Guardião dos valores do socialismo democrático
A personalidade e o nome de Tito de Morais aparecerão sempre no topo das primeiras páginas duma História do Partido Socialista e da História da luta contra a ditadura salazarista, do seu derrube e do renascimento da Democracia em Portugal. Ele fez parte, e com grande relevo, da plêiade de gigantes que tudo sacrificaram nessa luta: Vida familiar, carreiras profissionais e a sua própria liberdade.
Preso, perseguido, exilado, Tito de Morais nunca quebrou. Pelo contrário, esta duradoura perseguição reforçaria o seu carácter e a sua persistência na luta pela vitória dos seus ideais, vitória que viria a surgir com o 25 de Abril.
Mas a sua luta não parou aqui, era necessário assegurar que a Revolução não se desviaria duma desejada Democracia Progressista. E Tito de Morais em todas as intervenções públicas ou no interior do Partido jamais deixou de defender com vigor, intransigência e frontalidade, as suas profundas convicções.
A este propósito, recordo encontros – almoços informais de um grupo de camaradas e amigos em que participei, ao lado de Magalhães Godinho, Raul Rego, Cal Brandão, Almeida Santos, Pinto e Melo, Gustavo Soromenho, onde naturalmente as conversas não deixavam de fora a vida política nacional e partidária. Aí ouvimos e não poucas vezes, Tito de Morais comentar com severidade o que considerava erros ou desvios programáticos e doutrinários cometidos por algum dos Órgãos do Partido.
Homem de uma só fé, atento e pronto a defender os princípios por que sempre se bateu. Assim era Tito de Morais, que eu nunca deixei de admirar pela sua coragem, pela sua coerência e pela sua frontalidade.
Ele era um verdadeiro Guardião dos valores do Socialismo Democrático.
São-lhe devidas todas as homenagens e tudo deve ser feito para que a Sua memória e o seu exemplo estejam sempre presentes no espírito das actuais e das futuras gerações.
J. Ferraz de Abreu
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