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Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

22
Abr10

Um marco da democracia

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Tito de Morais é um marco da democracia portuguesa – serenamente inamovível.

Recordo o Tito em Roma, o Tito em Paris, o Tito em Argel, sempre presente, sempre disponível, sempre empenhado a corpo inteiro no combate pela democracia. Recordo Tito nas alegrias e nas lutas do imediato post-25 de Abril, na batalha pela afirmação e consolidação do Partido Socialista.

PS e Tito de Morais são indissociáveis. Pai fundador, sofreu as agruras do jovem PS nos caminhos difíceis do exílio, suportou os embates da ausência quando sonhava o País que Portugal haveria de ser, no meio das dificuldades reais que diariamente enfrentava.

Cada um de nós nesses tempos que eram de vida dura, mas de sonho fácil, construía a imagem do seu futuro e do País que, julgava viria a ajudar a construir. Nem todos sonhávamos o mesmo, mas havia em comum a generosidade, o respeito pela convivência democrática, um gosto de “liberdade, de igualdade e fraternidade” que tínhamos aprendido a respeitar como valores maiores.

Quando foram depois as desilusões e as esperanças perdidas? Quantos ficaram à deriva, sem valores e sem norte, depois de tantas juras ao povo e pelo povo? Quantos trocaram o que era talvez utopia, mas fazia a sua riqueza pelo pragmatismo que justifica todos os oportunismos? Muitos, não o Tito de Morais que soube sempre permanecer fiel a si próprio. O que faz dele um exemplo. Exemplo de perseverança e coerência.

Tito representa no PS a presença teimosa de um sonho. O sonho de um País socialista – as palavras não o assustam – mais livre, mais fraterno, mais justo.

Lopes Cardoso

Fonte: Portugal Socialista 214 – Outubro de 1996

© CCTM (84)

12
Dez09

Estórias [ III ] - Momentos de recordação, contra o esquecimento

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Foi em 1980 que conheci Tito de Morais. Fizemos a campanha da Frente Republicana e Socialista.

Recordo que fazia parte de um grupo com o Mário Beja Santos também do PS e o António Fontes da ASDI, que só apareceu para um almocito, sendo que eu representava a UEDS.

Pertencia ao grupo minoritário dessa curiosa organização, era membro da comissão política e embora por razões formais tivesse recusado ser candidato tinha participado na comissão do programa da FRS e empenhei-me activamente na campanha.

Com Tito de Morais fiz porta a porta, estive nalgumas fábricas e participei em sessões de esclarecimento. Almocei e jantei algumas vezes com o grupo, a que se juntava de vez em quando algum militante socialista e sempre o motorista. Ficaram-me momentos que recordo.

Na porta de uma fábrica assumira o meu lado esquerdo e distribuía os documentos com o Tito de Morais muito sisudo, pois não, com a ladainha “Contra os contratos a prazo, vota FRS”. Ao almoço sem hostilidade explicou-me o disparate, e eu que o sabia responsável por alguma dessa legislação e que usara o estribilho por vontade de autonomia, fiquei sem argumentos. Não voltei a confrontá-lo.

Numa sessão na Amadora fiz o que julgo uma das minhas 1ªs intervenções fora do circuito estudantil e entrei a matar contra as lógicas urbanas à pato bravo, que dominavam a Amadora, e por uma política ambiental contra a nuclear e por alternativas, etc., etc. No fim recebi, apesar do meu entramelamento, um caloroso abraço. Soube que o António Lopes Cardoso ficou satisfeito.

Num almoço com o Beja Santos a espicaçá-lo, o que não era muito necessário porque Tito de Morais era um contador de estórias da vida, eu, que tinha chegado à UEDS vindo do sector libertário/concelhista percebi o enquadramento e a lógica das políticas do PS e uma leitura magistral das cisões porque tinha passado. A lógica frente popular do Manuel Serra e as suas raízes numa cultura de menor apreço pela democracia política, a cisão entrista/trotskista da Carmelinda sem comentários, esses dois cortes com o registo e a história e ideologia do socialismo democrático e da social-democracia e a ruptura do Lopes Cardoso (personagem também ímpar da nossa democracia a quem preito aqui a minha homenagem) com causas diferentes e que ele premonizava se voltaria a integrar no PS.

Essa e outras conversas marcaram-me e fizeram-me perceber melhor um espírito de serviço público e aproximaram-me do António Lopes Cardoso (quando da crise do/com o Eanes) e viriam a afastar-me dele quando, como Tito de Morais tinha previsto, voltou para o PS (num congresso onde, fique para a história, a minha moção de transformar a UEDS num Partido Radical teve 1/3 dos votos!)

Passamos por muita gente que recordamos e por muita que esquecemos. Do Tito de Morais recordo a integridade e as sólidas bases políticas, e estórias pessoais, assim como a solidariedade empenhada. Com ele recordo esses momentos de luta e de afectos, num período difícil (e qual não é, há que dizê-lo!) e a partilha do pão e do vinho.

António Eloy

(recebido por email em 2009.12.11)

© CCTM (30)

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Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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