Prisões
Registo manuscrito da prisão em Luanda
Abril de 1961
Em 1961, com o início da guerra colonial em Angola, o clima adensou-se.
Exemplo disso foi um episódio passado com sua mulher. Um dia, o chefe da secção de pessoal da empresa onde Maria Emília trabalhava entrou, abruptamente, no seu gabinete, colocou a pistola que transportava no bolso em cima da secretária e gritou:
– «Tenho de comprar mais balas, porque agora não é só preciso matar os pretos, tenho também de matar os comunistas».
Tito de Morais apercebeu-se que se avizinhavam tempos de represálias e temeu pela sua família, forçando-os a regressar a Portugal. Precisamente quando Maria Emília e os dois filhos chegavam a Lisboa a PIDE prendeu-o. Na cadeia de Luanda passou um dos períodos mais duros da sua vida. Foi sujeito a maus-tratos e tortura e enviado para Lisboa, sob prisão.
A sua transferência para Portugal e posterior libertação, no aeroporto de Lisboa, deveu-se ao movimento de um grupo de amigos que responsabilizou as autoridades pela sua vida, que perigava em consequência do tratamento desumano e cruel a que estava sujeito.
Recomeçar profissionalmente, agora com 50 anos, foi tarefa difícil, acrescida pela perseguição constante da PIDE que inviabilizava todas as promessas de emprego, como por exemplo na Siemens, onde lhe garantiram uma colocação, negando-lha no dia imediato.
Já em 1952
os cestos de papéis eram fonte de informação
Fonte: Espólio de Tito de Morais
(Documentos e texto da fotobiografia a lançar em Junho de 2010)