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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

14
Dez09

Lembranças

Pedro Tito de Morais

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Hoje, que passam 10 anos sobre o falecimento do meu Pai, alguns amigos e família estiveram no cemitério de Cascais a prestar-lhe homenagem, veio-me repetidamente à memória uma história passada em Roma.

Eu estava a fazer os meus trabalhos de casa, estava na primária e tinha algumas dificuldades com os números, enganava-me sempre entre o "sessanta e o settanta" (60 e 70) isto na sala de jantar numa mesa de jogo que estava a uma ponta da sala, do outro lado, na mesa de jantar, estava o Mário Soares a escrever artigos para o “Portugal Socialista”.

O meu Pai andava de uma mesa para a outra, tal qual um professor a ajudar e corrigir um e outro. Foram episódios como este que marcaram a minha vida e foi com os exemplos do meu Pai que me formei como homem.

Recordo com muita saudade esses tempos, em que apesar da política e das dificuldades ele tinha sempre um momento para me ajudar, para estudar comigo, para conversar e me mostrar as realidades da vida.

Hoje, como há 10 anos, não pude deixar de notar, com tristeza, a ausência de Mário Soares, mas a vida é assim, não se pode fazer nada.

© CCTM (36)

13
Dez09

Memória

Luisa Tito de Morais

No dia 14 de Dezembro, 2ª feira, cumprem-se dez anos da morte de Manuel Tito de Morais. 

A família e a CCTM, com a colaboração do Partido Socialista, prestam-lhe uma homenagem às 13:00 horas, no Cemitério da Guia, em Cascais, junto ao jazigo onde se encontra. 

Pedimos a todos que compareçam e avisem outras pessoas.

© CCTM (34)

13
Dez09

A ternura da solidariedade

CCTM

Antes de conhecer o Eng. Tito de Morais, conheci os seus pais, D. Carolina e o Sr. Almirante, na sua casa na Av. Defensores de Chaves nº. 27.

Assisti aos preparativos da sua chegada de Luanda, sob prisão, e recordo ainda hoje a sensação que tive quando o vi, pela primeira vez, com o seu ar terno, mas ao mesmo tempo distante, que me parecia ser como o dos príncipes.

Estivemos várias vezes juntos, nesses tempos tão duros, mas ao mesmo tempo tão solidários…

Lembro-me dos dias de Verão passados na Ericeira com as suas filhas Luísa e Teresa, dos belos pequenos-almoços de ovos mexidos e chocolate quente, que ele próprio preparava.

Lembro-me do dia em que a Luísa fez 18 anos e da sua satisfação em lhe proporcionar uma Festa que, para nós, foi o que se diz agora 'o máximo'.

Mais tarde, voltei a estar com ele, em Paris, em casa do seu amigo Câmara Pires, rodeado de dirigentes do MPLA, fugidos das cadeias da PIDE, em Angola. Depois, ele partiu para o Brasil e eu fui para Londres, com a sua filha Luísa.

Passaram-se muitos anos, muitas lutas, muitas desilusões, mas também muitas esperanças.

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Só o voltei a ver nos tempos gloriosos da Revolução de Abril, na sede do Partido Socialista, onde fui a uma reunião, representar o meu Partido, o PCP, e em que o seu filho João me levou ao gabinete onde trabalhava, para o cumprimentar.

Voltei à Sede do Partido Socialista, em 14 de Dezembro de 1999, para a derradeira homenagem ao pai dos meus queridos Amigos e ao Homem, ao Socialista que, ao longo da sua vida, sempre se insurgiu contra a injustiça, contra o imperialismo, contra a desumanidade da sociedade capitalista.

Marília Morais Villaverde Cabral

(recebido por email em 2009.12.12)

© CCTM (32)

12
Dez09

A falta que Raquel também faz na CCTM

Maria José Gama

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Maria Raquel dos Reis Rodrigues

(1936.08.08 - 2009.11.03)

Falar de Raquel Reis é extremamente difícil, pois será utópico pensar retratá-la plenamente, em virtude do seu extenso e rico currículo.

Muito empreendedora, objectiva e determinada, a investigação científica foi a sua grande paixão. Carreira que abraçou com brilhantismo. Possuidora de uma inteligência de elevado nível e de inúmeras capacidades, era uma pessoa especial e multi-facetada. Estudar era o seu maior prazer. No entanto soube, na perfeição, gerir o seu tempo, entre a docência, a política – como militante activa do PS –, a família e o convívio entre os amigos, que gostosamente cultivava.

Órfã de mãe aos 15 anos, aprendeu com este rude golpe que, para vencer as agruras no advir dos seus dias, teria de ser forte. Sentimento que sempre a norteou. Jamais fraquejou perante as adversidades e dificuldades que, inevitavelmente, lhe surgiram ao longo da vida. Corajosa e conscientemente contornava as situações e lutava com veemência para as ultrapassar e resolver.

Natural de Lisboa, aqui estudou, tendo terminado o ensino secundário no liceu D. Filipa de Lencastre, em 1953. Ingressou na Faculdade de Ciências de Lisboa e em 1966 licenciou-se em Ciências Matemáticas. Na qualidade de bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1980, fez doutoramento em matemática na Universidade Eötvös Lörand – Budapeste, ao apresentar e defender a tese “Partial residuals on proupoid-lattices” em que obteve a classificação de summa cum laude, a mais alta classificação concedida por aquela Instituição.

Em 1999, como Professora Auxiliar da Universidade Aberta e já com larga experiência na formação de professores deu início, ao seu sonho de sempre, à investigação, sendo de referir entre outras a “Teoria das Ideias”.

Desde então o curriculum de Raquel Reis valorizou-se e aumentou muitíssimo. Leccionou, dirigiu mestrados, fez parte de júris de mestrados e de doutoramentos. Organizou, colaborou e participou, a nível nacional e muito especialmente internacional, em congressos, seminários e conferências. Publicou vários trabalhos de investigação, designadamente nas áreas da álgebra e da lógica.

Apesar de Jubilada, continuou a desempenhar acções de desenvolvimento na sua faculdade onde apresentou vários projectos, inclusive sobre gerontologia. Em reuniões sociais encantava pela sua afabilidade, comunicabilidade e na qualidade de boa contadora de histórias.

A título de curiosidade recordo uma conversa tida com Raquel, onde orgulhosamente me deu a saber que seu pai, Jaime Rodrigues, conhecido perito de arte de ourivesaria, designadamente de joias antigas, as quais por vezes negociava na sua loja de antiguidades, emprestara ao Estado Português uma joia linda e valiosa que pertencera à Rainha Vitória de Inglaterra a fim de ser fotografada para a capa do programa oficial da visita da Rainha Isabel II ao nosso país.

Raquel, devido ao seu dinamismo, após o falecimento de seu Pai, conseguiu, durante largos anos, manter em funcionamento a loja de antiguidades cumulativamente com a sua actividade profissional.

Reportando-me às amizades, gostaria de destacar o carinhoso afecto que sempre dedicou a sua irmã Irene e aos sobrinhos Sara Raquel e Ricardo Lázaro, bem como à sua afilhada Paula Maria Reis Inácio e de lembrar também a forte ligação que desde pequena a uniu ao “clã” Tito de Morais. Certamente, por ter perdido muito cedo a sua mãe, refugiava-se na casa destes amigos cujas filhas mantiveram sempre com a Raquel uma permanente e fraternal amizade.

A nossa querida amiga Raquel, elemento empenhado e activo da Comissão Executiva da Comemoração do Centenário de Tito de Morais (CCTM), vai fazer falta. Toda a Comissão, com enorme saudade e imensa mágoa pela sua repentina e inesperada partida, presta-lhe a mais profunda e sentida homenagem.

A Comissão ficou mais pobre. Mas, sobretudo o país, que talvez não a tenha apreciado com a mesma grandeza como foi reconhecida no estrangeiro, ficou de certeza mais pobre.

Autoria do apontamento biográfico: Maria José Gama em 2009.12.12

Bibliografia na área cientifico-profissional: Curriculum Vitae de 2004, cedido pela sua irmã Dra. Maria Irene Reis Rodrigues.

© CCTM (31)

12
Dez09

Estórias [ III ] - Momentos de recordação, contra o esquecimento

CCTM

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Foi em 1980 que conheci Tito de Morais. Fizemos a campanha da Frente Republicana e Socialista.

Recordo que fazia parte de um grupo com o Mário Beja Santos também do PS e o António Fontes da ASDI, que só apareceu para um almocito, sendo que eu representava a UEDS.

Pertencia ao grupo minoritário dessa curiosa organização, era membro da comissão política e embora por razões formais tivesse recusado ser candidato tinha participado na comissão do programa da FRS e empenhei-me activamente na campanha.

Com Tito de Morais fiz porta a porta, estive nalgumas fábricas e participei em sessões de esclarecimento. Almocei e jantei algumas vezes com o grupo, a que se juntava de vez em quando algum militante socialista e sempre o motorista. Ficaram-me momentos que recordo.

Na porta de uma fábrica assumira o meu lado esquerdo e distribuía os documentos com o Tito de Morais muito sisudo, pois não, com a ladainha “Contra os contratos a prazo, vota FRS”. Ao almoço sem hostilidade explicou-me o disparate, e eu que o sabia responsável por alguma dessa legislação e que usara o estribilho por vontade de autonomia, fiquei sem argumentos. Não voltei a confrontá-lo.

Numa sessão na Amadora fiz o que julgo uma das minhas 1ªs intervenções fora do circuito estudantil e entrei a matar contra as lógicas urbanas à pato bravo, que dominavam a Amadora, e por uma política ambiental contra a nuclear e por alternativas, etc., etc. No fim recebi, apesar do meu entramelamento, um caloroso abraço. Soube que o António Lopes Cardoso ficou satisfeito.

Num almoço com o Beja Santos a espicaçá-lo, o que não era muito necessário porque Tito de Morais era um contador de estórias da vida, eu, que tinha chegado à UEDS vindo do sector libertário/concelhista percebi o enquadramento e a lógica das políticas do PS e uma leitura magistral das cisões porque tinha passado. A lógica frente popular do Manuel Serra e as suas raízes numa cultura de menor apreço pela democracia política, a cisão entrista/trotskista da Carmelinda sem comentários, esses dois cortes com o registo e a história e ideologia do socialismo democrático e da social-democracia e a ruptura do Lopes Cardoso (personagem também ímpar da nossa democracia a quem preito aqui a minha homenagem) com causas diferentes e que ele premonizava se voltaria a integrar no PS.

Essa e outras conversas marcaram-me e fizeram-me perceber melhor um espírito de serviço público e aproximaram-me do António Lopes Cardoso (quando da crise do/com o Eanes) e viriam a afastar-me dele quando, como Tito de Morais tinha previsto, voltou para o PS (num congresso onde, fique para a história, a minha moção de transformar a UEDS num Partido Radical teve 1/3 dos votos!)

Passamos por muita gente que recordamos e por muita que esquecemos. Do Tito de Morais recordo a integridade e as sólidas bases políticas, e estórias pessoais, assim como a solidariedade empenhada. Com ele recordo esses momentos de luta e de afectos, num período difícil (e qual não é, há que dizê-lo!) e a partilha do pão e do vinho.

António Eloy

(recebido por email em 2009.12.11)

© CCTM (30)

10
Dez09

Estórias [ II ] - Fantástico

Luis Novaes Tito

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Naqueles idos de 1983, a conferência diária para marcação de agenda fazia-se a partir das oito da noite. Tito de Morais, Presidente da Assembleia da República, pedia à Marinela que lhe levasse dois cafés, um para ele e outro para mim que avançava com a pasta de despacho recheada com dezenas de pedidos de audiências, solicitações de presença em acções e eventos diplomáticos ou sociais.

Na rotina, depois de preencher as horas da agenda com as actividades parlamentares de maior relevo, plenários, conferências de líderes, conselhos administrativos, etc. passava-se ao corpo diplomático e às restantes solicitações.

Era uma parte do dia de trabalho que me dava especial gozo pelos comentários e apreciações quase sempre bem-humorados nas situações de maior originalidade e na distribuição dos encargos de representação pelos vice-presidentes, Fernando Amaral, José Luís Nunes, Basílio Horta e José Vitoriano.

Naquele dia, o convite mais estranho que levava na pasta era para uma deslocação ao Carlos Alberto, no Porto, para um festival do filme fantástico, organizado por Mário Dorminsky. Seria o segundo ou terceiro ano da realização de tal festival, ainda com reduzida implementação e divulgação. Quando me preparava para passar o convite para o monte dos “agradeço, mas motivos de agenda…”, Manuel Tito de Morais sorriu com os olhos verdes que sorriam sempre em alturas de desafio e disse-me de cigarro na ponta dos dedos:

- “Escreve a este Mário Dorminsky a dizer-lhe que irei lá e que tu vais comigo. Depois telefona-lhe para combinar o protocolo. Temos de apoiar estas iniciativas, principalmente se forem embriões de cultura fora da capital.

Vais ver que isto ainda vai ser um importante certame do cinema em Portugal.

Esta acção fez com que a comunicação social tivesse, pela primeira vez, dado cobertura especial ao cinema fantástico do Porto.

Para o ano que vem o Fantasporto, ainda dirigido por Mário Dorminsky, irá fazer o seu 30º aniversário.

É um dos mais relevantes certames internacionais do cinema fantástico.

© CCTM (28)

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ATM

Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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