O avô Manuel
Não vou falar do avô Manuel como político, pois há alguém com certeza muito mais habilitado do que eu para o fazer, apesar da sua vida privada nunca se poder dissociar da política.
Porque o avô sempre foi um teimoso lutador naquilo em que acreditava. Era um homem determinado e empreendedor e que por detrás dos seus lindos olhos verdes-água tinha um prazer enorme em receber em sua casa toda a família e amigos. Havia sempre lugar para mais um. Tanto na sua casa de Lisboa, como na Malveira da Serra e mais tarde na Terrugem.
Depois das refeições ninguém lhe tirava o seu whisky e o cigarro e a seguir por vezes desaparecia da confusão habitual dos Titos, uma família tipicamente italiana com o sangue na guelra e onde também as mulheres desta família (desculpem-me os homens) tinham um papel preponderante e, se refugiasse ora no seu escritório (em Lisboa) ou na sua oficina de engenhocas (na Terrugem) que tanto prazer lhe dava.
Devido à sua personalidade vincada quis comemorar os seus 79 anos (e não os 80) numa grande festa familiar e rodeado de muitos amigos.
Alguns de nós herdámos os seus olhos, a cor do cabelo, a voz, a sua teimosia, mas julgo que todos herdámos os seus princípios e o respeito pelo próximo.
Isabel Tito de Morais
(recebido por email em 2009.12.01)