Combatividade inquebrantável e fidelidade à ética republicana
O nome de Manuel Alfredo Tito de Morais faz parte não apenas do património do Partido Socialista, mas da história da Democracia em Portugal.
Comprometido politicamente com a resistência antifascista já desde o Movimento de Unidade Democrática em 1945, cedo foi forçado a tomar os caminhos do exílio, canalizando toda a sua energia e determinação para a luta patriótica pelo derrube da ditadura do Estado Novo. Fundou em 1964, na Suíça, a Acção Socialista Portuguesa que, mais tarde, em 1973, haveria de dar origem ao Partido Socialista. Além de fundador e principal impulsionador do PS, Manuel Alfredo Tito de Morais seria seu deputado à Assembleia Constituinte, depois Vice-Presidente da Assembleia da República e ainda Presidente do PS, entre 1986 e 1988.
O percurso pessoal de Manuel Alfredo Tito de Morais confunde-se com o caminho de Portugal, ao longo de décadas, na luta pela Liberdade e pela restauração democrática. Felizmente que ele teve a satisfação de ver esse desígnio da sua vida concretizado, a 25 de Abril de 1974. E felizmente que nós todos, portugueses, tivemos o benefício da sua contribuição devotada e experiente, por ainda muitos anos mais, ajudando-nos a superar os tremendos desafios da descolonização, das reformas económicas e políticas e da aprendizagem das liberdades e da tolerância democrática.
Nos anos 80 e 90 cruzei-me com o Eng. Tito de Morais nas mais diversas circunstâncias, de acções de rua aos salões do Palácio da Ajuda – eu jovem diplomata, ele um peso pesado da vida política nacional. Sempre me impressionou o olhar penetrante, a extrema afabilidade. E, sobretudo, o comentário atento e arguto, evidenciando combatividade inquebrável, fidelidade à ética republicana e firmeza de carácter.
Manuel Alfredo Tito de Morais faria este mês cem anos e os Socialistas e o país devem-lhe uma sentida homenagem: por não ter nunca desistido do sonho de um Portugal livre e por ter trabalhado incansavelmente, esclarecidamente, para o tornar realidade para todos nós.
Ana Gomes
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