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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

28
Jul10

Relatório final das CCTM

Luis Novaes Tito

RelatorioFinalCTTM01.jpg

 Relatório do Coordenador da Comissão Executiva
das
Comemorações do Centenário de Tito de Morais

Aprovado por unanimidade e aclamação
2010.07.14

Preâmbulo
Com este relatório pretende-se fazer um resumo sucinto das actividades desenvolvidas por esta Comissão Executiva (CE) e deixar registo que encerre as suas actividades. Depois de aprovado na reunião da CE a realizar no dia 14 de Julho de 2010 deverá ser divulgado. Propõe-se que seja dado conhecimento deste relatório e do documento “Organização e Objectivos” da Comissão Executiva das CCTM ao Presidente da Comissão de Honra e aos principais intervenientes nas acções que foram implementadas.

Enquadramento
No segundo semestre de 2008, a filha mais velha de Manuel Alfredo Tito de Morais, Maria Carolina Tito de Morais Oliveira, começou a reunir familiares e amigos a quem transmitiu a ideia de promover, em 2010, uma homenagem nacional a seu pai por ocasião do centenário do seu nascimento e, nessa altura, constituir uma fundação ou associação que abarcasse não só a memória de Manuel Alfredo, mas também a de Tito Augusto de Morais, seu pai, e as de Maria Palmira Tito de Morais e Augusto Tito de Morais, seus irmãos.

Lançada a ideia e constituído o grupo pró-comissão executiva, iniciaram-se diversos encontros em casa de Maria Carolina que, de forma informal, estabeleceram como objectivos gerais, entre outros, a criação de uma Comissão Executiva, de uma Comissão de Honra, de uma fundação ou associação Tito de Morais, de uma homenagem nacional na Assembleia da República, do descerramento de uma obra de arte pública no município de Lisboa que evoque Manuel Tito de Morais e da construção e a edição de uma fotobiografia.

A inexistência de fundos para realizar estas acções e a composição deste grupo ad-hoc integrado por cidadãos em regime de voluntariado, muitos só com disponibilidade pós-laboral, determinou que se constituísse uma Comissão Executiva coordenada centralmente, mas composta de núcleos executivos com responsabilidade directa na consecução de cada um dos objectivos (Grupos de Trabalho) organizados e coordenados por um responsável e supervisionados por um coordenador-geral, que responderiam perante o plenário da Comissão Executiva. Para além destes GTs, todas as componentes de monitorização, de organização e de administração ficaram a cargo da CE composta pela presidente, pelo coordenador-geral, pela comissão de finanças e por todos os membros que constituíram os GTs.

Dado a ligação histórica do homenageado à fundação e organização da ASP e depois do Partido Socialista, estabeleceram-se contactos privilegiados com o Secretariado Nacional do PS com o intuito de fixar a sede da CE na Sede Nacional do Partido Socialista e fazer do PS o seu primeiro e mais importante parceiro.

A partir daí e conseguido o apoio logístico do Partido Socialista, desenvolveram-se os contactos fundamentais para promover o envolvimento de pessoas, organizações públicas e entidades privadas que garantissem a concretização do projecto. Obtido o assentimento genérico de Jaime Gama, Presidente da Assembleia da República (AR), António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), de António Almeida Santos, Presidente do Partido Socialista (PS) e de Mário Soares, Presidente da Fundação Mário Soares (FMS) iniciou-se o planeamento e programação das acções. O escultor Jorge Melício, membro fundador da CE, apresentou a maqueta do seu projecto de arte pública que mais tarde veio a retirar por dificuldades de negociação com a CML. Perante isto a CE convidou o escultor Francisco Simões que, tendo de imediato aceite, acabou por concretizar a construção do busto de Tito de Morais.

Das diversas propostas de editores para a elaboração da fotobiografia, o Partido Socialista seleccionou a editora Guerra e Paz, tendo ficado acordado que adquiria 600 exemplares do livro, condição da editora para produzir a obra cujos conteúdos foram da responsabilidade integral da Comissão Executiva que, entretanto, já estava a trabalhar em pleno para concretização dos objectivos que tinha estabelecido.

Já no decurso do planeamento das acções pela Comissão Executiva foi decidido criar um Blog da Comissão Executiva para registo e divulgação das CCTM, com replicações para as redes sociais. Foi igualmente decidido solicitar à RTP a produção de um documentário sobre a vida de Tito de Morais e uma acção no Grande Oriente Lusitano.

Destaques no decurso dos trabalhos:
O falecimento de Raquel Reis (membro fundadora da CE)
A anuência do Senhor Presidente da República para presidir à Comissão de Honra e a anuência do Senhor Presidente da Assembleia da República, do Senhor Primeiro-Ministro e de todos os Presidentes dos Tribunais para integrarem a CH, facto que deu a estas CCTM a relevância de Comemorações Nacionais.

Contas
Ficam anexas a este relatório, as contas apresentadas pela Comissão de Finanças. A realização dos nossos trabalhos não obrigou à manipulação de qualquer monetário. As acções desenvolvidas foram directamente pagas pelas diversas entidades que promoveram os eventos a quem lhes prestou serviços. A impressão do catálogo-programa da autoria da CE constituiu um donativo sem quaisquer contrapartidas.

Material produzido:

Pela CE:
A fotobiografia de Manuel Tito de Morais;
O marcador do livro da fotobiografia;
O desdobrável-tríptico destinado às estruturas do Partido Socialista (com a colaboração gráfica da Fundação Junção do Bem e gráfica e tipográfica do Partido Socialista);
O catálogo-programa das CCTM (com a colaboração gráfica de Martins Lemos, Ldª e tipográfica de a Triunfadora);
O Blog da CE das CCTM (http://titomorais.blogs.sapo.pt) da autoria, administração e manutenção técnica do coordenador da CE das CCTM; 
O mural e eventos nas Redes Sociais (Facebook, Twitter e Plaxo); e
Os Estatutos da Associação Tito de Morais.

Pela AR:
A brochura biográfica de Tito de Morais;
Os convites para o descerramento da placa comemorativa da casa de Lisboa de Tito de Morais e para a sessão de Homenagem na Assembleia da República.

Pela CML:
O busto em bronze de autoria de Francisco Simões e a respectiva base em pedra;
Os convites para a sessão de abertura das CCTM no Palácio Galveias e para o descerramento do busto de Tito de Morais. 

Pelos CTT:
O postal-inteiro comemorativo do Centenário do Nascimento de Tito de Morais.

Pela FMS:
Os diversos painéis para a exposição fotográfica patente na sessão na FMS; 
Os convites para a sessão realizada na FMS.

Pelo GOL:
Os convites para a sessão realizada no Grande Oriente Lusitano.

Pela RTP:O documentário “Manuel Tito de Morais – Antes Quebrar que Torcer” produzido e realizado pela Panavídeo. 

Pelo PS
Edição Especial Comemorativa do Portugal Socialista (os convites aos autores dos depoimentos e a recolha, revisão e alinhamento dos textos foi da responsabilidade da CE);
Edição e publicação no Acção Socialista de diversos artigos sobre as actividades da CE, mobilização das estruturas do PS, divulgação do Voto de Homenagem a ser aprovado pelas diversas estruturas do PS, cobertura da Conferência de Imprensa e cobertura de diversos eventos no âmbito da semana de comemorações;
A placa evocativa de Tito de Morais, em liga metálica, afixada na entrada da Sede Nacional;
Os Roll Up usados em diversos eventos das CCTM;
A impressão do desdobrável-tríptico;
A impressão de cartões, papel timbrado e envelopes da CE;
Os convites para a sessão realizada na Sede Nacional.

Eventos produzidos:

• Lançamento da fotobiografia na Livraria Bertrand do Chiado. - Oradores: Teresa Loureiro, Guilherme d’Oliveira Martins e Nuno Tito de Morais Ramos de Almeida. - Assistência diversificada composta por muitos membros da Comissão de Honra e todos da Comissão Executiva, pelo Presidente do PS, personalidades ligadas à cultura, convidados e cidadãos em geral.
• Passagem do documentário "Antes quebrar que torcer" numa produção da Panavídeo para a RTP2 (e RTPi).
Sessão de abertura das CCTM no Palácio Galveias (cedência gratuita do edifício municipal pela CML). - Oradores: Catarina Vaz Pinto, Luís Novaes Tito, Pedro Coelho, Teresa Loureiro, Fernando Rosas e Teresa Tito de Morais Mendes. - Funcionou uma banca de venda da fotobiografia (da responsabilidade da editora). - Foi servido um porto de honra nos jardins do palácio. - Assistência diversificada com destaque para a Embaixadora da Argélia;
Descerramento da placa comemorativa na casa de Lisboa onde viveu Tito de Morais, uma acção conjunta da Assembleia da República e da Associação dos ex-deputados da Assembleia da República (AEDAR). - Oradores: Luís Barbosa, Manuel Tito de Morais Oliveira e Jaime Gama. -Descerramento com a Bandeira Nacional. - Assistência composta por deputados e ex-deputados da AR, Presidente do PS, elementos da CE e da CH, convidados e cidadãos em geral.
Emissão do postal-inteiro, uma acção conjunta dos Correios e Telecomunicações de Portugal (CTT) e da AR. - Oradores: Pedro Coelho e Carolina Tito de Morais. - Aposição por Jaime Gama, Pedro Coelho e Carolina Tito de Morais do carimbo comemorativo em diversos exemplares. - Assistência composta por deputados e ex-deputados da AR, representantes dos Grupos Parlamentares, Ministro dos Assuntos Parlamentares, representantes do Poder Judicial, representantes das Centrais Sindicais, das Confederações Patronais e das diversas Ordens profissionais, elementos da CE e da CH das CCTM, convidados e cidadãos em geral.
Sessão de homenagem nacional da Assembleia da República. - Oradores: Luís Barbosa (AEDAR), Domingos Abrantes (PCP), Fernando Rosas (BE), Narana Coissoró (CDS), Mota Amaral (PSD), Maria de Belém Roseira (PS), Carolina Tito de Morais (CE) e Jaime Gama (PAR). - A sessão decorreu na biblioteca da AR. - Esteve patente uma pequena exposição/mostra de documentação e imagem produzida no período em que Tito de Morais foi Presidente da AR. - Foi distribuída a brochura biográfica produzida pelos Serviços da Assembleia da República. - Foi servido um “porto de honra”. - Assistência composta por deputados e ex-deputados da AR, representantes dos Grupos Parlamentares, Ministro dos Assuntos Parlamentares, representantes do Poder Judicial, representantes das Centrais Sindicais e do Sindicato dos Jornalistas, das Confederações Patronais e de diversas Ordens Profissionais, elementos da CE e da CH das CCTM, convidados e cidadãos em geral.
Descerramento do busto de Tito de Morais pela Câmara Municipal de Lisboa. - O busto em bronze assente em base de pedra ficou implementado no jardim público na confluência da Rua das Amoreiras com a Dom João V, ao Largo do Rato. - Foi descerrado pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa e pelos filhos e netos de Tito de Morais. - Foi tocado o Hino Maria da Fonte. - Oradores: Francisco Simões (escultor), Manuel Tito de Morais, Manuel Alegre e António Costa. - Assistência composta por muitos vereadores da Câmara Municipal de Lisboa, pelo Presidente e membros do Secretariado Nacional do PS, deputados da AR, elementos da CE e da CH das CCTM, convidados e cidadãos em geral, entre eles muitos munícipes de Lisboa.
Sessão de Homenagem no Grande Oriente Lusitano. - Oradores: Luís Medeiros Ferreira, José Paulo da Silva Graça, Amândio Silva, Manuel Tito de Morais Oliveira e António Reis. - Sessão Branca. - Visita ao Museu Maçónico. - Assistência composta por elementos da CE, por familiares de Tito de Morais e por convidados do GOL.
Escritura da Associação Tito de Morais. - Apresentação e escritura dos Estatutos da Associação o Acto notarial. - Assistência composta por elementos da CE, por familiares de Tito de Morais e pelos fundadores da Associação.
Sessão histórica na Fundação Mário Soares. - Oradores: Mário Soares, Medeiros Ferreira, Pezarat Correia e Isabel Tito de Morais Correia Pires. - A sessão decorreu no auditório da FMS. - Esteve patente uma pequena exposição fotográfica e documental promovida pela Fundação. - Foi servido um "porto de honra". -  Assistência diversificada composta por deputados, elementos da CE e da CH das CCTM, convidados da FMS e cidadãos em geral.
Homenagem da Comissão Executiva e do Partido Socialista. - Deposição de flores junto ao busto de Tito de Morais.
Sessão de encerramento das CCTM no Palácio Praia – Sede Nacional do Partido Socialista. - Descerramento de uma placa comemorativa na entrada da Sede Nacional do PS. - Descerramento com a Bandeira do Partido Socialista. - Tocou o Hino Oficial do Partido Socialista. - Sessão evocativa nos jardins do palácio. - Oradores: José Sócrates, José Neves, Carolina Tito de Morais e António de Almeida Santos. - Lançamento e distribuição do número especial do Portugal Socialista. - Tocou e cantou-se o Hino Nacional. - Funcionou uma banca de venda da fotobiografia (da responsabilidade da editora). - Foi servido um “porto de honra” nos jardins do palácio. - Assistência composta essencialmente pela direcção do Partido Socialista, fundadores do PS, elementos da CE e da CH das CCTM, membros dos órgãos distritais e concelhios e por militantes do PS.

 

Acervo entregue à Associação Tito de Morais:
- Dois exemplares da Fotobiografia da autoria da Comissão Executiva das CCTM editada pela Guerra e Paz. - Diversos exemplares do marcador de Livros da fotobiografia. - Um exemplar da brochura biográfica produzida pela Assembleia da República. - Diversos exemplares do catálogo-programa da autoria da CE das CCTM. - Diversos exemplares do desdobrável-tríptico da autoria da CE das CCTM. - Dois exemplares da edição especial comemorativa do Portugal Socialista.  Dois exemplares do postal-inteiro com carimbo do dia dos CTT/Assembleia da República. - Um poster do roll-up das CCTM. - Listagem final da Comissão de Honra. - Correspondência recebida e produzida no decurso dos trabalhos das CCTM. - O presente relatório. - O relatório de contas da CE. -Documento "Organização e Objectivos" da CE das CCTM. - Texto base da fotobiografia. - Cartas convite para a Comissão de Honra, Listagem de membros e colectânea de respostas. - Carta convite para depoimentos no Portugal Socialista, Listagem de convidados e colectânea de textos recebidos. - Carta convite e Voto de Homenagem enviados a todas as estruturas do PS, listagem e colectânea de respostas. - Listagem dos convidados da Comissão Executiva.

 

Recomendações à Associação Tito de Morais:
A ATM deverá recolher e compilar todos os registos efectuados no decurso das CCTM, em todos os suportes, como por exemplo, o documentário "Antes quebrar do que torcer", os filmes promocionais produzidos, os registos multimédia e fotográficos da AR, CML, PS, FMS, depoimentos e discursos dos diversos interventores e todo o registo feito no Blog da Comissão Executiva. Deverá ainda solicitar ao Partido Socialista uma colecção do Acção Socialista composta pelas edições deste jornal no período entre 2008 e o final de 2010.

 

São referências deste relatório:
- As Actas da Comissão Executiva, que tiveram como relatora até ao seu falecimento Raquel Reis, e posteriormente Luísa Tito de Morais e, nas suas faltas, Teresa Tito de Morais Mendes. - O documento “Organização e Objectivos” da CE das CCTM. - O catálogo-programa das comemorações. - O texto da carta-convite para a Comissão de Honra. - O texto da carta-convite para depoimentos no Portugal Socialista. - A carta convite para aprovação do Voto de Homenagem.

 

Nota final

Só com o civismo e o esforço desinteressado desta Comissão Executiva foi possível realizar um tão grande e importante número de acções. Só com o envolvimento das entidades e personalidades que anuíram à Comissão de Honra com destaque para o Senhor Presidente da República, Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva, que a presidiu, se permitiu dar impacto nacional às CCTM. Só com a participação activa do Presidente do PS, Dr. António de Almeida Santos, tanto nos trabalhos da CE como nos actos por ela promovidos, foi possível levar as acções do PS a bom-porto. Só com a boa-vontade e colaboração dos diversos promotores intervenientes foi conseguido o sucesso da homenagem que nos propusemos fazer a Manuel Alfredo Tito de Morais. Só com o envolvimento dos nossos convidados, convidados dos promotores e cidadãos em geral, foram atingidos os objectivos planeados.

É a própria Nação que está de parabéns por ter conseguido concretizar a justa homenagem que Tito de Morais merecia e através dela se ter passado a mensagem sobre o exemplo que deixa às gerações vindouras.

Apesar do silêncio, com raras excepções, da Comunicação Social, que diminuiu o impacto do nosso apelo à ética e aos princípios que através das CCTM queríamos fazer chegar ao País, temos razões para estar orgulhosos com a realização de todos os nossos principais objectivos. Roçámos a excelência.

Deixo a todos uma saudação fraterna e agradecida por me terem dado a honra de coordenar todo o esforço desenvolvido.

Lisboa, 14 de Julho de 2010
Luís Novaes Tito
Coordenador da CE das CCTM

© CCTM (173)

30
Jun10

Descerramento do busto de Tito de Morais - imagens iniciais

Luis Novaes Tito

Só uma amostra do descerramento do busto de Tito de Morais que nenhuma televisão passou.

É pena que a assistência apresentada no início seja a que estava muito antes de se ter iniciado a cerimónia. Fica-se com uma ideia errada do número de pessoas presentes.

Igualmente é pena que, dos 4 oradores, só tenham dado imagens de 3 tendo excluído o Manuel Tito de Morais, filho do homenageado, que contou muito do percurso de exílio que teve de fazer com o seu pai. (intervenção no Post anterior)

© CCTM (125)

30
Jun10

Uma vida de luta por um Portugal livre e mais justo

CCTM

20100630BustoManuelTM01.jpg

Quero começar por agradecer à Câmara Municipal de Lisboa, em especial ao seu Presidente Dr. António Costa, ao Dr. Manuel Alegre, à Comissão Executiva que organizou estas comemorações na pessoa do Luís Novaes Tito, ao escultor Francisco Simões, ao Partido Socialista que deu todo o apoio logístico e a todos os que se associaram a estas comemorações e nelas participam. Permitam-me também um agradecimento especial ao Presidente do PS, o camarada Almeida Santos, que tem honrado com a sua presença todas as cerimónias destas comemorações.

Caras amigas e amigos, caros camaradas, é com muita honra que estou aqui hoje convosco, com a minha Mãe, as minhas irmãs e meus irmãos e restante família, para neste acto simbólico de descerrar este busto do meu Pai que teria completado 100 anos no passado dia 28 de Junho.

Quando fui escolhido para agradecer em nome da família para falar nestas comemorações hesitei em aceitar.

Primeiro porque sempre tive dificuldade em encontrar palavras para traduzir as minhas emoções e depois ou talvez por isso porque nunca gostei de falar em público. Mas a memória do meu pai e o respeito da luta por um Portugal livre e mais justo, levam-me a fazê-lo.

Eu partilhei com ele a minha infância e juventude, entre Angola, Brasil, Argélia e Itália. Só depois do 25 de Abril, quando ele regressou a Portugal para viver no país livre pelo que tinha combatido, as nossas vidas se separaram.

Vou contar quatro episódios, entre muitos, que o ilustram para mim. O primeiro foi antes de eu nascer, como me foi contado por ele. Quando da campanha do general Norton de Matos, para contornar os obstáculos que o fascismo punha, tinha sido prevista uma manifestação de apoio ao general num teatro. No entanto, encontrava-se a sala com numerosos agentes da PIDE com o intuito de intimidar a assistência.

Foi o meu pai que, ignorando a presença da polícia, se levantou e lançou os vivas ao general que se encontrava no balcão, pondo de pé a assistência. O segundo episódio ocorreu em Angola no seu primeiro exílio fora de Portugal. Ele foi responsável pela electrificação de uma barragem, o Cunene se a memória não me engana. Ele tinha orgulho em recordar que tinha planificado e completado a obra nos prazos previstos. Só quem um dia trabalhou em África, numa zona isolada, e numa altura em as comunicações não existiam, pode perceber o esforço de previsão e supervisão, e a atenção ao detalhe que isso demonstra.

O terceiro episódio que vos queria contar foi quando por lhe serem negadas todas as hipóteses de trabalho em Portugal e na Europa, ele com minha mãe e meu irmão João viajou para o Brasil num barco argentino de imigrantes que partiu de Vigo. A comida a bordo servida à terceira classe onde ele ia, estava estragada. Quando da escala nas Canárias, ele organizou uma greve dos passageiros, impedindo a partida do barco até obter a melhoria das condições.

Por fim, o último episódio ocorreu em 25 de Abril 1974. Ele estava a entrar em Franca, para juntar-se a Mário Soares e Ramos da Costa e apanhar o Sud Express para Portugal. Tinha de o fazer como sempre no carro de um camarada de uma zona fronteiriça neste caso com a Bélgica, apostando que a polícia francesa não fosse controlar o ficheiro. Neste caso teve azar, e a polícia recusou-lhe a entrada. Contou-me ele, quando chegou a Paris, que fez tanto barulho na fronteira que obrigou a presença do chefe da polícia. Foi este, conhecedor do que se estava a passar em Portugal, lhe disse que depois da altercação pública não o podia deixar passar ali, mas ele próprio lhe indicou o caminho por uma fronteira secundária por onde entrar clandestinamente em França.

Foi esta a coragem e determinação que ele consagrou à luta contra o governo fascista. O local escolhido para o acto que nos reúne aqui tem uma forte carga simbólica: estamos paredes-meias com a sede do Partido Socialista, Partido o qual ajudou a fundar com Mário Soares, Ramos da Costa e tantos outros, do mais incógnito militante ao mais conhecido.

Como Manuel Alegre um dia disse, o meu pai era o Partido Socialista antes de o Partido o ser.

Ousaria eu dizer que em certa medida ainda é o Partido Socialista depois de o Partido ser. No princípio dos anos 60, as experiências da luta antifascista e anticolonialista, a própria perseguição de que ele era alvo da parte do regime fizeram-lhe compreender a necessidade de organizar e unir os socialistas numa organização autónoma para isolar o regime fascista ruindo os apoios de que dispunha na Europa ocidental.

Tenho de sublinhar que para esse objectivo, ele contou (Portugal contou) com o apoio total e sem falhas do Partido Socialista Italiano, de muitos dos seus militantes e dirigentes, principalmente Pietro Nenni, Francesco De Martino e Sandro Pertini. Foi o PSI que introduziu os contactos com os outros partidos da Internacional Socialista. Foram esses contactos que minaram as relações entre o regime fascista e as democracias europeias.

Foi o PSI quem permitiu a impressão do Portugal Socialista, que servia de cimento e referência à ASP e depois ao PS. Era um trabalho imenso que eu compartilhei quase sete anos com ele, entre obter os artigos, escrevê-los todos à máquina, corrigir os erros que inevitavelmente os camaradas italianos cometiam a escrever numa língua que não conheciam, recortar as provas para fazer a maqueta e paginação. Depois da impressão ainda era preciso escrever cada mês os endereços em centenas de envelopes, com canetas diferentes, tentando mascarar a escritura para não ser sempre igual. Envelopes que eram depois enviados para correspondentes nos outros partidos da internacional socialista (principalmente Escandinávia, Benelux e Alemanha) de onde eram enviados para Portugal.

Foram também camaradas italianos que vieram inúmeras vezes a Portugal, introduzindo documentos ou dinheiro para as actividades clandestinas, apesar do risco de serem detidos e roubados pela PIDE ao chegar a Portugal, como algumas vezes sucedeu.

Foi também de Itália que meu pai preparou o congresso de fundação do PS para a qual foi advogado ímpar. Além do aspecto político, ocupou-se também da logística do congresso, preparando as pastas para os delegados, copiando as moções a discutir e a declaração de princípios a aprovar.

Essa incansável actividade militante só foi possível também graças à ajuda constante, ao trabalho e ao encorajamento da minha mãe.

Um símbolo do resultado dessa actividade é um desenho de um jornal inglês, The Times, quando da visita que Marcelo Caetano fez a Inglaterra para tentar melhorar a imagem do governo. O núcleo da ASP de Londres, então dirigido por José Neves, com a ajuda do partido trabalhista inglês foi o grande impulsionador de manifestações de hostilidade que marcaram essa visita, transformando-a no contrário do que o regime fascista pretendia. O desenho do Times mostra um grupo compacto de polícias ingleses, entre os pés dos quais surge uma mão estendida que o Primeiro-ministro inglês se apresta a apertar, com a legenda “Dr. Caetano, I presume?”

Quando saí de Itália para estudar para Franca, o meu Pai tinha projectos para fazer um filme sobre a vida do General Humberto Delgado que servisse para tornar consciente da ditadura portuguesa a opinião pública europeia e queria obter dos partidos socialistas o financiamento para lançar uma rádio do partido socialista a partir de um barco ao largo de Portugal no limite das águas internacionais.

No Natal de 1973, quando eu regressava para Franca, depois de ter ido passar as férias em família, ele fez parte do trajecto de comboio comigo. Foi então que ele me anunciou que estava para haver um golpe de estado em Portugal e a sua certeza de que o fim do fascismo estava para breve. Confesso que apesar da convicção inabitual do seu olhar, não acreditei que assim acontecesse e pensei que seria mais uma das desilusões como tinha havido muitas. Quando o voltei a ver, foi em casa de Mário Soares em Paris aonde eu me encontrava a filtrar os telefonemas e tentar apanhar num pequeno transístor a Emissora Nacional e a rádio Clube. Quando ele chegou, vindo do episódio a que já me referi, ficou-me marcado para sempre a alegria sem nome que vi no seu olhar profundo e penetrante que todos os que o conheceram recordam.

Depois disso a história já é mais conhecida, e outros muito melhor do que eu já a contaram. É este o testemunho que queria oferecer do homem e dos feitos que a Câmara Municipal de Lisboa hoje aqui homenageia.

Muito Obrigado.

Manuel Tito de Morais
2010.06.30

© CCTM (124)

30
Jun10

Homenagem dos cidadãos de Lisboa

Luis Novaes Tito

Quando ao meio-dia se descerrou o busto de Tito de Morais na confluência da Rua das Amoreiras com a Dom João V, ao Largo do Rato, os cidadãos de Lisboa passaram a ter mais memória para a necessidade de nunca cruzarem os braços perante as adversidades e o fatalismo.

Por outras palavras igualmente sentidas foi isto que António Costa quis dizer.

Antecedido por Manuel Alegre que num forte discurso descreveu Tito de Morais como um Homem de símbolos e simbologias, um Homem de princípios de que nunca abdicou em toda a sua vida, mesmo quando foi confrontado com o pior e mais brutal que o regime do Estado Novo tinha para oferecer a quem dele discordava.

Já antes Manuel Tito de Morais, filho do homenageado, tinha feito a demonstração da têmpera de seu pai ao relatar a vida de exílio em que o acompanhou.

O escultor Francisco Simões que iniciou as alocuções com um discurso onde frisou o carácter de combatente de Tito de Morais e a resistência que Tito sempre fez às derivas da Declaração de Princípios do PS, fez questão em frisar o orgulho que sentia por ter deixado o seu cunho na arte pública que fica de atalaia ao muro da Sede Nacional Do Partido Socialista.

Presentes, para além do Presidente do Partido Socialista, Almeida Santos, muitos vereadores da CML, diversas entidades e individualidades e muitos cidadãos de Lisboa e também militantes do Partido Socialista que não quiseram deixar de se associar a esta homenagem.

© CCTM (123)

30
Jun10

Busto de Tito de Morais - agenda

Luis Novaes Tito

20100629Busto02.jpg

Ao fim da tarde de ontem, faziam-se os últimos preparativos para que Manuel Tito de Morais passe a ter, a partir de hoje ao meio-dia, a homenagem que Lisboa lhe deve.

Perto, quase encostado ao muro da Sede Nacional do PS, como um marco em reconhecimento de uma vida dedicada às ideias da liberdade, da solidariedade, da fraternidade e de igualdade de oportunidades que o Tito sempre quis que fossem as bases do seu Partido Socialista.

O busto que António Costa vai descerrar numa sessão onde Manuel Alegre não deixará de evocar essas ideias defendidas com enormes custos por Tito de Morais, é uma memória em bronze para que nunca se esqueça que esses princípios são um bem que exigem luta e conquista todos os dias.

Usarão ainda da palavra o escultor Francisco Simões e Manuel Tito de Morais, filho do homenageado.

© CCTM (121)

04
Mai10

Busto de Tito de Morais

CCTM

BustoEscultor01.jpg

No âmbito da Comemorações do Centenário de Tito de Morais (CCTM) irá ser descerrado um busto de Manuel Alfredo Tito de Morais no jardim público na confluência da Rua das Amoreiras com a Dom João V, ao Largo do Rato (Amoreiras/Rato).

Será uma homenagem da Câmara Municipal de Lisboa estando ainda por determinar o dia em que vai ocorrer (30 de Junho, 1 ou 2 de Julho).

A obra está a ser criada no atelier de São Pedro de Sintra do escultor Francisco Simões e será composta por três peças:

O busto, uma pedra de suporte e uma placa a afixar na parte exterior do muro do jardim da Sede do Partido Socialista.

 ...

Breve biografia de Francisco Simões

Nasceu em Porto Brandão, Almada, em 1946. Concluiu o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio em 1965 e o curso de Escultura da Academia de Música e Belas Artes da Madeira em 1974. Em 1967 foi bolseiro da OCDE em Roma, Turim, Novara, Verona e Milão e no ano seguinte trabalhou no Museu do Louvre a convite de Germain Bazin.

Em 1989 foi nomeado, pelo Ministério da Educação, consultor de Artes Plásticas para o projecto A Cultura começa na Escola, em 1990 foi colaborador do JL (Jornal de Letras, Artes e Ideias) e em 1992 foi nomeado, pelo Ministério da Educação, membro do grupo de trabalho de Humanização e Valorização Estética dos espaços Educativos.

Em 1996, a Escola Secundária do Laranjeiro passou a ter o seu nome, como homenagem. Vive e trabalha em Sintra desde 1991. É pintor e escultor e conta com uma série de monumentos e obras em espaços públicos, nomeadamente as esculturas do Parque dos Poetas, em Oeiras.

Considerando o desenho a fala do artista, a expressão mais imediata, a mais intensa, Francisco Simões tem como motivo recorrente nos seus trabalhos, a mulher, à qual incute um aspecto robusto e sereno. O seu desenho é despojado e simplificado, denunciando a sua tarefa de escultor.

(imagem e CV de Teresa e Jaime Mendes)

...

TitoMoraisAutorizacaoPlacaBustoPS.jpg

© CCTM (86)

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Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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