanente roteiro de exilado em luta pela liberdade do seu País. A ele devemos muito do que representa o nosso PS, porque ele sempre esteve lá, onde se decidiam os difíceis caminhos da liberdade e da democracia. Caminhos que, primeiro, a ASP e, depois, o PS sempre ousaram trilhar com a nobreza de alma dos seus fundadores.

Fundador e Presidente do PS, Presidente da Assembleia da República, deputado, constituinte e militante apaixonado da causa pública, Manuel Tito de Morais deixou-nos um testemunho exemplar de empenho cívico, de coerência moral, de espírito lutador e companheirismo solidário.

É por isso que, no Centenário do seu nascimento, o evoco com grande emoção e gratidão, em nome do PS e de todos aqueles que amam a liberdade e a democracia. E é uma coincidência gratificante que o possamos lembrar precisamente neste ano de evocação da também centenária República, dos seus ideais e dos seus valores de cidadania.

Valores que, afinal, também sempre foram os seus.

José Sócrates
Secretário-geral do Partido Socialista

© CCTM (168)

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Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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