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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

11
Jul10

A força das convicções no ideário socialista

CCTM

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Estava eu a estudar na Suíça em 1966 quando conheci o Manuel Tito numa conferência do Comité Suíço para a Amnistia em Portugal realizada em Lausanne. Admirei logo a frontalidade com que interveio numa mesa em que estava também um representante do PCP, com o qual percebi haver uma certa tensão. Só o reencontrei sete anos mais tarde em Paris nas inolvidáveis reuniões de Agosto de 1973, na Fundação Leo-Lagrange do Partido Socialista Francês para discutir e aprovar a Declaração de Princípios e o Programa do Partido Socialista, cujo projecto o Sottomayor Cardia, o Marcelo Curto e eu trazíamos de Lisboa. Foram discussões homéricas, nas quais, para minha surpresa, o Manuel Tito, conjuntamente com o Chico Ramos da Costa, alinhou pela posição dos “radicais” de Lisboa, contra as posições bem mais moderadas do Mário Soares, do Campinos e do Bernardino Carmo Gomes. Eu, que o tinha em conta de um republicano socialista moderado vi-me várias vezes ultrapassado pela esquerda! Logo ali tive a demonstração da sua fibra, da força das suas convicções e do seu empenhamento num ideário socialista coerente e sem transigências. Atitude que manteria até ao fim da sua vida.

Voltei a abraçá-lo no seu regresso do exílio, no dia 28 de Abril, na Estação de Santa Apolónia. Foram então os tempos da organização do PS e da sua sede, que ele dirigiu com pulso firme e uma devoção sem limites, com a preciosa ajuda da Maria Emília. Fizemos várias viagens juntos pelo país, em intermináveis conversas, com sessões de esclarecimento por todo o lado. E o Tito tudo aguentava com uma enorme capacidade de resistência que pedia meças aos mais jovens de nós.

No 28 de Setembro lembro-me da surpresa com que me recebeu e me abraçou na sede de S. Pedro de Alcântara, quando lhe apareci fardado e armado, numa altura em que se receava a invasão da sede por gente da extrema-direita, e o tranquilizei sobre a evolução dos acontecimentos!

Mais tarde, no governo, testemunhei o sofrimento com que se confrontava com os nossos recuos ideológicos e/ou tácticos. Para a história ficará o seu voto isolado de vencido na célebre reunião da Comissão Nacional do P S em que se aprovou o acordo parlamentar de incidência governamental com o CDS que viabilizou o II Governo Constitucional!...

Como Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, não posso também deixar de evocar aqui a sua iniciação na Maçonaria em 31 de Março de 1990 numa das mais antigas Lojas do GOL, a Loja José Estêvão, uma das poucas que resistiu à Ditadura sem abater colunas. Faria 80 anos poucos meses depois, tendo atingido o grau de Mestre em 11 de Dezembro de 1990. Não deixa de ser curioso que tivesse esperado pela fase final da sua vida para formalizar uma adesão, que vários dos seus amigos e camaradas de geração, como António Macedo e Mário Cal Brandão, tinham concretizado muito antes. Como se a adesão ao GOL fosse o coroar de toda uma carreira cívica, ele que já era há muito um “maçon sem avental”! Creio que, em certa medida, quis também desta maneira homenagear o próprio pai, o grande Almirante Tito de Morais, herói da República e grande maçon.

António Reis

© CCTM (157)

11
Jul10

Militante da amizade

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Militante da Amizade Aprendi a amar e defender a Liberdade ainda era um quase catraio, com as fraldas abandonadas havia uns tempos não tão longos como isso tudo. E com ela, aprendi também a amar e defender a Democracia. E a República e o Socialismo Democrático – e continuo a aprender. Todos os dias. Se isso não acontecer, quer dizer que não se vive, vegeta-se sem nada para amar e defender. Excepto a Pátria e a Família, bem entendido.

Pelos idos de 67/68, comecei a mandar umas coisas (com pseudónimo por mor das… coisas), para os primeiros números do Portugal Socialista. Era o tempo da ditadura, o tempo salazarento, o tempo da censura, da polícia política, do medo e da opressão. Mas também do destemor, da coragem, da dignidade e da verticalidade. Enviava esses textos entusiásticos e ingénuos, simultaneamente. Em cartas com mata-borrões dentro, de propaganda farmacêutica. Dava-me gozo – deu-me.

O destinatário era um tal Tito de Morais. Não sabia quem era, associava-o ao almirante que, quando jovem segundo-tenente, participara no 5 de Outubro e que se tornara numa figura destacada da República. A morada era em Roma, e as missivas iam dirigidas a um italiano de seu nome Arigo.

Estava em Angola, como oficial miliciano e continuava sob vigilância da PIDE, (com a qual já tivera em Lisboa uns quantos encontros/desencontros e umas amolgadelas), quando comecei a remeter esses pequenos textos, – a que o destinatário, uns quantos anos mais tarde, chamaria textículos, com x, como acentuava com um sorriso por baixo do bigode e que continuo a usar... Mesmo assim, persisti em mandá-los para Roma.

Eis senão quando – dá-se o 25 de Abril. Eu ficara em Angola, tinha três filhos para criar e a escolha não se revelou de todo desacertada. Com a chegada do meu ex-professor de Direito Administrativo, Marcelo José das Neves Alves Caetano, ao poder, depois da bendita cadeira ter desempenhado cabalmente o papel que lhe fora distribuído, a PIDE rebaptizada DGS, não me incomodava muito. Uns avisos, apenas, que me iam chegando, por mor de alguns Amigos pretos (não gosto do termo negros, que considero insultuoso e o Tito também não) que eu não devia ter – mas tinha.

No dia 2 de Maio, depois de muitas lágrimas de alegria vertidas em Luanda, ao pé do aparelho de rádio, vim a Lisboa. Tinha de ser. Os malandros do MFA, tinham feito o já citado 25 de Abril nas minhas costas, sem esperarem por mim… E, apenas deixei a mala de viagem em casa de uma tia, meti-me num táxi para os Restauradores, apanhei o elevador da Glória, cheguei lá acima – e fui-me inscrever no Partido Socialista.

Dei de caras, logo, com um Amigo de sempre, o Mário Sottomayor Cardia e foi o Catanho de Menezes que recebeu a minha proposta. Ele e o Cardia apadrinharam-me. E foi então que conheci o Senhor Engenheiro Manuel Tito de Morais. Que, afinal, era filho do Senhor Almirante. Estivemos à conversa, pois se lembrou logo das minhas missivas «secretas». Era o princípio imediato de um tu que me desvaneceu e duma Amizade que duraria até à hora da sua morte. Não senhor; até hoje.

Meses depois, em Setembro, voltei a Lisboa, já com a família. E comecei à procura de emprego. Corri jornais, onde uns quantos «democratas» franziam os respectivos cenhos, porque eu era um colonialista regressado de Angola. E numa tarde, ali ao Príncipe Real, quase desmoralizado por tantas negas, o Cardia disse-me que me queria no Portugal Socialista, finalmente sem peias.

Não sei por que bulas, mas, dias passados, o Zé Leitão, o Jorge Morais, o Avelino Rodrigues, a Teresa Sena e mais dois ou três elegeram-me para chefe da redacção. O Cardia, director, aceitou. Eu, também. Estávamos instalados (mal) nas dependências da antiga Censura no Bairro Alto… Saudosismos? Saudades. De uns bons tempos, em que nos tratávamos por tu e éramos camaradas. Hoje…

Foi no Largo do Rato que combatemos o mesmo combate nas colunas do seu e meu Portugal Socialista, o Órgão Central do PS. O Manel Tito como director, eu continuando como chefe da Redacção. Esses anos em que trabalhámos juntos, podia dizer que cimentaram a Amizade que nos unia. É uma redonda mentira. Ela já não precisava de mais argamassa. Os alicerces não cediam; nunca mais cederiam.

Esta é uma história corriqueira, na primeira pessoa (coisa que não deve ser feita, mas que está… feita) de um plural que não tinha fronteiras na fraternidade e na solidariedade que nos unia. Só mais uma alínea. O meu irmão mais novo, nunca saberei porquê, aos 33 anos deu um tiro na cabeça. Os escudos eram escassos, poucos mesmo. Foi o Manuel Tito de Morais que decidiu que a Maria Emília me desse a quantia para pagar o funeral. Sem que eu soubesse que a ideia e a decisão eram dele. Mas soube. E disso também nunca me esquecerei.

Resta acrescentar que, quando comecei a pagar o que considerava um empréstimo, o Tito, que ficara muito aborrecido por saber que eu… sabia o que ele fizera, disse-me tranquilamente – como era sempre e sempre procedia – que fosse depositando o dinheiro, porque os meus miúdos «talvez um dia destes precisem mais da massa do que eu». Era esse o Tito de Morais que tive como Amigo e me ensinou que defender os nossos ideais é das melhores coisas que podemos e devemos fazer.

Antunes Ferreira

© CCTM (156)

10
Jul10

Figura cimeira da luta pela liberdade

CCTM

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Em 2010 comemoramos a implantação da República em Portugal, data maior para todos aqueles que acreditam num mundo com mais igualdade e sonham com uma sociedade em que todos, independentemente da sua raça, credo, sexo, origem, idade, ou orientação sexual, possam alcançar a sua felicidade. Ser republicano é acreditar num mundo melhor e mais livre e mais igual. Comemorar a República é, também, comemorar a democracia, único sistema político que nos pode fazer alcançar esta sociedade mais igual e justa que a República nos faz acreditar.

Mas em 2010 celebra-se, também, um outro centenário, não de um regime em que acreditamos, mas de um homem. Homem que se confunde na história do Portugal contemporâneo, com a República, com a Liberdade, com a Democracia, com a social-democracia e com o Partido Socialista. Celebramos em 2010 o centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais, figura cimeira da luta pela democracia e da resistência antifascista e um dos fundadores da Acção Socialista Portuguesa, que se transformou no Partido Socialista.

Para a minha geração, nascida em liberdade, e que milita hoje na Juventude Socialista e no Partido Socialista, pessoas como Mário Soares e Tito de Morais são como lendas que conhecemos dos livros de história e cujo exemplo aprendemos a admirar e a tentar seguir. Pessoas que fazendo face a inúmeras adversidades, perseguições políticas, levados a abandonar os seus e a sua terra, aprisionados injustamente, torturados... Pessoas que tiveram de enfrentar as maiores provações por ousarem pensar pela própria cabeça e ousarem ser livres e desejarem o mesmo para os outros e mesmo assim mantiveram-se fiéis aos seus valores, aos seus princípios e que com estoica resistência, muitas vezes sem saberem se a liberdade e a democracia seria efectivamente uma realidade, mantiveram uma vontade e um empenho inquebrantável na luta pela liberdade e pela democracia.

Chegados a hoje, a minha geração, tem também desafios e provações diferentes para vencer e ultrapassar. Aprofundar a república e a democracia e continuar a lutar por mais igualdade entre todos e fazer do nosso país um país mais progressista e mais justo. Enfrentando os problemas que persistem estruturalmente no nosso país. A luta por um país com pessoas mais qualificadas, mais solidárias, a luta pela sustentabilidade energética e uma integração política mais eficaz entre os povos na Europa, são hoje tarefas primeiras dos jovens socialistas.

Para isso, contaremos sempre com a inspiração e o exemplo de Manuel Tito de Morais. Obrigado.

Duarte Cordeiro
Secretário-geral da Juventude Socialista

© CCTM (155)

10
Jul10

Um socialista de fortes convicções

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Conheci o Manuel Tito de Morais em 1947, pouco depois do meu regresso do Tarrafal. Pertencia a uma tertúlia que se reunia na casa de ferias que o Manuel Rodrigues Oliveira (o fundador da “Biblioteca Cosmos”) possuía na Costa da Caparica. Conhecera o Rodrigues de Oliveira no Aljube durante a minha primeira detenção. Tornámo-nos amigos. Reencontrámo-nos naquela estância balnear. Além de nos reunirmos na sua casa, juntávamo-nos no “Café Papo-seco”, há muito tempo desaparecido.

Dessa tertúlia faziam parte várias pessoas que viriam a ser figuras públicas no período que se seguiu ao 25 de Abril, nomeadamente o próprio Tito de Morais e o Francisco Salgado Zenha. O Salgado Zenha e o Luís Saias também possuíam casa naquela vila. Por isso, ocasionalmente, juntavam-se ao grupo. Mas não eram dos frequentadores mais assíduos.

Eram todos homens e mulheres de esquerda – alguns já tinham passado pelas prisões – que se reuniam para analisar e discutir a situação política nacional e internacional. Tinham vários percursos políticos, mas todos se reclamavam do marxismo. A maioria tinha passado pelo PCP. Mas estavam inactivos. Alguns seriam eventualmente militantes daquele partido. Era o caso da Maria Emília que viria a casar com o Tito de Morais.

Líamos L’Humanité e discutíamos os romances dos escritores revolucionários franceses, designadamente Roger Martin du Gard, Romain Roland, André Gide, André Malraux, etc. Dávamos longos passeios pela praia.

O Manuel Tito de Morais foi um homem inteligente e de fortes convicções. Os feitios afáveis e fraternos tanto dele, como do Manuel Rodrigues de Oliveira, contribuíam para dar àquele círculo de amigos um ambiente de grande amizade.

Queria aqui destacar o importante papel que desempenhou nessa tertúlia uma mulher notável, Ana Isabel de Oliveira (a Bé entre os amigos). Ela é, junto com Luís Saias e a Maria Emília, viúva do Tito de Morais (além de mim próprio) das poucas pessoas desse notável grupo que ainda estão vivas.

A Ana Isabel, especialista em artes plásticas, foi uma grande amiga do Tito de Morais. É uma referência cultural da sociedade portuguesa. Continua viva e activa, apesar dos seus oitenta e cinco anos.

O meu testemunho é, para além de uma homenagem à notável figura do meu querido amigo Manuel Tito de Morais, um pequeno contributo para a história das várias formas da resistência à ditadura.

Edmundo Pedro

© CCTM (154)

10
Jul10

Um homem de princípios

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“Um Homem de Princípios“ foi o qualificativo escolhido quando ele foi homenageado em vida, em Lisboa, em presença dos mais altos dignitários da República Portuguesa, e é sem dúvida aquele que melhor corresponde à personalidade do Tito.

Pela sua postura intelectual e política de lutador pela Liberdade e Democracia no decorrer da sua vida, o Manuel Alfredo Tito de Morais angariou o respeito e o reconhecimento dos portugueses, mesmo daqueles – tal foi o meu caso – que o viram pela primeira vez fora do nosso país.

Para além da honra que foi para mim tê-lo como proponente e signatário (em nome do Secretariado Nacional do PS) do meu cartão de militante, sinto grande satisfação em poder afirmar que este Homem me inspirou sobre uma certa forma e postura política.

Encontrei-me muitas vezes com o Tito, inclusivamente em sua ou em minha casa, nomeadamente quando ele era Presidente da Assembleia da República. Devo dizer que sempre me senti impressionado com a modéstia natural que sobressaía da sua personalidade.

Não vou prolongar-me mais. Creio que era necessário render esta homenagem àquele que foi para Portugal, para o PS e para os seus amigos; um grande Homem. “UM HOMEM DE PRINCIPIOS”

Germano Lima

© CCTM (153)

09
Jul10

Artífice da edificação do Partido Socialista

CCTM

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Tito de Morais é uma figura incontornável do socialismo em Portugal. Homem de princípios, combatente contra a ditadura fascista e o colonialismo, lutador pela liberdade e pelo estabelecimento da democracia em Portugal, a sua acção política foi determinante para a criação do Partido Socialista.

Quando se comemora o centenário do nascimento de Tito de Morais e se impõe dar a conhecer a sua obra, não é demais repetir, ainda que numa brevíssima resenha, algumas notas da acção política do indomável resistente e combatente pelos ideais do socialismo.

Filho de revolucionário da instauração da República, a sua acção política iniciou-se cedo, tendo logo aos 16 anos participado numa greve de estudantes do Liceu Camões, episódio que lhe acarretou a agressão de um agente da repressão da ditadura. Foi o seu baptismo de fogo. Dir-se-ia que este incidente teve um efeito catalisador e Tito de Morais nunca mais parou na sua luta contra a opressão e pela liberdade.

O combate de Tito de Morais acarretou-lhe profundas atribulações a vários níveis. Sofreu várias prisões – entre outras, por integrar o MUD e participar nas campanhas eleitorais de Norton de Matos e Humberto Delgado – demitido de empregos, não podendo exercer uma actividade profissional como engenheiro, e por fim o exílio para onde foi empurrado. E foi nesta situação que Tito de Morais, longe dos esbirros da ditadura, deu largas à sua imaginação revolucionária e desenvolveu uma acção política consequente.

Em 1964, na Suíça, Mário Soares, Tito Morais e Ramos da Costa criam a Acção Socialista Portuguesa (ASP). Dois anos mais tarde foi decidido que Tito de Morais, depois de actividade política no Brasil e na Argélia, fixasse residência em Roma. Estavam criadas condições para uma nova fase de luta contra a ditadura.

Tito de Morais começou por dar especial atenção aos contactos na área internacional, participando em conferências e congressos de prestigiados partidos e organizações europeias, dando a conhecer a situação política em Portugal e obtendo significativos apoios para a luta dos socialistas no país.

O “Portugal Socialista”, criado em 1967, foi um instrumento de luta contra o fascismo e concebido para, no quadro da ASP, ‘contribuir para a estruturação política e organizativa dos socialistas portugueses’. Este tema da organização foi uma constante das preocupações de Tito de Morais, e não foi por acaso que no primeiro número desta publicação o tema é abordado e recorrente em várias edições seguintes.

Sendo este jornal uma publicação produzida em Roma, é de imaginar as dificuldades na sua distribuição em Portugal, obstáculo suplantado pela criatividade do fundador e director do jornal, Tito de Morais, tendo sempre conseguido que as edições circulassem em Portugal.

Outro aspecto a destacar foi o contacto com os emigrantes. A ASP era um movimento preocupado com a formação política e a intervenção dos trabalhadores. Não foi por coincidência que o “Portugal Socialista” foi fundado no dia 1º de Maio – o Dia do Trabalhador. Tito Morais promoveu encontros com trabalhadores em vários países europeus, de que resultou a criação de Núcleos ASP e que veio a reflectir-se de forma positiva no Congresso da fundação do Partido.

Em síntese, as acções políticas de Tito de Morais no exílio, com o empenho, a dedicação e o estímulo que promoveu em toda a sua actividade para o trabalho progredir, o recrutamento de militantes e a expansão da ASP, concorreram de forma decisiva para a criação das condições necessárias que levaram à fundação do Partido Socialista.

No Congresso da fundação, organizado sob sua responsabilidade, apresentou dois documentos: Política Interna da ASP e Problemas de Organização. É certo que são documentos datados, mas onde não falta espaço para alguma presciência política quando reflecte sobre o futuro, admitindo o derrube do regime fascista pelas forças armadas. Regista-se também a sua preocupação ideológica de uma comunidade solidária e fraterna ao afirmar “… não aceitar nada que possa comprometer a construção, embora por fases sucessivas, da sociedade socialista”.

Após a Revolução redentora dos militares de Abril, Tito Morais regressou a Portugal depois de 13 longos anos no exílio, não se deslumbrou por cargos de prestígio social e colocou todo o seu empenhamento na organização do Partido Socialista. Como 1º Secretário Nacional ficou instalado na sede nacional, dirigiu múltiplas áreas políticas e formou equipas que, sob sua orientação, implementaram o Partido a nível nacional.

Tito de Morais continuou a servir o Partido Socialista exercendo vários cargos, de que se destacam, a nível institucional, o de Presidente da Assembleia da República, e a nível partidário, o de Presidente do Partido Socialista. O ex-exilado, exercendo então funções do maior prestígio nacional, continuou igual a si próprio, na sua modéstia e integridade. Manteve-se durante toda a vida como o guardião dos valores do socialismo, e encontramo-lo, em Maio de 1992, no seu “Portugal Socialista”, a escrever: “Vem-se acentuando no seio do Socialismo democrático a tendência de, por razões eleitoralistas, se adaptarem os modelos neoliberais existentes que vão tornando os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres e, para mascararem esta tendência, afirmam que se trata de uma ‘MODERNIZAÇÃO’.”

Estas breves notas, de apenas alguns aspectos relevantes da acção política de Tito de Morais, são suficientes para o colocar na galeria da História do Socialismo em Portugal, como vulto do maior destaque que não se poupou a esforços na luta contra a ditadura, para a edificação do Partido Socialista e a institucionalização da Democracia em Portugal.

Tem sido para mim uma grande honra e forte emoção participar nesta bem merecida homenagem a Tito de Morais, com quem tive o privilégio de colaborar como companheiro de exílio, como camarada e como amigo.

A melhor homenagem que devemos prestar a Tito de Morais é prosseguir na defesa dos valores do Socialismo Democrático de que ele sempre foi porta-voz.

José Neves

© CCTM (152)

09
Jul10

Esta viagem a Tito de Morais é uma passagem geracional de testemunho

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Poder imaginar Tito de Morais com cem anos a partir da memória de há trinta e seis é um exercício difícil para quem com ele partilhou a energia verde do olhar e vermelha dos cravos, da solidariedade e da fraternidade que sempre distribuiu a quem com ele se cruzou.

Imaginar o País que ele queria e por quem nunca vacilou no seu querer, é colocarmo-nos num patamar de progresso social e económico ao nível das democracias sociais da Europa do Norte, modelo de desenvolvimento que o Tito ambicionava para o Portugal moderno, afastado da miséria e da desigualdade contra a qual lutou e que lhe custou a diáspora, o exílio, a prisão, a tortura e o afastamento dos seus.

Imaginar a civilização e a cidadania que Manuel Tito queria, quando se bateu no Governo pelos direitos dos trabalhadores e na Assembleia da República pela dignificação pela ética, pelo trabalho, pelo esforço e pela humildade dos representantes do povo, é entender a lógica e a determinação, que alguns apelidavam de teimosia, de um pensamento claro e dirigido ao serviço público, à abnegação, à valorização da coisa política e do bem comum.

Esta Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais teve por objectivo promover um conjunto de acções que convocassem a memória para os princípios de um dos homens que, no Século XX, foi dos maiores impulsionadores do regresso de Portugal à democracia europeia e um dos lutadores para que todos os cidadãos tivessem as mesmas oportunidades e se pudessem expressar e agir em liberdade.

Para desenvolver o meu trabalho na Comissão Executiva tive de manipular documentos que não via há anos, imagens que me recolocaram no século passado, informações que já são história e a partir daí projectar, como o Tito fazia, um futuro que sendo presente fica muito aquém do futuro que ele projectava numa visão correcta do conceito de liberdade.

Tito sabia que liberdade não era uma abstracção nem um valor teórico e de retórica. Tito defendia que a Liberdade tinha de ser “para fazer” e que só há liberdade para fazer quando o saber não é ignorância, quando a cultura não é desconhecimento e quando os movimentos, a imaginação e a criatividade não estão restringidos pela miséria, pelo desemprego e pela desigualdade de oportunidades.

Recordar Tito de Morais não é um retorno ao passado, mas uma projecção na sociedade que ele defendeu toda a vida com determinação frontal e é acompanhar a visão de progresso social e económico baseada nos seus conceitos de integridade intocável, por impoluta, e na honestidade do pensamento e da acção.

Foi uma honra ajudar a não deixar que o seu exemplo se perca na voraz superficialidade dos dias que correm. É um orgulho ter sido seu colaborador nos momentos de poder que a liberdade permitiu ao povo atribuir-lhe por voto secreto e universal. Poder que, sou testemunha, sempre usou em prol do bem comum e com a ambição de proporcionar a quem o investiu, retorno de justiça e de bem viver.

Esta viagem a Tito de Morais é uma passagem geracional de testemunho. É um apelo aos jovens para que compreendam que sem os valores universais dos direitos da humanidade que guiaram a sua vida, o futuro não tem sentido.

Como ele sempre fez e assinou, deixo-lhe este testemunho solidário e fraterno com um apertado e afectuoso abraço do camarada e amigo.

Luís Novaes Tito
Coordenador da Comissão Executiva das CCTM

© CCTM (151)

09
Jul10

Um socialista praticante

CCTM

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Foi em Angola que pela primeira vez ouvi falar de Tito Morais, da coragem com que se opôs à matança de africanos na sequência do 4 de Fevereiro, da sua posterior prisão e transferência para Lisboa. Mais tarde, estando eu no corredor do isolamento da prisão da PIDE, em Luanda, ouvi, uma noite, uma estranha emissão de rádio cujos ecos me chegavam dos gabinetes dos agentes da PIDE, perto da minha cela.

Uma voz feminina e uma voz masculina. Falavam da luta contra o fascismo e a guerra colonial, por um Portugal livre e democrático. Soube depois que era uma nova rádio da resistência, sediada em Argel, a Voz da Liberdade, emissora da Frente Patriótica de Libertação Nacional. A voz feminina era a de Stella Piteira Santos, a masculina de Tito Morais, que viria a encontrar em 1964, precisamente em Argel na Voz da Liberdade.

Impressionou-me a sua elegância, a sua serenidade, a sua firmeza de convicções. Estava acompanhado de grande parte da família de que era um patriarca. A sua casa estava sempre aberta para receber quem precisasse e à sua mesa havia sempre lugar para os exilados mais desamparados.

Era um cavalheiro e um resistente. Desde que nos conhecemos começou a falar-me da necessidade de se construir um Partido Socialista. Nessa altura, ele representava na FPLN, a Resistência Republicana e Socialista. Mas a sua convicção era que, sem um Partido Socialista, não seria possível derrubar a ditadura. Mais do que um objectivo, era quase uma obsessão. De certo modo, sozinho, ele era já o Partido Socialista, de que viria depois, com Mário Soares e Ramos da Costa, a ser um dos principais fundadores. Mas eu recordo-o assim: Temos de fazer um Partido Socialista. Ou então, na passagem do ano, em que invariavelmente ele brindava sempre da mesma maneira: Para o ano em Portugal.

Era um voluntarista. Para ele, nunca nenhum combate estava perdido. E nenhum objectivo era impossível. Era uma força que lhe vinha de dentro, da firmeza inquebrantável do seu ideal socialista e da sua irredutível oposição ao fascismo e a qualquer forma de opressão e exploração.

Partiu para Roma para abrir caminho à formação do seu Partido Socialista. Aí, com a solidariedade dos socialistas italianos e a colaboração dos seus camaradas, começou a publicar o Portugal Socialista, que de Roma vinha para o interior do país e começou a funcionar como um elo de ligação e um factor de organização.

Estivemos juntos em Roma, na Conferência Europeia dos resistentes antifascistas.

Mas foi depois do 25 de Abril que a nossa amizade se estreitou ainda mais e se tornou indestrutível. Foi em grande parte por ele, pelo António Arnaut e pelo meu cunhado António Portugal que acabei por ingressar no Partido Socialista, que ele, como eu, escrevia sempre por extenso.

Consideravam-no teimoso. E era. Mas por fidelidade ao seu entendimento do que devia ser o Partido Socialista. Se estivesse convencido da sua razão, ninguém o conseguia demover.

Recordo três episódios em que, como em muitos outros, estivemos lado a lado.

Suspendemos o mandato de deputado por 15 dias, para não votarmos a primeira revisão constitucional, como protesto pelo facto de não se respeitar uma negociação feita com o MFA no sentido de, antes da votação, ser prestada homenagem à coerência com que os militares de Abril cumpriram a promessa de devolver o poder aos representantes do povo democraticamente eleitos.

Num congresso do Partido Socialista, em que se apresentou uma proposta de revisão do Programa do partido, feita à pressa e sem consistência, nós apresentámos uma moção contra, assinada por nós os dois.

Defendi a moção na tribuna e o apoio manifestado pelos congressistas tornou claro que a nossa moção seria vencedora. Mário Soares considerou que tal seria desastroso para a preservação do governo do Bloco Central e disse-nos que se a nossa moção fosse aprovada, ele tinha de se demitir de Secretário-Geral. E então o Tito retirou a moção. Por muito grandes que pudessem ser as suas divergências pontuais com Mário Soares, ele considerava, como eu também, que, naquele tempo, a presença de Mário Soares à frente do Partido Socialista era indispensável, não só para o partido, como para a própria consolidação da democracia.

A certa altura houve uma aproximação com aquilo que considerávamos a “ala tecnocrática”. Com razão ou sem ela, fomos contra. Tito, Jaime Gama, José Luís Nunes, Carlos César, Jorge Campinos, alguns outros. Reunião terrível, na Cooperativa dos Pedreiros, no Porto. Saímos do Secretariado. Mais tarde o novo Secretariado entraria em conflito com Mário Soares quando este retirou o apoio a Eanes e se auto suspendeu de Secretário-Geral. Tito veio ter comigo e com Almeida Santos e foi peremptório: temos de apoiar o Mário. E apoiámos, nós três e poucos mais. Pelas mesmas razões de sempre: a autonomia política do Partido.

Podia contar muitos mais episódios de divergências e convergências. Mas o que fica de Tito é o retrato de um homem de um só rosto e um só parecer.

Um socialista praticante. Um resistente. Um homem que viveu sempre do lado esquerdo da vida. Nas ideias e na prática. E também na amizade. Sem nunca deixar de ser um gentleman.

Manuel Alegre

© CCTM (150)

08
Jul10

Um ídolo da minha juventude

CCTM

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O centenário do nascimento do nosso querido Tito, em Lisboa, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, a 28 de Junho de 1910, três meses antes da Revolução que implantou a República, identifica uma data que tem de ser comemorada, pela dimensão do Homem, cujo nome e obra, se pretende, possam continuar bem vivas em todos nós.

Para quem com ele conviveu, com maior ou menor proximidade, recordamos a homem que nunca recuou perante desafios, reflectindo uma solidariedade que sempre exerceu, a Liberdade pela qual combatia e a enorme coragem que o caracterizava.

A sua memória não pode perder-se. É nosso dever dá-lo a conhecer.

Fui solicitado a produzir para “O República” em Novembro de 2001, um testemunho que referisse o facto de ter tido lugar a atribuição, pela CML, do nome Tito de Morais a uma Rua na Cidade na Freguesia da Charneca. Referi a sua localização num Bairro Novo – “que fora construído sobre coisas doridas que se tinham passado na nossa Lisboa” e, dirigindo-me ao Tito, acrescentei que aquela homenagem toponímica, passados muitos anos, levaria os miúdos que por lá brincavam a interrogar-se sobre quem fora o Tito de Morais?

E assim seria sempre, e sempre alguém poderia responder que fora “um Homem grande” que deixara nesta cidade a “riqueza que construíra, a imagem de simplicidade com que vivera e a liberdade que conquistara”.

Acrescentei, que aqueles miúdos iriam esquecer, mas que outros iriam de novo perguntar quem fora o Tito de Morais e, sempre que tal acontecesse, ele iria viver de novo, e os homens no futuro só se iriam lembrar vagamente que estivera entre nós um Homem-bom, que nos deixara no fim do século XX, mas, naquela rua, ficaria um sentido e uma intenção.

A História, essa, conclui, iria fluir despreocupadamente, desligada de tantos que tornaram a vida mais fácil e que só aqui, e ali, a toponímia recordaria. E um dia, de novo, um miúdo se interrogaria sobre quem fora o Tito de Morais.

Esta comemoração do centenário do seu nascimento é por isso um acto necessário, um testemunho de reavivarmos um passado. É um acto de justiça e de reconhecimento.

Conheci o Tito, teria eu os meus treze anos, passava as férias em Almoçageme, tornara-me amigo dos seus, então, cinco filhos. Era um homem impressionantemente dotado da capacidade rara de nos avaliar, adivinhando as nossas intenções. Era o ídolo daquela juventude, e todos nós sentíamos o seu sentido de fraternidade e a imensa capacidade de conquistar a admiração e amizade, apesar de então só vagamente termos conhecimento do que representava, da sua estatura política, do sacrifício do seu passado recente. Mantive sempre uma admiração profunda pelo Homem e fui conhecendo o Político pouco a pouco.

Mais tarde, muito mais tarde, o Tito, depois de muitas vezes ter sido obrigado a abandonar as suas funções, acabou por se fixar em Angola onde exerceu, como profissional, a sua actividade. De Angola partiu para Portugal em 1961, com residência fixa em Lisboa. Partiu depois para França, autorizado pela PIDE. Mas, impossibilitado de conseguir emprego, acabou por ir para o Brasil e, em 1963, instalou-se em Argel onde participou na fundação da Rádio Voz da Liberdade. Em 1964 fundou em Genebra, na qualidade de dirigente da Junta de Salvação Nacional, (Órgão executivo da FPLN), a Acção Socialista Portuguesa com Mário Soares e Ramos Costa.

No dia 25 de Abril estava em Bona, tendo voltado a Portugal no comboio que partiu de Paris na companhia do Mário Soares e do Ramos Costa.

Os filhos, entretanto, foram pouco a pouco abandonando o País e, finalmente, voltaram no 25 de Abril. Retomamos os contactos e, tendo o Tito aceite exercer funções no 6ºGoverno Provisório, aceitei imediatamente ser o seu Chefe de Gabinete e dediquei-me, com enorme satisfação, a servir directamente um Homem que continuou a dedicar a Portugal a sua imensa capacidade, ajudando a ultrapassar um período difícil da sua governação e suscitando dos seus pares uma admiração que importa ser salientada.

Exerceu nessa qualidade com uma coragem, competência e enorme imaginação, num período da nossa História em que era necessário travar o desemprego, uma função, em que a mudança de procedimentos na política de emprego deixou uma marca assinalável. Foi por isso e também, como Governante, um Homem que se soube impor, e o resultado foi indiscutivelmente de uma qualidade que desejaria hoje ver exercitada, agora que, como então, há problemas que têm de ser ultrapassados.

Mas o desempenho dos cargos que o levaram o Tito de Morais até segunda figura da hierarquia dos Órgãos de Soberania em Portugal, não constituíram um percurso de reconhecimento da sua dedicação à coisa Pública, por todos reconhecida, foram antes o reconhecimento da qualidade do desempenho de um Homem que sabia compreender e gerir as situações, que intuía o que fazer e quando o fazer e, principalmente, que se dedicava e amava a sua Terra e queria responder aos problemas sem afastar as gentes.

Compreendi melhor quando, no Cemitério de Cascais lhe foi recentemente prestada uma homenagem e o Almeida Santos, num curto improviso concluiu, que não foram os políticos que não acarinharam o Tito quanto o merecia, o Tito, afirmou, seria aquilo que quisesse e fora sempre aquilo que escolheu ser. Era um Homem livre, que quis, durante toda a sua vida, ser livre e fraterno.

Obrigado, Tito. Talvez nos vejamos dentro de algum tempo.

Manuel van Hoof Ribeiro

© CCTM (149)

08
Jul10

A coragem de um combatente e a fraternidade de um homem

CCTM

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Relembrar o meu Pai é para mim simultaneamente relembrar a sua personalidade e o seu pensamento político.

Homem corajoso e determinado que se entregava, de alma e coração, às causas em que acreditava, homem que desde a sua juventude sentiu o peso da ditadura e das atrocidades cometidas por esta.

Desde sempre tivemos uma ligação de grande cumplicidade. Bastava um olhar. Tudo ficava iluminado. Emanava uma força inesgotável que abria caminhos e ao mesmo tempo nos confortava.

A instauração da democracia e do socialismo em Portugal, a construção de um país melhor, mais justo e fraterno foram as bandeiras por que sempre lutou.

Nunca vacilou, nunca perdeu a esperança, mesmo nas ocasiões mais difíceis que atravessaram a sua vida.

E muitas houve. Preso três vezes, obrigado a ir trabalhar para Angola em resultado das suas opções políticas, que o levaram igualmente mais tarde ao exílio, o meu Pai teve de deixar para trás os pais e os filhos.

Esta separação forçada da sua família e da sua terra nunca apagou nele o amor que lhes tinha, mais, deu-lhe força redobrada para lutar.

O 25 de Abril de 1974 foi o dia da glória. Os capitães de Abril concretizaram os anseios dos portugueses, deram forma ao combate que milhares de democratas, antifascistas e anticolonialistas travaram durante quase cinco décadas.

Para o meu Pai foi também o reagrupamento familiar. Juntou-se aos filhos, aos netos e depois aos bisnetos, alguns dos quais chegou ainda a conhecer.

Foi um “verdadeiro chefe de clã”, agregando todos à sua volta, com o seu humanismo, marca indelével da sua personalidade.

“ (...) eu sei que dei tudo o que me foi possível para se formar em Portugal um Partido Socialista e para se derrotar o fascismo. Coloquei como prioritário na minha luta política, este objectivo”, diria o meu Pai no discurso que proferiu na Homenagem Nacional que lhe prestaram em 30 de Novembro de 1996.

Na ocasião, recusou o carácter pessoal da homenagem e assumiu-a como tendo sido escolhido como símbolo da luta travada e a travar pela liberdade, pelos direitos humanos, pela construção de uma sociedade socialista.

Esta modéstia e desprendimento eram também uma característica sua, que muito orgulho nos dava. E é um grande orgulho para mim ser sua filha.

O meu Pai foi um homem fiel à República, à Democracia e ao Socialismo até ao fim da sua vida. Quando se avizinhavam coligações com a direita, a sua palavra fazia-se sempre ouvir.

No discurso já citado pode ler-se que “é necessário fortalecer o campo de acção que passa pelo fortalecimento do Partido e pela escolha dos aliados”. “Estes só os poderemos encontrar na esquerda, que embora tenha de ser renovada tem princípios intocáveis”, afirmou na ocasião.

Manuel Tito de Morais foi um altruísta. Manuel Tito de Morais foi um democrata.

Maria Carolina Tito de Morais
Presidente da Comissão Executiva das CCTM

© CCTM (148)

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Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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