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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

03
Dez09

Reconhecer a mestria

Luis Novaes Tito

1983LisboaBarcoPolacoARTitoMoraisLuis01.jpg

Primeiro conheci-lhe a voz, depois os feitos e só após a Revolução vim a conhecê-lo pessoalmente. Trabalhei com ele no seu Gabinete quando foi Secretário de Estado do Emprego, no VI Governo Provisório e como seu Secretário Pessoal quando, no I Governo Constitucional, foi Secretário de Estado da População e Emprego. Ao ser eleito Presidente da Assembleia da República, Manuel Tito de Morais nomeou-me seu adjunto, a quem ele apelidava do seu jovem de confiança pessoal e política, com quem partilhava todas as cumplicidades de quem desempenhava tão elevado cargo e com quem trabalhava, sempre, mais de doze horas por dia.

Do Tito guardo imagens que me marcaram para toda a vida e do seu exemplo fiz o meu padrão político. No que alguns reconheciam teimosia, identifiquei sempre determinação. No que outros apelidavam casmurrice, sabia-lhe eu a integridade moral, política e cívica. No que ainda outros caracterizavam de intransigência identificava-lhe rectidão, coerência e insubmissão.

Manuel Tito de Morais era notável pela capacidade de trabalho, pelo profissionalismo, pelo sentido do dever e principalmente por nunca se deixar deslumbrar pelo poder ou pelas honrarias. O seu slogan de "antes quebrar que torcer" faziam dele um incorrupto puro onde nem o dinheiro nem o poder puderam fazer germinar qualquer apetência inconciliável com o seu percurso, aquilo que ele designava como ética republicana.

Homem corajoso, afável, com um humor fino e sagaz. Homem de pensamento limpo, de estratégia brilhante e de visão que lhe permitia antecipar cenários e preparar-se para eles.

Recordo sempre Tito de Morais com o carinho que merecem aqueles a quem consideramos mestres de vida. Ao longo do tempo de vida deste Blog não me faltarão oportunidades para relatos e episódios. Assim não me falhe a memória para os poder recordar.

Imagem: Assinatura do Livro de Honra do Navio-escola polaco. (1983)

© CCTM (17)

02
Dez09

O meu Tio Manuel

CCTM

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Conheci pouco o meu Tio Manuel Alfredo. Privei pouco com ele. Não tenho por isso nenhuma história particular para contar. Restam-me algumas memórias de encontros esporádicos em família e um sentimento de referência ou, se quiserem, de legado familiar, que cada um de nós procura manter nas suas vidas pessoais e profissionais. E é isso que julgo poderá ser interessante partilhar.

Conheci o meu Tio Manuel Alfredo tinha 12 anos. Pela mesma altura conheci a minha Tia Maria Emília, sua mulher, a maioria dos meus primos, respectivos maridos/mulheres, os filhos destes – meus primos em segundo grau, mas mais próximos de mim na idade – e a minha Tia Maria Palmira, sua irmã. O 25 de Abril de 1974 acontecera há poucos meses e tornara isso possível.

Até essa altura, a minha família paterna, era quase um mistério. Ouvia falar dos meus avós, dos meus tios e dos meus primos, mas não os conhecia. Nem me lembro de fotos que me permitissem dar caras aos nomes. Mas o mistério também não era assim tão grande. Afinal, por razões diferentes, mas de alguma forma relacionadas, conhecera os meus dois irmãos mais novos, alguns primos paternos e a minha Tia Maria da Conceição – casada em primeiras núpcias com o meu Tio Manuel – apenas dois anos antes. Em tom de brincadeira, dizíamos – e ainda dizemos – que éramos uma família de nómadas. Desencontrados. Mal sabia eu porquê.

Curiosamente, nas acções de sensibilização sobre a segurança online de crianças e jovens em que participo no âmbito do Projecto MiudosSegurosNa.Net, costumo referir a facilidade de acesso à informação e à comunicação – escrita, áudio e vídeo – como dois dos grandes benefícios das tecnologias de informação e comunicação para crianças, jovens e adultos. Houvesse Internet e, estou certo, teria conhecido o meu Tio Manuel e a minha família paterna mais cedo. E, estou certo, que foi por isso também que o meu Tio Manuel Alfredo lutou. Para que pais, filhos, netos, avós, tios, sobrinhos e primos, não fossem forçados a viver longe das suas famílias, por delitos de opinião.

À luz disto, talvez para mim, o legado do meu Tio Manuel e da minha família paterna seja este. Que tão importante quanto a protecção e a segurança de crianças e jovens, seja a protecção e a promoção da liberdade de expressão. Na Internet e fora dela. E que nunca uma deverá pôr em causa a outra.

A terminar, não posso deixar de referir que, nas minhas deambulações pelo país no âmbito do Projecto MiudosSegurosNa.Net, é habitual vir alguém ter comigo e perguntar-me timidamente: "O seu nome é-me familiar. Por acaso, é familiar do Tito de Morais, do Partido Socialista?". Ao que timidamente, respondo sempre com orgulho: "Sim, sou sobrinho. Era irmão do meu Pai". Por vezes, depois desta curta apresentação, lá vem uma história. Mais uma história que me permite conhecer um pouco melhor o meu Tio Manuel. Histórias e depoimentos como os quem têm sido partilhados neste blogue e que me estão a permitir conhecê-lo melhor. E dar a conhecê-lo aos meus filhos. Obrigado por isso.

Tito de Morais

(recebido por email em 2009.12.02)

© CCTM (16)

02
Dez09

Carta ao meu velho amigo Manuel Tito de Morais

CCTM

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Meu caro Manuel Tito

Um grupo de admiradores teus, dos muitos que foste deixando pelo caminho, vai promover uma homenagem, não tanto a ti, mas ao que tu representas. Pedem-me um depoimento. Deponho jurando dizer a verdade e só a verdade.

E a verdade é que:

- Te conheço há décadas, sempre igual a ti mesmo. Outros mudaram. Tu não! E essa fidelidade ao que sempre foste, faz de ti um casmurro inamovível. Um monstro de coerência com o que chamas os teus princípios e não passa de ser a tua teimosia.

- Sempre te encontrei empenhado em melhorar o Mundo e o Homem. Despojado de ambições materiais. Ensopado até à saturação em ideais e projectos reformadores. De entre os resistentes que conheci até à amizade, tu foste o mais lídimo representante do pensamento utópico. Continuas a sê-lo, e a vangloriar-te disso. Imune aos utilitarismos e pragmatismos grassantes.

- Como socialista és um chato. Não te resignas às contemporizações do poder, quando é nosso. Se te fizéssemos a vontade, gastávamos num ápice, o nosso capital de votos. No fundo, tens razão: para que servem os votos se não é para os trocar por mais justiça?

- Tivemos a felicidade de, já na segunda metade das nossas vidas, ser chamados a concretizar ideais. Ao fim de meio século de ditadura e opressão, essa incumbência foi, de certo modo, um presente envenenado. Portugal era um campo de minas, pronto a explodir. Acabámos por pôr de pé um Estado de Direito. Por enraizar a Liberdade e a Democracia. Por tornar possível alguma justiça social.

Muitos acham que o resultado é positivo. Tu não! Sempre insatisfeito, achas que democracia, só em algumas vertentes. E que o socialismo é curto. És capaz de ter razão. Duas décadas após Abril, o Portugal que aí vemos, no Mundo que aí temos, não pode encher-nos de orgulho.

As perguntas inquietantes são mais que muitas: que fizemos dos valores estruturantes da consciência moral? Porque é que o trabalho é um bem raro, e privilégio de alguns? Que resignação nos leva a consentir nas discriminações sociais de sempre? Porquê tantos pobres e analfabetos? Porquê tanta insegurança? Porquê, de novo, os apelos à Ordem? Porquê o receio de que o Planeta se canse das nossas predações? Porquê esta sensação de envelhecimento de todas as respostas políticas e sociais?

Admiro-te. És dos poucos responsáveis dispostos a pôr em causa todas as certezas e rotinas. Todos os modelos supostamente triunfantes. Receio que, quando finalmente te for reconhecida razão, seja tarde.

- Se queres que te diga, não tenho a certeza de que as muitas razões por que te admiro – a tua resistência, as tuas prisões, os teus ideais – sejam razões válidas hoje em dia. Metade dos portugueses não viveram já o porquê da tua luta, e não compreendem agora o bem fundado da nossa gratidão por ela.

Querido amigo:

Lá estarei na homenagem que te for prestada. A relembrar os nossos encontros conspirativos. A teimosia da nossa esperança em que a ditadura caísse na semana seguinte. E não menos a esperança de que, chegada a Liberdade, chegaria com ela a libertação de todos.

Não pôde ser assim. Mas foi-o em parte. O que falta, não nos deixa ensarilhar as armas, ou sejam as convicções. A homenagem a ti, será de novo uma batalha.

Um abraço do teu, dedicado amigo

António Almeida Santos

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Fonte: Portugal Socialista 214 – Outubro de 1996

© CCTM (15)

01
Dez09

Os primeiros rebuçados para adoçar o Mundo

Luisa Tito de Morais

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Chegava a casa sempre ao final da tarde e sentava-se na sala a ler o jornal. Eu, com cinco ou seis anos, pulava para as costas do maple e penteava-o: risca ao lado, risca ao meio, trancinhas… tudo o que conseguia fazer no seu cabelo curto. À noite, depois do jantar, na hora do café, saltava-lhe para os joelhos, numa competição com a minha irmã mais nova.

Lembro-me ainda quando ele passeava, aos sábados à noite, ao longo do comprido corredor da casa, o mesmo corredor onde os meus irmãos mais velhos subiam – braço e pé de um lado, braço e pé de outro – quando jogavam à cabra-cega, o que tanto me fascinava. Ele andava com passo lento, as mãos nos bolsos, enquanto esperava a Mãe que se arranjava para irem ao cinema.

Mas de todas as lembranças, a mais forte, talvez, é a de uns senhores, que eu não conhecia, que de vez em quando iam lá a casa à noite. Entravam directamente para a sala de jantar, um após o outro, e ficavam a conversar horas a fio. Nós, os filhos, não podíamos ir para o corredor, nem fazer barulho. Mais tarde, quando ele foi preso, soube que eram reuniões políticas e que todos queriam um mundo melhor.

Encontrei alguns deles na sala de visitas da prisão do Aljube quando o ia ver. Eu andava a passear de colo em colo, pois achavam graça àquela menina pequenina e davam-lhe algumas guloseimas que acabavam de receber das famílias.

Mas o que seria isso de um mundo melhor? Comecei a observar com mais atenção o que se passava à minha volta. Tínhamos saído há pouco tempo da II Guerra Mundial. Portugal, que se dizia neutro, não sofreu muito com o conflito, mas, num esforço de memória, consegui lembrar-me que adoçava o leite com rebuçados, por causa do racionamento do açúcar. Dos horrores da guerra só me viria a aperceber mais tarde, quando comecei a estudar, a ler livros, a ver filmes, a ouvir testemunhos sobre os judeus, campos de concentração, tortura, morte, violações, cidades destruídas.

Então, jurei a mim mesma que também não seria apenas espectadora.

© CCTM (14)

01
Dez09

O avô Manuel

CCTM

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Não vou falar do avô Manuel como político, pois há alguém com certeza muito mais habilitado do que eu para o fazer, apesar da sua vida privada nunca se poder dissociar da política.

Porque o avô sempre foi um teimoso lutador naquilo em que acreditava. Era um homem determinado e empreendedor e que por detrás dos seus lindos olhos verdes-água tinha um prazer enorme em receber em sua casa toda a família e amigos. Havia sempre lugar para mais um. Tanto na sua casa de Lisboa, como na Malveira da Serra e mais tarde na Terrugem.

Depois das refeições ninguém lhe tirava o seu whisky e o cigarro e a seguir por vezes desaparecia da confusão habitual dos Titos, uma família tipicamente italiana com o sangue na guelra e onde também as mulheres desta família (desculpem-me os homens) tinham um papel preponderante e, se refugiasse ora no seu escritório (em Lisboa) ou na sua oficina de engenhocas (na Terrugem) que tanto prazer lhe dava.

Devido à sua personalidade vincada quis comemorar os seus 79 anos (e não os 80) numa grande festa familiar e rodeado de muitos amigos.

Alguns de nós herdámos os seus olhos, a cor do cabelo, a voz, a sua teimosia, mas julgo que todos herdámos os seus princípios e o respeito pelo próximo.

Isabel Tito de Morais

(recebido por email em 2009.12.01)

© CCTM (13)

01
Dez09

Agradecimentos

Luis Novaes Tito

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Agradecemos a todos os que já nos anunciaram e nos ligaram nos Blogs e nas redes sociais.

Infelizmente sem o Technorati a funcionar não é possível fazer um levantamento exaustivo, mas sabemos serem muitos. No Facebook sucedem-se as adesões.

Por estarem identificados, deixamos um agradecimento especial pela divulgação a: (em actualização)

Leonel Vicente do Memória Virtual, à Carminda Pinho do Forum Cidadania (link indisponível), ao Ricardo António Alves do Ferreira de Castro, ao Eduardo Graça do Absorto, ao Pedro Correia do Delito de Opinião e às equipas do a Regra do Jogo (link indisponível) e do Cão Como TU (link indisponível) onde se integra o autor do a Barbearia do Senhor Luís.

Temos igualmente presença no Twitter.

© CCTM (12)

30
Nov09

Estórias [ I ]

Luis Novaes Tito

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Caro Luís Tito

Conheço várias histórias com o Manuel Tito de Morais, que acompanhei desde o 25 de Abril de 1974.

Quando constituímos a JS. E nem sempre estivemos de acordo.

Mas contarei apenas uma estória:

estávamos em plena campanha eleitoral, meados da década de 80 e eu estava no secretariado da FAUL. Organizámos uns "diálogos abertos com o PS" no Largo Camões.

Uma tenda, debates, actividades cultural e uma passagem de modelos. Com Eduarda Abundanza, Inês Simões e outros, estavam a aparecer os primeiros designers de moda portugueses. Ana Salazar já tinha feito o seu percurso.

Mas tratava-se de uma iniciativa do PS e o teu pai foi lá.

Lembro-me da cara dele: o PS a fazer uma coisa daquelas. Ficou admirado.

Achou que a actividade política estava a deixar-se penetrar por outras formas de fazer política. Não sei se ficou chocado. Não o disse. Mas ficou admirado.

Lembras-te Eduardo Graça?

Parabéns pela vossa iniciativa e um abraço,

Margarida Marques

(recebido por email em 2009.11.29)

Nota a Margarida Marques – Não sou o Luís Tito filho do Manuel Tito de Morais, mas sim o Luís Novaes Tito que foi seu adjunto quando ele foi Presidente da Assembleia da República. De qualquer forma agradeço a estória que publico, como publicarei outros depoimentos, estórias, imagens e apontamentos, passadas com Tito de Morais, que forem enviadas para o nosso endereço cctm@sapo.pt (link indisponível)

© CCTM (11)

28
Nov09

Referência do socialismo humanista

CCTM

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Manuel Tito de Morais é um dos fundadores do nosso regime democrático e uma grande referência do socialismo humanista. Portador de uma ilustre herança familiar de republicanismo, manteve, durante os longos anos da ditadura, um combate constante, sem tréguas, abnegado e corajoso pela liberdade.

Por essa luta, tudo sacrificou. A ela, submeteu a vida, pois o objectivo essencial era fazer o que tinha de ser feito para que Portugal recuperasse a dignidade de país livre. Foi perseguido, preso, exilado. Mas isso nunca o levou a diminuir ou a atenuar o combate. Foi até razão para o intensificar e ampliar, como se as dificuldades e os perigos lhe aguçassem o engenho de conspirador e reforçassem a tenacidade do lutador indomável.

Tito de Morais, que esteve militantemente em todos os actos e movimentos da oposição à ditadura, definiu-se sempre como um socialista democrático. Lutou também persistentemente para que, em Portugal, houvesse um movimento de esquerda em que se reconhecessem todos aqueles que se reclamavam do socialismo democrático. Os pontos altos dessa luta foram a fundação da Acção Socialista Portuguesa, com Mário Soares e Ramos da Costa, e, depois, do Partido Socialista.

Toda a sua acção política foi norteada por uma exemplar coerência. Nunca tendo sido comunista, foi sempre um homem de esquerda, sem concessões nem renúncias. Compreendeu, desde sempre, que o socialismo não pode ser separado da liberdade e que é a sua concretização mais profunda e nobre. Bateu-se por este ideal, antes e depois do 25 de Abril, tornando-se uma referência moral e política.

Recordo bem as circunstâncias em que, pela primeira vez, encontrei Manuel Tito de Morais. Para a minha geração ele era um dos nomes maiores da oposição democrática. Resolvi ir visitá-lo a Itália, onde se encontrava exilado, desenvolvendo uma importante actividade política, nomeadamente através dos preciosos contactos que tinha estabelecido com os socialistas italianos, entre os quais Pietro Neni. Esses contactos revelaram-se, aliás, importantíssimos para a afirmação internacional da ASP e do PS.

Fui a Roma com o Nuno Brederode dos Santos e lembro-me que quem nos abriu a porta foi Maria Carrilho que, julgo, tinha estabelecido o contacto. Falei longamente com Manuel Tito de Morais. As conversas, nesses tempos e naquela situação, eram feitas de idealismo, esperanças, ilusões e também algumas desilusões.

A primeira imagem que colhi dele é a que perdura: vi um homem inteiramente devotado ao combate que travava, tenaz como poucos, mesmo teimoso, senhor de uma inabalável convicção e certo das suas razões. Percebia-se logo o tom patriarcal do que viria a ser o Presidente Honorário do PS, aquele que todos os socialistas reconhecem como uma referência.

A sua actividade política levou-o, depois da Revolução, ao desempenho de cargos políticos de grande relevo: primeiro, como membro do Governo e, depois, como Presidente da Assembleia da República. Neles conquistou o respeito geral pelas suas qualidades morais e cívicas.

Quando falamos com ele, hoje como ontem, colhemos sempre aquela impressão de fidelidade aos ideais que nele é um convite contagiante a que nos juntemos ao combate. Como seu amigo, associo-me a esta homenagem com calorosa e fraterna estima. Como Presidente da República, quero expressar-lhe o testemunho de gratidão por tudo o que tem feito para que Portugal seja um país livre e solidário.

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Jorge Sampaio

 

 

 

Fonte: Portugal Socialista 214 – Outubro de 1996

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26
Nov09

Solidários no bom combate

CCTM

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Conheço o Manuel Tito de Morais há mais de cinquenta anos. Fomos amigos, velhos companheiros de lutas e de ideal, camaradas, cúmplices.

Tivemos inúmeras discussões políticas, às vezes noites inteiras, mas, nos momentos decisivos, estivemos sempre do mesmo lado, solidários no bom combate.

Tito de Morais, filho do Almirante do mesmo nome, herói da República, antigo ministro e personalidade cívica exemplar, que tive a honra de conhecer bastante bem, foi sempre um lutador contra a ditadura e também o grande organizador do Partido Socialista, na versão que lhe foi impressa desde a sua refundação, em Bad Münstereiffel, em 1973.

O Partido Socialista – e a democracia portuguesa – devem-lhe muito: à sua pertinácia, coragem, determinação e espírito de sacrifício. Podemos dizer, sem exagero, que dedicou o melhor da sua vida à causa do socialismo democrático em Portugal. Em momentos de crise – e grande dificuldade – foi devido, em grande parte, à vontade inquebrável de Manuel Tito de Morais que os obstáculos foram vencidos e o PS avançou.

Valeu-lhe essa acção incansável muitos sacrifícios e privações. Esteve preso, processado, exilado e foi, durante a ditadura, permanentemente discriminado e ostracizado. A sua família, os seus filhos, a sua mulher, Maria Emília Tito de Morais, grande militante, ela própria e a sua irmã, Maria Palmira Tito de Morais, grande figura profissional e ética, sofreram muitas dificuldades – a que sempre resistiram com estoicidade – em virtude da vida política tão acidentada de Manuel Tito de Morais.

Depois do 25 de Abril, Tito regressou a Portugal no chamado “comboio da liberdade” e foi recebido apoteoticamente em Santa Apolónia. Lançou-se logo, sem perda de um minuto, na organização do PS, numa época em que as adesões eram às centenas diárias, por todo o País e em que as estruturas partidárias, mal saídas da clandestinidade, tinham dificuldade em absorver tantos militantes, mas também – diga-se – alguns oportunistas. A destrinça entre uns e outros, entre o trigo e o joio, nem sempre fácil, foi em grande parte da responsabilidade de Manuel Tito de Morais.

Deputado por Viana do Castelo às Constituintes, foi Secretário de Estado do Emprego no VI Governo Provisório e da População e Emprego do I Governo Constitucional. Foi igualmente Vice-presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e, em 1983-84, Presidente da Assembleia da República.

Tito de Morais, hoje com mais de oitenta anos, felizmente com saúde, e com a admirável lucidez de sempre, é igual a si próprio, íntegro e determinado, actual e justamente reconhecido como o Presidente honorário do PS. A sua família e os militantes não só têm por ele o respeito que lhe é devido como também grande carinho. A sua vida é uma legenda que pode e deve ser conhecida pelos jovens, para que a sigam, se assim o entenderem. É bem necessário e oportuno.AssinaMarioSoares01.jpg

 

 

 

Fonte: Portugal Socialista 214 – Outubro de 1996

© CCTM (09)

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Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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