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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

16
Jul10

Portugal Socialista - Edição Especial - Índice

CCTM

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Índice da Edição Especial do Portugal Socialista 2010.07.02

20100702PortugalSocialista03Indice.jpg

Editorial

Legado, inspiração e estímulo
José Augusto de Carvalho

Sempre em defesa dos valores republicanos e socialistas
António de Almeida Santos

Exemplo de empenho cívico
José Sócrates

Testemunho
Mário Soares

Guardião dos valores do socialismo democrático
J. Ferraz de Abreu

Representou a alma do partido
António Guterres

Um socialista sem medo
Eduardo Ferro Rodrigues

Manuel Tito de Morais, o socialista
Amândio Silva

Combatividade inquebrantável e fidelidade à ética republicana
Ana Gomes

Reabilitar o projecto socialista
António Arnaut

Lembrar e seguir
António Coimbra Martins

Um inesquecível camarada
António Costa

Firmeza das convicções e coerência na acção
António José Seguro

A força das convicções no ideário socialista
António Reis

Militante da amizade
Antunes Ferreira

Figura cimeira da luta pela liberdade
Duarte Cordeiro

Um socialista de fortes convicções
Edmundo Pedro

Um homem de princípios
Germano Lima

Artífice da edificação do Partido Socialista
José Neves

Esta viagem a Tito de Morais é uma passagem geracional de testemunho
Luís Novaes Tito

Um socialista praticante
Manuel Alegre

Um ídolo da minha juventude
Manuel van Hoof Ribeiro

A coragem de um combatente e a fraternidade de um homem
Maria Carolina Tito de Morais

Um ícone da democracia
Maria do Carmo Romão

Porque sem ideias não há convicções e sem ambas não teria havido revolução
Maria Helena Carvalho dos Santos

Tem um lugar na História do país
Maria de Jesus Barroso

Homenagear Tito de Morais é homenagear Abril e a Liberdade
Maria José Gama

Uma referência do Partido Socialista
Maria Manuela Augusto

Memória de um amigo
Pedro Coelho

Manuel Tito de Morais e o 25 de Abril
Pedro Pezarat Correia

Grande lutador pelos valores da justiça social
Vasco Lourenço

Um patriota de excepcional coragem
Vítor Crespo

© CCTM (171)

15
Jul10

Sempre em defesa dos valores republicanos e socialistas

CCTM

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O Eng.º Tito de Morais foi uma das minhas referências políticas. É-o ainda a sua memória.

Conheci-o em Madrid, juntamente com Mário Soares, onde para os encontrar me desloquei, em pleno salazarismo. Mário Soares estava exilado em Paris, e Tito de Morais exilado em Itália. Eu advogava em Lourenço Marques, capital de Moçambique, e vinha com frequência a Lisboa, por motivos profissionais. Encontrava-me com o meu velho amigo Salgado Zenha, com Raul Rego, o Gustavo Soromenho, e os outros revolucionários do costume, que tinha conhecido por intermédio de Soares e Zenha.

O tema do encontro de Madrid foi, como sempre, o problema do Ultramar e o derrube do ditador.

Tito de Morais causou em mim uma forte impressão. O futuro viria a confirmá-la. Ele viria a editar e difundir o “Portugal Socialista” e, mais tarde, esteve entre os fundadores do Partido Socialista.

Reencontrámo-nos na exaltação dos cravos, quando ele e Mário Soares regressaram, livres, a Portugal. Eu estava em Lisboa quando a liberdade eclodiu, vivi a exaltação de ser livre, pela primeira vez, quarenta e oito anos depois de ter nascido e, pouco depois, regressei definitivamente a Portugal para integrar o primeiro governo provisório.

É inimaginável a alegria com que, na cerimónia da posse, pude encontrar a meu lado os meus velhos companheiros de luta Mário Soares, Salgado Zenha e Raul Rego. Além do meu amigo Prof. Adelino da Palma Carlos, como Primeiro-Ministro.

Como entrei para o Governo na qualidade de independente, o PS pôde contar sempre com um voto a mais nas reuniões dos sucessivos governos provisórios – nada menos de cinco – em que participei antes do primeiro governo constitucional. Neste e nos demais de que fiz parte, já votei como militante do P.S.

E foi nos encontros partidários e pessoais, não só como camarada, mas crescentemente amigo, que melhor conheci e crescentemente admirei o Manuel Tito de Morais. Foi para mim, sobretudo, um exemplo de dignidade pessoal. Como lutador político, e sobretudo como agente, foi sempre um corajoso exemplo de aprumo pessoal, rigor funcional, e exigência ética.

Nas reuniões do partido, esteve sempre do lado do respeito pelos princípios e os valores republicanos, democráticos e socialistas. Debalde se lhe oporiam exigências do pragmatismo e da realidade. Foi sempre, nesse sentido, um fervoroso cultor do pensamento utópico. Nunca cultivou a ambição de cargos ou se bateu por eles. Bem ao contrário, rejeitou alguns. No partido foi tudo o que quis ser. Pertenceu sempre aos mais altos órgãos. Fora dele, abriu apenas duas excepções: aceitou ser Secretário de Estado e Presidente da Assembleia da República.

Diferente terá sido a satisfação que um e outro desses cargos lhe proporcionaram. Tito de Morais não era um executivo. Se tivesse querido sê-lo, não lhe teriam faltado oportunidades. Na administração pública e fora dela. Mas não quis.

E não quis, entre outras razões, porque nunca o seduziram as altas honrarias e remunerações, ou mesmo a riqueza em si. Viveu modestamente até ao fim.

Onde terá bebido essa sua tão sedutora personalidade? Decerto nos princípios de ética política a que sempre foi fiel. Mas também nos genes e nos exemplos que herdou de seu pai, um ilustre oficial da Marinha que foi uma figura destacada da revolução republicana de cinco de Outubro de 1910. Bateu-se a partir de barcos surtos no Tejo, e é sabido que, o que mais cedo fez fugir o jovem rei D. Manuel, que não tinha nascido para actos de coragem, foi a bombarda com que um desses barcos logrou atingir o quarto de dormir do rei no Palácio das Necessidades. Em razão disso tomado de pânico, partiu para Mafra, daí para Ericeira, e daí para o exílio, no iate real que tinha estado na origem de um dos escandalosos adiantamentos não pagos à Casa Real, que tanto deterioraram a imagem do rei D. Carlos. Tito de Morais terá herdado de seu pai a mística de aprumo cívico e ético que foi a dominante de toda a sua vida.

Passa este ano o centenário de Manuel Tito de Morais. O País e a República têm para com ele umas dívidas de exemplar cidadania. E se saldássemos essa dívida?

Como seu camarada e amigo; como venerador da sua memória e do seu exemplo, eu veria isso com inultrapassável satisfação. Sei que a Câmara Municipal cogita num busto. Sei que a Assembleia da República programa também uma homenagem. Esses actos são justos. Mas não serão pouco?

António de Almeida Santos
Presidente do Partido Socialista

© CCTM (169)

02
Jul10

Encerramento das Comemorações - Partido Socialista

Luis Novaes Tito
Foi com grande emoção que decorreram os trabalhos do último dia das Comemorações do Centenário de Tito de Morais. Como não poderia deixar de ser, este dia foi dedicado ao Partido Socialista que Tito de Morais "esculpiu", no dizer de Francisco Simões, ou conforme referiu José Sócrates na sessão de homenagem realizada nos jardins da Sede Nacional: "se nós tivéssemos de encontrar alguém que encarnasse o espírito e o carácter do Partido Socialista não escolheríamos melhor que Tito de Morais". (ver vídeo no Site do PS) - (ver notícia no Site do PS) (links indisponíveis)
 
O dia foi marcado por quatro momentos:

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A homenagem conjunta prestada pela Comissão Executiva das CCTM e pelo Partido Socialista, na qual a presidente das CCTM, Carolina Tito de Morais, e o coordenador, Luís Novaes Tito, depuseram um ramo de cravos vermelhos no busto que havia sido descerrado por António Costa junto ao muro do Partido Socialista, na passada quarta-feira, num acto da Câmara Municipal de Lisboa integrado nas comemorações.
António de Almeida Santos, Presidente do Partido Socialista, depôs igualmente um ramo de flores, em seu nome pessoal e em representação do Partido Socialista.
Foi um momento de forte emotividade.
 

O descerramento de uma placa evocativa do centenário, na entrada da Sede Nacional do Partido Socialista. A este acto presidiram o Presidente do Partido e o Secretário-geral, José Sócrates.
Foi um momento de grande significado em que se cantou o hino oficial do Partido Socialista, a Internacional com letra de Manuel Alegre, se ergueram punhos esquerdos no fim do acto e se gritou PS, PS, toda a simbologia que Manuel Alfredo Tito de Morais sempre incentivou na fundação e na organização do PS.

A distribuição do número especial comemorativo do Portugal Socialista, órgão central do Partido Socialista, com o editorial do seu director, José Augusto de Carvalho, que reuniu depoimentos de todos os dirigentes e quadrantes do Partido, de três Capitães de Abril, de membros da Comissão de Honra e da Comissão Executiva das CCTM e ainda de outras pessoas que conheceram de perto a actividade pessoal e política de Tito de Morais.

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A sessão evocativa realizada nos jardins da Sede Nacional do Partido Socialista.

José Sócrates abriu os trabalhos com uma alocução onde caracterizou a personalidade do homenageado e a importância que Tito teve na criação do PS.

José Neves, foi o fundador escolhido para fazer a intervenção (que se transcreve mais abaixo neste blog), Carolina Tito de Morais falou na dupla condição de presidente da Comissão Executiva e de representante da família e Almeida Santos encerrou os trabalhos com uma intervenção onde realçou o carácter de Tito de Morais e a amizade que os uniu.
O dia terminou com uma recepção aos convidados nos jardins do Palácio Praia (sede nacional do PS) onde o convívio e a camaradagem foram os pontos fortes do culminar das comemorações que decorreram toda a semana.
A anunciada actuação gratuita com que Carlos Mendes se prontificou a colaborar na homenagem não se realizou, embora ele estivesse presente, devido a questões orçamentais do Partido Socialista que inviabilizaram o transporte e montagem dos equipamentos instrumentais e sonoros.
Foi servido um "porto de honra".
© CCTM (136)
02
Jul10

Partido Socialista - Encerramento das CCTM

Luis Novaes Tito

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As Comemorações do Centenário do Nascimento de Manuel Alfredo Tito de Morais encerram hoje, dia 2 de Julho, como não podia deixar de ser, na Sede Nacional do Partido Socialista que ele esculpiu, como no dia do descerramento do busto disse o escultor Francisco Simões.

 

Todos, Camaradas e quaisquer outros democratas terão as portas abertas.
Celebramos a democracia, a liberdade, a solidariedade e a fraternidade.
Celebramos a ideia de Tito de Morais.

 

 

16:45 Horas – Deposição pela Comissão Executiva das CCTM e pelo Presidente do Partido Socialista de flores junto ao busto de Tito de Morais.

17:00 Horas – Início da sessão de encerramento das comemorações com o descerramento de uma placa comemorativa na entrada da Sede Nacional do PS.

17:15 Horas – Sessão evocativa. Usarão da palavra o Secretário-Geral do PS, José Sócrates, o cofundador José Neves, a presidente da Comissão Executiva das CCTM, Carolina Tito de Morais, na dupla qualidade de representante da família e encerra a sessão o Presidente do Partido Socialista, Almeida Santos.

Segue-se o lançamento e distribuição do número especial comemorativo do Portugal Socialista, de que Tito de Morais foi fundador ainda no exílio.

Na recepção oferecida pelo PS nos jardins da Sede Nacional haverá uma banca da editora para venda, com preço reduzido, da fotobiografia construída no âmbito destas comemorações.

© CCTM (131)

30
Jun10

Uma vida de luta por um Portugal livre e mais justo

CCTM

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Quero começar por agradecer à Câmara Municipal de Lisboa, em especial ao seu Presidente Dr. António Costa, ao Dr. Manuel Alegre, à Comissão Executiva que organizou estas comemorações na pessoa do Luís Novaes Tito, ao escultor Francisco Simões, ao Partido Socialista que deu todo o apoio logístico e a todos os que se associaram a estas comemorações e nelas participam. Permitam-me também um agradecimento especial ao Presidente do PS, o camarada Almeida Santos, que tem honrado com a sua presença todas as cerimónias destas comemorações.

Caras amigas e amigos, caros camaradas, é com muita honra que estou aqui hoje convosco, com a minha Mãe, as minhas irmãs e meus irmãos e restante família, para neste acto simbólico de descerrar este busto do meu Pai que teria completado 100 anos no passado dia 28 de Junho.

Quando fui escolhido para agradecer em nome da família para falar nestas comemorações hesitei em aceitar.

Primeiro porque sempre tive dificuldade em encontrar palavras para traduzir as minhas emoções e depois ou talvez por isso porque nunca gostei de falar em público. Mas a memória do meu pai e o respeito da luta por um Portugal livre e mais justo, levam-me a fazê-lo.

Eu partilhei com ele a minha infância e juventude, entre Angola, Brasil, Argélia e Itália. Só depois do 25 de Abril, quando ele regressou a Portugal para viver no país livre pelo que tinha combatido, as nossas vidas se separaram.

Vou contar quatro episódios, entre muitos, que o ilustram para mim. O primeiro foi antes de eu nascer, como me foi contado por ele. Quando da campanha do general Norton de Matos, para contornar os obstáculos que o fascismo punha, tinha sido prevista uma manifestação de apoio ao general num teatro. No entanto, encontrava-se a sala com numerosos agentes da PIDE com o intuito de intimidar a assistência.

Foi o meu pai que, ignorando a presença da polícia, se levantou e lançou os vivas ao general que se encontrava no balcão, pondo de pé a assistência. O segundo episódio ocorreu em Angola no seu primeiro exílio fora de Portugal. Ele foi responsável pela electrificação de uma barragem, o Cunene se a memória não me engana. Ele tinha orgulho em recordar que tinha planificado e completado a obra nos prazos previstos. Só quem um dia trabalhou em África, numa zona isolada, e numa altura em as comunicações não existiam, pode perceber o esforço de previsão e supervisão, e a atenção ao detalhe que isso demonstra.

O terceiro episódio que vos queria contar foi quando por lhe serem negadas todas as hipóteses de trabalho em Portugal e na Europa, ele com minha mãe e meu irmão João viajou para o Brasil num barco argentino de imigrantes que partiu de Vigo. A comida a bordo servida à terceira classe onde ele ia, estava estragada. Quando da escala nas Canárias, ele organizou uma greve dos passageiros, impedindo a partida do barco até obter a melhoria das condições.

Por fim, o último episódio ocorreu em 25 de Abril 1974. Ele estava a entrar em Franca, para juntar-se a Mário Soares e Ramos da Costa e apanhar o Sud Express para Portugal. Tinha de o fazer como sempre no carro de um camarada de uma zona fronteiriça neste caso com a Bélgica, apostando que a polícia francesa não fosse controlar o ficheiro. Neste caso teve azar, e a polícia recusou-lhe a entrada. Contou-me ele, quando chegou a Paris, que fez tanto barulho na fronteira que obrigou a presença do chefe da polícia. Foi este, conhecedor do que se estava a passar em Portugal, lhe disse que depois da altercação pública não o podia deixar passar ali, mas ele próprio lhe indicou o caminho por uma fronteira secundária por onde entrar clandestinamente em França.

Foi esta a coragem e determinação que ele consagrou à luta contra o governo fascista. O local escolhido para o acto que nos reúne aqui tem uma forte carga simbólica: estamos paredes-meias com a sede do Partido Socialista, Partido o qual ajudou a fundar com Mário Soares, Ramos da Costa e tantos outros, do mais incógnito militante ao mais conhecido.

Como Manuel Alegre um dia disse, o meu pai era o Partido Socialista antes de o Partido o ser.

Ousaria eu dizer que em certa medida ainda é o Partido Socialista depois de o Partido ser. No princípio dos anos 60, as experiências da luta antifascista e anticolonialista, a própria perseguição de que ele era alvo da parte do regime fizeram-lhe compreender a necessidade de organizar e unir os socialistas numa organização autónoma para isolar o regime fascista ruindo os apoios de que dispunha na Europa ocidental.

Tenho de sublinhar que para esse objectivo, ele contou (Portugal contou) com o apoio total e sem falhas do Partido Socialista Italiano, de muitos dos seus militantes e dirigentes, principalmente Pietro Nenni, Francesco De Martino e Sandro Pertini. Foi o PSI que introduziu os contactos com os outros partidos da Internacional Socialista. Foram esses contactos que minaram as relações entre o regime fascista e as democracias europeias.

Foi o PSI quem permitiu a impressão do Portugal Socialista, que servia de cimento e referência à ASP e depois ao PS. Era um trabalho imenso que eu compartilhei quase sete anos com ele, entre obter os artigos, escrevê-los todos à máquina, corrigir os erros que inevitavelmente os camaradas italianos cometiam a escrever numa língua que não conheciam, recortar as provas para fazer a maqueta e paginação. Depois da impressão ainda era preciso escrever cada mês os endereços em centenas de envelopes, com canetas diferentes, tentando mascarar a escritura para não ser sempre igual. Envelopes que eram depois enviados para correspondentes nos outros partidos da internacional socialista (principalmente Escandinávia, Benelux e Alemanha) de onde eram enviados para Portugal.

Foram também camaradas italianos que vieram inúmeras vezes a Portugal, introduzindo documentos ou dinheiro para as actividades clandestinas, apesar do risco de serem detidos e roubados pela PIDE ao chegar a Portugal, como algumas vezes sucedeu.

Foi também de Itália que meu pai preparou o congresso de fundação do PS para a qual foi advogado ímpar. Além do aspecto político, ocupou-se também da logística do congresso, preparando as pastas para os delegados, copiando as moções a discutir e a declaração de princípios a aprovar.

Essa incansável actividade militante só foi possível também graças à ajuda constante, ao trabalho e ao encorajamento da minha mãe.

Um símbolo do resultado dessa actividade é um desenho de um jornal inglês, The Times, quando da visita que Marcelo Caetano fez a Inglaterra para tentar melhorar a imagem do governo. O núcleo da ASP de Londres, então dirigido por José Neves, com a ajuda do partido trabalhista inglês foi o grande impulsionador de manifestações de hostilidade que marcaram essa visita, transformando-a no contrário do que o regime fascista pretendia. O desenho do Times mostra um grupo compacto de polícias ingleses, entre os pés dos quais surge uma mão estendida que o Primeiro-ministro inglês se apresta a apertar, com a legenda “Dr. Caetano, I presume?”

Quando saí de Itália para estudar para Franca, o meu Pai tinha projectos para fazer um filme sobre a vida do General Humberto Delgado que servisse para tornar consciente da ditadura portuguesa a opinião pública europeia e queria obter dos partidos socialistas o financiamento para lançar uma rádio do partido socialista a partir de um barco ao largo de Portugal no limite das águas internacionais.

No Natal de 1973, quando eu regressava para Franca, depois de ter ido passar as férias em família, ele fez parte do trajecto de comboio comigo. Foi então que ele me anunciou que estava para haver um golpe de estado em Portugal e a sua certeza de que o fim do fascismo estava para breve. Confesso que apesar da convicção inabitual do seu olhar, não acreditei que assim acontecesse e pensei que seria mais uma das desilusões como tinha havido muitas. Quando o voltei a ver, foi em casa de Mário Soares em Paris aonde eu me encontrava a filtrar os telefonemas e tentar apanhar num pequeno transístor a Emissora Nacional e a rádio Clube. Quando ele chegou, vindo do episódio a que já me referi, ficou-me marcado para sempre a alegria sem nome que vi no seu olhar profundo e penetrante que todos os que o conheceram recordam.

Depois disso a história já é mais conhecida, e outros muito melhor do que eu já a contaram. É este o testemunho que queria oferecer do homem e dos feitos que a Câmara Municipal de Lisboa hoje aqui homenageia.

Muito Obrigado.

Manuel Tito de Morais
2010.06.30

© CCTM (124)

30
Jun10

Homenagem dos cidadãos de Lisboa

Luis Novaes Tito

Quando ao meio-dia se descerrou o busto de Tito de Morais na confluência da Rua das Amoreiras com a Dom João V, ao Largo do Rato, os cidadãos de Lisboa passaram a ter mais memória para a necessidade de nunca cruzarem os braços perante as adversidades e o fatalismo.

Por outras palavras igualmente sentidas foi isto que António Costa quis dizer.

Antecedido por Manuel Alegre que num forte discurso descreveu Tito de Morais como um Homem de símbolos e simbologias, um Homem de princípios de que nunca abdicou em toda a sua vida, mesmo quando foi confrontado com o pior e mais brutal que o regime do Estado Novo tinha para oferecer a quem dele discordava.

Já antes Manuel Tito de Morais, filho do homenageado, tinha feito a demonstração da têmpera de seu pai ao relatar a vida de exílio em que o acompanhou.

O escultor Francisco Simões que iniciou as alocuções com um discurso onde frisou o carácter de combatente de Tito de Morais e a resistência que Tito sempre fez às derivas da Declaração de Princípios do PS, fez questão em frisar o orgulho que sentia por ter deixado o seu cunho na arte pública que fica de atalaia ao muro da Sede Nacional Do Partido Socialista.

Presentes, para além do Presidente do Partido Socialista, Almeida Santos, muitos vereadores da CML, diversas entidades e individualidades e muitos cidadãos de Lisboa e também militantes do Partido Socialista que não quiseram deixar de se associar a esta homenagem.

© CCTM (123)

29
Jun10

Foi o tempo dos deputados homenagearem Manuel Tito de Morais

Luis Novaes Tito

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Numa breve cerimónia realizada na rua, o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, a Associação dos ex-deputados – AEDAR – pela voz do seu presidente Luís Barbosa, e Manuel Tito de Morais Oliveira, neto do homenageado, evocaram a memória de Tito de Morais e descerraram a placa que assinala a casa onde viveu Manuel Alfredo Tito Morais depois do seu regresso do exílio.

Jaime Gama referiu na altura o que os levava a fazê-lo: - "simboliza aquilo que (Tito de Morais) foi em vida: como um grande combatente político, um homem bom e sério e um homem de luta pela liberdade e democracia do seu país."

Está lá, na parede do nº 4 da Avenida Magalhães de Lima, em Lisboa, para que quem passe a leia e lembre que este País é obra de homens bons que nos deixaram exemplos de futuro.

Para além dos familiares e do Presidente do Partido Socialista, Almeida Santos, assistiram ao acto todos os membros da Comissão Executiva promotora das Comemorações do Centenário, muitos outros da Comissão de Honra, inúmeras individualidades e muitos cidadãos.

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© CCTM (114)

17
Jun10

Antes Quebrar que Torcer

CCTM

 Segmento do videoclip promocional do documentário sobre a vida de Tito de Morais a passar na RTP2, dia 26 de Junho de 2010, às 21:00 horas

Sinopse Documentário

Manuel Tito de Morais – Antes Quebrar que Torcer

Exílio. Prisão. Perseguição. Clandestinidade. Tortura. Conspiração. Luta. Privação. Sacrifício. Conquista. Construção. Renúncia. Convicção. Manuel Tito de Morais – 1910-1999

Irene Flunser Pimentel, Mário Soares, António Guterres, Almeida Santos, Jaime Gama, Manuel Alegre, António Capucho, Carlos Brito, Adriano Moreira, Pedro Pezarat Correia, Adelino Tito de Morais, António Reis, Carolina Tito de Morais, Luís Novaes Tito, Luisa Tito de Morais, M. Conceição Tito de Morais Pires, Pedro Tito de Morais e Teresa Tito de Morais Mendes, testemunham sobre Manuel Tito de Morais e sobre uma época de quase meio século de ditadura e a sua transição para a Democracia. “Antes Quebrar que Torcer”, um documentário biográfico sobre o político Manuel Tito de Morais.

Manuel Tito de Morais deu os primeiros passos no rescaldo da implantação da República em 1910, um momento histórico para o qual o seu pai muito contribuiu, ao bombardear o Palácio das Necessidades e provocar a fuga da família real. E a verdade é que os valores que nortearam a implantação da República – liberdade, igualdade, fraternidade – serviram de inspiração à longa vida de Tito de Morais.

Desde muito jovem que se manifestou contra a ditadura, sendo desde logo uma voz dissonante e contra a corrente. Por isso foi perseguido, preso, torturado. Teve dois casamentos e oito filhos e a sua família sofreu também o preço dos seus ideais. Viveu em Angola, onde conheceu o lado mais violento do regime. Seguiram-se os exílios no Brasil, em Argel e em Itália. Foi alvo de uma tentativa de emboscada que lhe poderia ter custado a vida. Liderou importantes movimentos de oposição ao regime a partir do exterior. E sem nunca desistir, conseguiu impor a sua visão: criar um Partido Socialista. “Ele já era do Partido Socialista antes do Partido Socialista o ser”, diz Manuel Alegre.

A liberdade por que tanto lutou chegou finalmente quando tinha 64 anos. Regressou do exílio no célebre “comboio da liberdade” com os seus companheiros de luta Mário Soares e Ramos da Costa. Quando parecia que já não havia mais nada para fazer, arregaçou as mangas e dedicou-se à organização do Partido na legalidade. Vieram as conquistas da democracia e da liberdade, mas também as divergências. Foi Secretário de Estado e Presidente da Assembleia da República, mas nunca se deixou corromper pelo deslumbre do poder. Renunciou a deputado quando a orientação do Partido não era que ele defendia e manifestou-se contra as coligações no governo. “Sem ele, a história recente da Democracia não teria sido a mesma” diz António Guterres. Intransigente e teimoso, diz quem o conheceu que Manuel Tito de Morais era de antes quebrar que torcer.

Duração: 58’

Realização – Pedro Clérigo

Jornalista/Guião – Anabela Almeida

Dir. Fotografia/ Imagem – Jorge Afonso

Banda Sonora Original– António José de Almeida

Pós-Produção Áudio – Samuel Rebelo Pós-Produção

HD - Pedro Clérigo

Coordenação Geral Panavideo – Telma Teixeira da Silva

© CCTM (101)

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Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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