Histórico entre históricos
Muitas vezes olhei demoradamente aquela fotografia. Tirada em 19 de Abril de 1973, em Bad Münstereiffel, no célebre Congresso da Fundação que marcou a transformação da Acção Socialista Portuguesa em Partido Socialista, a foto enquadra os heroicos fundadores. Entre eles, Manuel Tito de Morais histórico entre os históricos, alma e corpo da história do PS, um dos primeiros entre alguns dos primeiros.
Manuel Tito de Morais sempre deu tudo pela liberdade, sempre deu tudo pela democracia, sempre deu tudo pelo PS.
Para assim dar tudo por Portugal.
Foi perseguido, preso, torturado, sofreu o exílio, o afastamento de familiares e amigos. Mas nunca desistiu de lutar pelos seus ideais de sempre. Nunca desistiu de ser livre, de ver os portugueses livres, de ver Portugal pleno de liberdade.
Esteve na linha da frente do Movimento de Unidade Democrática, da Resistência Republicana e Socialista, nas candidaturas dos Generais Norton de Matos e Humberto Delgado, na Frente Patriótica de Libertação nacional, e, repito, na fundação da Acção Socialista Portuguesa e do Partido Socialista.
Alcançada a liberdade, Manuel Tito de Morais ajudou a consolidá-la. Conseguida a democracia, contribuiu decisivamente para a sua verdadeira implementação.
Dentro do PS, de que é Presidente honorário, desempenhou as mais altas e destacadas funções.
Engenheiro brilhante, político sólido, lutador e sagaz, de uma tenacidade invulgar, foi membro de vários governos saídos de Abril de 1974, Presidente da Assembleia da República, deputado ilustre.
Mas Manuel Tito de Morais, permitam-me o sublinhado, sempre me impressionou vivamente, também como homem de grande carácter, honestidade e integridade à prova de bala, elevadíssima estatura moral, uma bondade verdadeiramente tocante. Manuel Tito de Morais é para mim um exemplo.
Um exemplo para toda a família socialista e para todos os portugueses.
Um exemplo para Portugal.
António Guterres
Fonte: Portugal Socialista 214 – Outubro de 1996