Tito de Morais é um homem de princípios, um daqueles militantes que o são não apenas uns dias, nem alguns anos, mas ao longo de toda uma vida e que por isso mesmo, como dizia Bertolt Brecht num célebre poema, “são imprescindíveis”.
Daí que tivesse de ser homenageado nas páginas do Portugal Socialista que criou no exílio com tantos sacrifícios e que, feliz coincidência, este número assinale o reinício da sua publicação regular.
Tito de Morais foi também, como refere Mário Soares, “o grande organizador do Partido Socialista na versão que lhe foi impressa desde a sua fundação, em Bad Munsterelifel, em 1973”.
Mas é também “um dos fundadores do nosso regime democrático e uma grande referência do socialismo humanista” e “um lutador indomável”, a quem Jorge Sampaio, como Presidente da República, expressa “o testemunho de gratidão por tudo o que tem feito para que Portugal seja um país livre e solidário”.
É a gratidão que lhe é devida não só pelos socialistas, mas por todos os democratas pois como afirma António Guterres “Manuel Tito de Morais sempre deu tudo pela liberdade, sempre deu tudo pela democracia, sempre deu tudo pelo PS”, desta forma, “para assim dar tudo por Portugal”.
A coerência, verticalidade, honestidade e integridade de Tito de Morais, inseparáveis do homem de princípios que o Tito de Morais sempre foi, fazem dele um exemplo para as jovens gerações do que deve ser a generosidade do compromisso político.
É por isso um acto de pedagogia cívico e socialista, promover esta homenagem ao Tito de Morais e divulgar todos estes testemunhos sobre o combate corajoso que sempre travou pelo socialismo democrático.
Testemunho de novos e velhos companheiros de luta, cujas vidas se cruzaram com a sua e a partir daí se tornaram por isso mesmo mais exigentes no esforço de construir um Portugal Socialista. De referir a entrevista ao Tito de Morais que a Maria José Calheiros da Gama elaborou e que se publica neste número, que constitui um esboço do que poderá vir a ser um estudo sobre a sua vida e acção, que se torna urgente começar a fazer.
É por isso que, como a luta do Tito de Morais continua, esta homenagem é apenas um momento de justificada gratidão, de muitos que com ele querem continuar a lutar a seu lado.
José Leitão
Fonte: Portugal Socialista 214 – Outubro de 1996
Notas: José Leitão era na altura o Director do Portugal Socialista e este texto foi o editorial deste número especial.
José Leitão é actualmente o autor do Blog Inclusão e Cidadania
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