Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

28
Jul10

Audiência com o Presidente da República

Luis Novaes Tito

20100728CumprimentosPR01.jpg

Uma delegação da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais composta pela sua Presidente, Carolina Tito de Morais, pelo Coordenador Nacional, Luís Novaes Tito, e por José Neves foi recebida ontem, dia 28 de Julho, pelo Presidente da República a quem apresentou o relatório final das CCTM (publicado de seguida) e agradeceu a anuência de Cavaco Silva para ter presidido à Comissão de Honra das comemorações.

Tratou-se de um encontro de grande cordialidade (link indisponível) onde se realçou, nas palavras do Presidente, "a importância de não deixar na História lapsos de tempo e de relevo para memória futura". Por parte da Comissão Executiva ficou a mensagem de que a homenagem nacional, promovida por iniciativa de um grupo de cidadãos, familiares e amigos de Tito de Morais, foi também um momento de evocação da ética e dos princípios que sempre deverão estar presentes no espírito de quem assume, em democracia, a condução política da Nação.

A CE foi acolhida no Palácio de Belém por António Araújo, Assessor para os Assuntos Políticos do PR, que igualmente acompanhou a audiência.

© CCTM (175)

28
Jul10

Apresentação do relatório final ao Presidente da República

Luis Novaes Tito

No dia 28 de Julho de 2010 uma delegação da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais composta por Carolina Tito de Morais (Presidente da CE), Luís Novaes Tito (coordenador da CE) e José Neves foi recebida pelo Presidente da República, que também foi o Presidente da Comissão de Honra das CCTM, a quem agradeceu e apresentou o relatório final da concretização das Comemorações.

© CCTM (174)

16
Jul10

Portugal Socialista - Edição Especial - Índice

CCTM

PortugalSocialista.jpg

Índice da Edição Especial do Portugal Socialista 2010.07.02

20100702PortugalSocialista03Indice.jpg

Editorial

Legado, inspiração e estímulo
José Augusto de Carvalho

Sempre em defesa dos valores republicanos e socialistas
António de Almeida Santos

Exemplo de empenho cívico
José Sócrates

Testemunho
Mário Soares

Guardião dos valores do socialismo democrático
J. Ferraz de Abreu

Representou a alma do partido
António Guterres

Um socialista sem medo
Eduardo Ferro Rodrigues

Manuel Tito de Morais, o socialista
Amândio Silva

Combatividade inquebrantável e fidelidade à ética republicana
Ana Gomes

Reabilitar o projecto socialista
António Arnaut

Lembrar e seguir
António Coimbra Martins

Um inesquecível camarada
António Costa

Firmeza das convicções e coerência na acção
António José Seguro

A força das convicções no ideário socialista
António Reis

Militante da amizade
Antunes Ferreira

Figura cimeira da luta pela liberdade
Duarte Cordeiro

Um socialista de fortes convicções
Edmundo Pedro

Um homem de princípios
Germano Lima

Artífice da edificação do Partido Socialista
José Neves

Esta viagem a Tito de Morais é uma passagem geracional de testemunho
Luís Novaes Tito

Um socialista praticante
Manuel Alegre

Um ídolo da minha juventude
Manuel van Hoof Ribeiro

A coragem de um combatente e a fraternidade de um homem
Maria Carolina Tito de Morais

Um ícone da democracia
Maria do Carmo Romão

Porque sem ideias não há convicções e sem ambas não teria havido revolução
Maria Helena Carvalho dos Santos

Tem um lugar na História do país
Maria de Jesus Barroso

Homenagear Tito de Morais é homenagear Abril e a Liberdade
Maria José Gama

Uma referência do Partido Socialista
Maria Manuela Augusto

Memória de um amigo
Pedro Coelho

Manuel Tito de Morais e o 25 de Abril
Pedro Pezarat Correia

Grande lutador pelos valores da justiça social
Vasco Lourenço

Um patriota de excepcional coragem
Vítor Crespo

© CCTM (171)

09
Jul10

Artífice da edificação do Partido Socialista

CCTM

20100702PortugalSocialista22JoseNeves.jpg

Tito de Morais é uma figura incontornável do socialismo em Portugal. Homem de princípios, combatente contra a ditadura fascista e o colonialismo, lutador pela liberdade e pelo estabelecimento da democracia em Portugal, a sua acção política foi determinante para a criação do Partido Socialista.

Quando se comemora o centenário do nascimento de Tito de Morais e se impõe dar a conhecer a sua obra, não é demais repetir, ainda que numa brevíssima resenha, algumas notas da acção política do indomável resistente e combatente pelos ideais do socialismo.

Filho de revolucionário da instauração da República, a sua acção política iniciou-se cedo, tendo logo aos 16 anos participado numa greve de estudantes do Liceu Camões, episódio que lhe acarretou a agressão de um agente da repressão da ditadura. Foi o seu baptismo de fogo. Dir-se-ia que este incidente teve um efeito catalisador e Tito de Morais nunca mais parou na sua luta contra a opressão e pela liberdade.

O combate de Tito de Morais acarretou-lhe profundas atribulações a vários níveis. Sofreu várias prisões – entre outras, por integrar o MUD e participar nas campanhas eleitorais de Norton de Matos e Humberto Delgado – demitido de empregos, não podendo exercer uma actividade profissional como engenheiro, e por fim o exílio para onde foi empurrado. E foi nesta situação que Tito de Morais, longe dos esbirros da ditadura, deu largas à sua imaginação revolucionária e desenvolveu uma acção política consequente.

Em 1964, na Suíça, Mário Soares, Tito Morais e Ramos da Costa criam a Acção Socialista Portuguesa (ASP). Dois anos mais tarde foi decidido que Tito de Morais, depois de actividade política no Brasil e na Argélia, fixasse residência em Roma. Estavam criadas condições para uma nova fase de luta contra a ditadura.

Tito de Morais começou por dar especial atenção aos contactos na área internacional, participando em conferências e congressos de prestigiados partidos e organizações europeias, dando a conhecer a situação política em Portugal e obtendo significativos apoios para a luta dos socialistas no país.

O “Portugal Socialista”, criado em 1967, foi um instrumento de luta contra o fascismo e concebido para, no quadro da ASP, ‘contribuir para a estruturação política e organizativa dos socialistas portugueses’. Este tema da organização foi uma constante das preocupações de Tito de Morais, e não foi por acaso que no primeiro número desta publicação o tema é abordado e recorrente em várias edições seguintes.

Sendo este jornal uma publicação produzida em Roma, é de imaginar as dificuldades na sua distribuição em Portugal, obstáculo suplantado pela criatividade do fundador e director do jornal, Tito de Morais, tendo sempre conseguido que as edições circulassem em Portugal.

Outro aspecto a destacar foi o contacto com os emigrantes. A ASP era um movimento preocupado com a formação política e a intervenção dos trabalhadores. Não foi por coincidência que o “Portugal Socialista” foi fundado no dia 1º de Maio – o Dia do Trabalhador. Tito Morais promoveu encontros com trabalhadores em vários países europeus, de que resultou a criação de Núcleos ASP e que veio a reflectir-se de forma positiva no Congresso da fundação do Partido.

Em síntese, as acções políticas de Tito de Morais no exílio, com o empenho, a dedicação e o estímulo que promoveu em toda a sua actividade para o trabalho progredir, o recrutamento de militantes e a expansão da ASP, concorreram de forma decisiva para a criação das condições necessárias que levaram à fundação do Partido Socialista.

No Congresso da fundação, organizado sob sua responsabilidade, apresentou dois documentos: Política Interna da ASP e Problemas de Organização. É certo que são documentos datados, mas onde não falta espaço para alguma presciência política quando reflecte sobre o futuro, admitindo o derrube do regime fascista pelas forças armadas. Regista-se também a sua preocupação ideológica de uma comunidade solidária e fraterna ao afirmar “… não aceitar nada que possa comprometer a construção, embora por fases sucessivas, da sociedade socialista”.

Após a Revolução redentora dos militares de Abril, Tito Morais regressou a Portugal depois de 13 longos anos no exílio, não se deslumbrou por cargos de prestígio social e colocou todo o seu empenhamento na organização do Partido Socialista. Como 1º Secretário Nacional ficou instalado na sede nacional, dirigiu múltiplas áreas políticas e formou equipas que, sob sua orientação, implementaram o Partido a nível nacional.

Tito de Morais continuou a servir o Partido Socialista exercendo vários cargos, de que se destacam, a nível institucional, o de Presidente da Assembleia da República, e a nível partidário, o de Presidente do Partido Socialista. O ex-exilado, exercendo então funções do maior prestígio nacional, continuou igual a si próprio, na sua modéstia e integridade. Manteve-se durante toda a vida como o guardião dos valores do socialismo, e encontramo-lo, em Maio de 1992, no seu “Portugal Socialista”, a escrever: “Vem-se acentuando no seio do Socialismo democrático a tendência de, por razões eleitoralistas, se adaptarem os modelos neoliberais existentes que vão tornando os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres e, para mascararem esta tendência, afirmam que se trata de uma ‘MODERNIZAÇÃO’.”

Estas breves notas, de apenas alguns aspectos relevantes da acção política de Tito de Morais, são suficientes para o colocar na galeria da História do Socialismo em Portugal, como vulto do maior destaque que não se poupou a esforços na luta contra a ditadura, para a edificação do Partido Socialista e a institucionalização da Democracia em Portugal.

Tem sido para mim uma grande honra e forte emoção participar nesta bem merecida homenagem a Tito de Morais, com quem tive o privilégio de colaborar como companheiro de exílio, como camarada e como amigo.

A melhor homenagem que devemos prestar a Tito de Morais é prosseguir na defesa dos valores do Socialismo Democrático de que ele sempre foi porta-voz.

José Neves

© CCTM (152)

02
Jul10

Encerramento das Comemorações - Partido Socialista

Luis Novaes Tito
Foi com grande emoção que decorreram os trabalhos do último dia das Comemorações do Centenário de Tito de Morais. Como não poderia deixar de ser, este dia foi dedicado ao Partido Socialista que Tito de Morais "esculpiu", no dizer de Francisco Simões, ou conforme referiu José Sócrates na sessão de homenagem realizada nos jardins da Sede Nacional: "se nós tivéssemos de encontrar alguém que encarnasse o espírito e o carácter do Partido Socialista não escolheríamos melhor que Tito de Morais". (ver vídeo no Site do PS) - (ver notícia no Site do PS) (links indisponíveis)
 
O dia foi marcado por quatro momentos:

20100702Placa01.jpg

A homenagem conjunta prestada pela Comissão Executiva das CCTM e pelo Partido Socialista, na qual a presidente das CCTM, Carolina Tito de Morais, e o coordenador, Luís Novaes Tito, depuseram um ramo de cravos vermelhos no busto que havia sido descerrado por António Costa junto ao muro do Partido Socialista, na passada quarta-feira, num acto da Câmara Municipal de Lisboa integrado nas comemorações.
António de Almeida Santos, Presidente do Partido Socialista, depôs igualmente um ramo de flores, em seu nome pessoal e em representação do Partido Socialista.
Foi um momento de forte emotividade.
 

O descerramento de uma placa evocativa do centenário, na entrada da Sede Nacional do Partido Socialista. A este acto presidiram o Presidente do Partido e o Secretário-geral, José Sócrates.
Foi um momento de grande significado em que se cantou o hino oficial do Partido Socialista, a Internacional com letra de Manuel Alegre, se ergueram punhos esquerdos no fim do acto e se gritou PS, PS, toda a simbologia que Manuel Alfredo Tito de Morais sempre incentivou na fundação e na organização do PS.

A distribuição do número especial comemorativo do Portugal Socialista, órgão central do Partido Socialista, com o editorial do seu director, José Augusto de Carvalho, que reuniu depoimentos de todos os dirigentes e quadrantes do Partido, de três Capitães de Abril, de membros da Comissão de Honra e da Comissão Executiva das CCTM e ainda de outras pessoas que conheceram de perto a actividade pessoal e política de Tito de Morais.

PortugalSocialista.jpg

A sessão evocativa realizada nos jardins da Sede Nacional do Partido Socialista.

José Sócrates abriu os trabalhos com uma alocução onde caracterizou a personalidade do homenageado e a importância que Tito teve na criação do PS.

José Neves, foi o fundador escolhido para fazer a intervenção (que se transcreve mais abaixo neste blog), Carolina Tito de Morais falou na dupla condição de presidente da Comissão Executiva e de representante da família e Almeida Santos encerrou os trabalhos com uma intervenção onde realçou o carácter de Tito de Morais e a amizade que os uniu.
O dia terminou com uma recepção aos convidados nos jardins do Palácio Praia (sede nacional do PS) onde o convívio e a camaradagem foram os pontos fortes do culminar das comemorações que decorreram toda a semana.
A anunciada actuação gratuita com que Carlos Mendes se prontificou a colaborar na homenagem não se realizou, embora ele estivesse presente, devido a questões orçamentais do Partido Socialista que inviabilizaram o transporte e montagem dos equipamentos instrumentais e sonoros.
Foi servido um "porto de honra".
© CCTM (136)
02
Jul10

Era quase uma obsessão

CCTM

20100702HomenagemPSSessaoDiscurso02.jpg

 

Camarada Presidente Almeida Santos
Camarada Secretário-Geral José Sócrates
Senhores e Senhores Convidados
Familiares de Tito de Morais
Camaradas Militantes do Partido Socialista

 

 

 

 

Constitui para mim uma grata satisfação participar nesta sessão de encerramento das Comemorações na sede nacional do Partido Socialista, pois este é sem dúvida o local apropriado, a casa política de Tito Morais, instituição de que foi impulsionador da sua criação e obreiro da sua construção.

Também é um grande privilégio compartilhar com todos os presentes este sentimento de apreço e reconhecimento pelos méritos do nosso homenageado, Tito de Morais. A presença de ilustres convidados da Comissão Executiva muito honra este momento e a quem saúdo calorosamente.

As minhas saudações de carinho aos familiares de Tito de Morais cuja presença indispensável completa o significado deste encontro.

Saúdo os camaradas Almeida Santos e José Sócrates, pois a sua participação nesta sessão abona o patrocínio e o apoio dado pelo Partido à iniciativa de homenagear a figura ímpar do socialista Tito de Morais.

Uma fraternal saudação de camaradagem aos militantes do Partido Socialista.

Entenderam os meus colegas da Comissão Executiva designar-me para dar o meu testemunho sobre Tito de Morais, com quem convivi e participei em acções políticas no exílio e também em Portugal. Há muito para falar sobre este meu camarada, mas vou limitar o meu depoimento ao seu período de exílio que antecedeu a criação do Partido Socialista.

Conservo bem viva na memória o meu primeiro encontro com Tito de Morais. Encontrava-me já exilado em Londres quando fui desafiado para ir a um encontro com um político da resistência de visita aquela cidade. Só sabíamos que se tratava de um membro de um grupo socialista e era patriarca de uma grande prole. Subsistia uma dúvida: Seria que se tratava de um agrupamento constituído apenas por esse cidadão e pelos seus filhos?

O encontro realizou-se no hall de um muito modesto hotel. Tito de Morais falou com clareza da situação política em Portugal, das lutas contra a ditadura e o colonialismo, e incentivou os presentes a participar nesse combate. A sua voz firme, a forma esclarecida e de grande convicção impressionou-me, fiquei rendido aos seus argumentos e manifestei-lhe a minha adesão.

Naquele momento não imaginava que estava perante um político com a sabedoria de mais de 40 anos de intensa luta pela liberdade em Portugal e que era portador de um grande sonho.

O agrupamento existia de facto. Era a Acção Socialista Portuguesa constituída em 1964, em Genebra, por Mário Soares, Tito de Morais e Ramos da Costa, A estes três socialistas se ficou a dever esta singularidade da constituição de um movimento socialista no estrangeiro que marcou uma nova etapa na luta dos militantes socialistas contra a ditadura.

E é a partir da criação da Acção Socialista que a actividade política de Tito de Morais toma um novo rumo na sua actividade política no exílio. Depois de ter passado por Angola, Brasil, e França, residia então na Argélia, onde exercia uma intensa actividade na Frente Patriota de Libertação Nacional. Mas Tito de Morais tinha um sonho e esta actividade não era suficiente.

Com o apoio do Partido Socialista de Itália Tito de Morais passou a residir em Roma, e foi a partir dessa cidade que deu largas à sua criatividade revolucionária, meteu ombros a um trabalho político sem precedentes, abrindo uma nova fase na luta contra a ditadura e criando as condições indispensáveis para a concretização do seu sonho.

Nesta fase, a actividade política de Tito de Morais desdobra-se em três áreas:
Nas relações internacionais, de que resultaram acções de solidariedade de enorme significado na luta dos socialistas em Portugal; na difusão da mensagem socialista através da criação do jornal "Portugal Socialista", arma de luta contra a ditadura que, por meios imaginativos, chegou à casa de muitos portugueses; no recrutamento de militantes socialistas por meio de encontros com trabalhadores emigrantes em várias cidades europeias.

Com as estas acções políticas foi dado um enorme impulso ao movimento socialista e em 1973 o sonho de Tito Morais estava mais próximo da sua concretização.

Quando Manuel Alegre chegou à Argélia, Tito de Morais começou a falar-lhe da necessidade de se construir um Partido Socialista, no âmbito da luta contra a ditadura. Este era o seu grande sonho, naturalmente partilhado também por Mário Soares e Ramos da Costa e muitos outros socialistas. Mas este objectivo em Tito Morais era um pensamento permanente, "era quase uma obsessão", nas palavras de Alegre.

Também sou testemunha desta premência de Tito de Morais. Três anos antes da fundação do partido já nos dizia, na 1ª Convenção da ASP no estrangeiro, sobre a fundação do Partido: "É a hora! Ontem era demasiado cedo, amanhã será demasiado tarde". Estas palavras encerravam uma advertência, eram premonitórias da angústia que seria para o movimento socialista se o partido não tivesse sido constituído em tempo adequado.

Tito de Morais era um militante muito feliz quando no dia 19 de Abril de 1973 nos reunimos em Bad Munesterreifel, onde decidimos transformar a ASP no Partido Socialista.

Tendo tido a organização do Congresso sob sua responsabilidade, não perdeu a oportunidade de acentuar uma preocupação do seu rigor ideológico ao afirmar "...não aceitar nada que possa comprometer a construção, embora por fases sucessivas, da sociedade socialista." Um ano e poucos dias depois da fundação do Partido, Tito de Morais, ao entrar no Portugal de Abril, depois de 13 longos anos de exílio, era de novo um homem muito feliz. O seu neto Nuno Ramos de Almeida recordava-nos há dias, no lançamento da fotobiografia, que seu avô, ao regressar a Portugal no conhecido comboio da Liberdade, ao avistar na fronteira uma multidão a dar vivas à liberdade e à democracia, disse aos companheiros de viagem que podia ter morrido naquele momento que a vida já tinha feito sentido.

No regresso ao Portugal livre, Tito de Morais não se desviou do seu objectivo. Se havia sido impulsionador da fundação do Partido Socialista na clandestinidade era então o tempo de o organizar e implantar, a nível nacional, no Portugal democrático. Foi mais uma gigantesca tarefa a que meteu ombros.

Sob sua coordenação equipas percorreram o país promovendo a criação de Secções e Núcleos do PS. E aqui recordo com imensa saudade dois queridos amigos e saudosos camaradas João Tito de Morais e Catanho de Meneses que comigo faziam parte desse grupo de trabalho.

Poucos meses depois, quando se chegou ao Congresso Nacional, em Dezembro de 1974, todos os concelhos, com muito raras excepções, tinham estruturas do Partido em funcionamento. E como é hoje evidente este trabalho foi fundamental para o papel histórico que o Partido Socialista veio a desempenhar na sociedade portuguesa.

A acção deste incansável socialista foi determinante para a construção do Partido Socialista, como reconheceu Mário Soares num depoimento: "...foi devido, em grande parte, à vontade política inquebrantável de Tito de Morais que os obstáculos foram vencidos e o PS começou".

Senhoras e Senhores,
Caros Amigos e Camaradas:

Para assinalar a actividade política do Camarada Tito de Morais hoje descerrámos uma placa à sua memória no hall de entrada desta sede nacional. Foi a primeira placa dos três iniciais fundadores. É a homenagem perpétua do Partido Socialista ao resistente à ditadura que sofreu prisões e torturas, privações e exílio, sempre com o objectivo de vir a criar o Partido Socialista.

Há dois dias, no jardim adjacente a este edifício, inaugurámos o busto de Tito de Morais, outro significativo tributo agora ao homem público, promovido pelo CML, de homenagem ao seu trabalho ao serviço na comunidade como Constituinte, Deputado, membro do Governo, Vice-Presidente e Presidente da Assembleia da República e Conselheiro de Estado. Recordaremos também que estes cargos foram exercidos na fidelidade aos seus princípios, humilde, íntegro, cumprindo todas as funções com grande dignidade, sentido de Estado e de serviço á comunidade.

Vários outros momentos de homenagem tiveram lugar durante esta semana. Cumpre-me aqui agradecer a iniciativa de homenagear Tito de Morais à sua filha Carolina Tito de Morais que, agrupando alguns familiares e vários camaradas do Partido Socialista, constituiu a Comissão Executiva que promoveu estes eventos sob a coordenação de Luís Novaes Tito.

Camaradas do Partido Socialista e Amigos:
O Camarada Tito – como o tratávamos com fraterna camaradagem socialista – foi um guardião intransigente dos valores do socialismo democrático. No discurso que fez na homenagem que lhe prestamos em vida deixou-nos esta exortação: "temos de lutar por uma alternativa que se oponha à lógica ultra capitalista, ao neoliberalismo que se vai espalhando pelo mundo" e ainda "... compete aos socialistas mudar a sociedade existente e não se conformar com ela. Exigem-se grandes reformas, mas estas têm de ser socialistas, para serem verdadeiras reformas."

Depois de todas as funções oficiais, o Camarada Tito de Morais, com o seu eloquente prestígio, honrou o Partido Socialista como seu Presidente e Presidente Honorário.

Saibamos nós também honrar o seu legado prosseguido a defesa dos valores do Socialismo Democrático que ele sempre defendeu, inclusive com o risco da sua própria vida.

José Neves
2010.07.02

© CCTM (134)

02
Jul10

Partido Socialista - Encerramento das CCTM

Luis Novaes Tito

ConvitePS01.jpg

As Comemorações do Centenário do Nascimento de Manuel Alfredo Tito de Morais encerram hoje, dia 2 de Julho, como não podia deixar de ser, na Sede Nacional do Partido Socialista que ele esculpiu, como no dia do descerramento do busto disse o escultor Francisco Simões.

 

Todos, Camaradas e quaisquer outros democratas terão as portas abertas.
Celebramos a democracia, a liberdade, a solidariedade e a fraternidade.
Celebramos a ideia de Tito de Morais.

 

 

16:45 Horas – Deposição pela Comissão Executiva das CCTM e pelo Presidente do Partido Socialista de flores junto ao busto de Tito de Morais.

17:00 Horas – Início da sessão de encerramento das comemorações com o descerramento de uma placa comemorativa na entrada da Sede Nacional do PS.

17:15 Horas – Sessão evocativa. Usarão da palavra o Secretário-Geral do PS, José Sócrates, o cofundador José Neves, a presidente da Comissão Executiva das CCTM, Carolina Tito de Morais, na dupla qualidade de representante da família e encerra a sessão o Presidente do Partido Socialista, Almeida Santos.

Segue-se o lançamento e distribuição do número especial comemorativo do Portugal Socialista, de que Tito de Morais foi fundador ainda no exílio.

Na recepção oferecida pelo PS nos jardins da Sede Nacional haverá uma banca da editora para venda, com preço reduzido, da fotobiografia construída no âmbito destas comemorações.

© CCTM (131)

30
Jun10

Uma vida de luta por um Portugal livre e mais justo

CCTM

20100630BustoManuelTM01.jpg

Quero começar por agradecer à Câmara Municipal de Lisboa, em especial ao seu Presidente Dr. António Costa, ao Dr. Manuel Alegre, à Comissão Executiva que organizou estas comemorações na pessoa do Luís Novaes Tito, ao escultor Francisco Simões, ao Partido Socialista que deu todo o apoio logístico e a todos os que se associaram a estas comemorações e nelas participam. Permitam-me também um agradecimento especial ao Presidente do PS, o camarada Almeida Santos, que tem honrado com a sua presença todas as cerimónias destas comemorações.

Caras amigas e amigos, caros camaradas, é com muita honra que estou aqui hoje convosco, com a minha Mãe, as minhas irmãs e meus irmãos e restante família, para neste acto simbólico de descerrar este busto do meu Pai que teria completado 100 anos no passado dia 28 de Junho.

Quando fui escolhido para agradecer em nome da família para falar nestas comemorações hesitei em aceitar.

Primeiro porque sempre tive dificuldade em encontrar palavras para traduzir as minhas emoções e depois ou talvez por isso porque nunca gostei de falar em público. Mas a memória do meu pai e o respeito da luta por um Portugal livre e mais justo, levam-me a fazê-lo.

Eu partilhei com ele a minha infância e juventude, entre Angola, Brasil, Argélia e Itália. Só depois do 25 de Abril, quando ele regressou a Portugal para viver no país livre pelo que tinha combatido, as nossas vidas se separaram.

Vou contar quatro episódios, entre muitos, que o ilustram para mim. O primeiro foi antes de eu nascer, como me foi contado por ele. Quando da campanha do general Norton de Matos, para contornar os obstáculos que o fascismo punha, tinha sido prevista uma manifestação de apoio ao general num teatro. No entanto, encontrava-se a sala com numerosos agentes da PIDE com o intuito de intimidar a assistência.

Foi o meu pai que, ignorando a presença da polícia, se levantou e lançou os vivas ao general que se encontrava no balcão, pondo de pé a assistência. O segundo episódio ocorreu em Angola no seu primeiro exílio fora de Portugal. Ele foi responsável pela electrificação de uma barragem, o Cunene se a memória não me engana. Ele tinha orgulho em recordar que tinha planificado e completado a obra nos prazos previstos. Só quem um dia trabalhou em África, numa zona isolada, e numa altura em as comunicações não existiam, pode perceber o esforço de previsão e supervisão, e a atenção ao detalhe que isso demonstra.

O terceiro episódio que vos queria contar foi quando por lhe serem negadas todas as hipóteses de trabalho em Portugal e na Europa, ele com minha mãe e meu irmão João viajou para o Brasil num barco argentino de imigrantes que partiu de Vigo. A comida a bordo servida à terceira classe onde ele ia, estava estragada. Quando da escala nas Canárias, ele organizou uma greve dos passageiros, impedindo a partida do barco até obter a melhoria das condições.

Por fim, o último episódio ocorreu em 25 de Abril 1974. Ele estava a entrar em Franca, para juntar-se a Mário Soares e Ramos da Costa e apanhar o Sud Express para Portugal. Tinha de o fazer como sempre no carro de um camarada de uma zona fronteiriça neste caso com a Bélgica, apostando que a polícia francesa não fosse controlar o ficheiro. Neste caso teve azar, e a polícia recusou-lhe a entrada. Contou-me ele, quando chegou a Paris, que fez tanto barulho na fronteira que obrigou a presença do chefe da polícia. Foi este, conhecedor do que se estava a passar em Portugal, lhe disse que depois da altercação pública não o podia deixar passar ali, mas ele próprio lhe indicou o caminho por uma fronteira secundária por onde entrar clandestinamente em França.

Foi esta a coragem e determinação que ele consagrou à luta contra o governo fascista. O local escolhido para o acto que nos reúne aqui tem uma forte carga simbólica: estamos paredes-meias com a sede do Partido Socialista, Partido o qual ajudou a fundar com Mário Soares, Ramos da Costa e tantos outros, do mais incógnito militante ao mais conhecido.

Como Manuel Alegre um dia disse, o meu pai era o Partido Socialista antes de o Partido o ser.

Ousaria eu dizer que em certa medida ainda é o Partido Socialista depois de o Partido ser. No princípio dos anos 60, as experiências da luta antifascista e anticolonialista, a própria perseguição de que ele era alvo da parte do regime fizeram-lhe compreender a necessidade de organizar e unir os socialistas numa organização autónoma para isolar o regime fascista ruindo os apoios de que dispunha na Europa ocidental.

Tenho de sublinhar que para esse objectivo, ele contou (Portugal contou) com o apoio total e sem falhas do Partido Socialista Italiano, de muitos dos seus militantes e dirigentes, principalmente Pietro Nenni, Francesco De Martino e Sandro Pertini. Foi o PSI que introduziu os contactos com os outros partidos da Internacional Socialista. Foram esses contactos que minaram as relações entre o regime fascista e as democracias europeias.

Foi o PSI quem permitiu a impressão do Portugal Socialista, que servia de cimento e referência à ASP e depois ao PS. Era um trabalho imenso que eu compartilhei quase sete anos com ele, entre obter os artigos, escrevê-los todos à máquina, corrigir os erros que inevitavelmente os camaradas italianos cometiam a escrever numa língua que não conheciam, recortar as provas para fazer a maqueta e paginação. Depois da impressão ainda era preciso escrever cada mês os endereços em centenas de envelopes, com canetas diferentes, tentando mascarar a escritura para não ser sempre igual. Envelopes que eram depois enviados para correspondentes nos outros partidos da internacional socialista (principalmente Escandinávia, Benelux e Alemanha) de onde eram enviados para Portugal.

Foram também camaradas italianos que vieram inúmeras vezes a Portugal, introduzindo documentos ou dinheiro para as actividades clandestinas, apesar do risco de serem detidos e roubados pela PIDE ao chegar a Portugal, como algumas vezes sucedeu.

Foi também de Itália que meu pai preparou o congresso de fundação do PS para a qual foi advogado ímpar. Além do aspecto político, ocupou-se também da logística do congresso, preparando as pastas para os delegados, copiando as moções a discutir e a declaração de princípios a aprovar.

Essa incansável actividade militante só foi possível também graças à ajuda constante, ao trabalho e ao encorajamento da minha mãe.

Um símbolo do resultado dessa actividade é um desenho de um jornal inglês, The Times, quando da visita que Marcelo Caetano fez a Inglaterra para tentar melhorar a imagem do governo. O núcleo da ASP de Londres, então dirigido por José Neves, com a ajuda do partido trabalhista inglês foi o grande impulsionador de manifestações de hostilidade que marcaram essa visita, transformando-a no contrário do que o regime fascista pretendia. O desenho do Times mostra um grupo compacto de polícias ingleses, entre os pés dos quais surge uma mão estendida que o Primeiro-ministro inglês se apresta a apertar, com a legenda “Dr. Caetano, I presume?”

Quando saí de Itália para estudar para Franca, o meu Pai tinha projectos para fazer um filme sobre a vida do General Humberto Delgado que servisse para tornar consciente da ditadura portuguesa a opinião pública europeia e queria obter dos partidos socialistas o financiamento para lançar uma rádio do partido socialista a partir de um barco ao largo de Portugal no limite das águas internacionais.

No Natal de 1973, quando eu regressava para Franca, depois de ter ido passar as férias em família, ele fez parte do trajecto de comboio comigo. Foi então que ele me anunciou que estava para haver um golpe de estado em Portugal e a sua certeza de que o fim do fascismo estava para breve. Confesso que apesar da convicção inabitual do seu olhar, não acreditei que assim acontecesse e pensei que seria mais uma das desilusões como tinha havido muitas. Quando o voltei a ver, foi em casa de Mário Soares em Paris aonde eu me encontrava a filtrar os telefonemas e tentar apanhar num pequeno transístor a Emissora Nacional e a rádio Clube. Quando ele chegou, vindo do episódio a que já me referi, ficou-me marcado para sempre a alegria sem nome que vi no seu olhar profundo e penetrante que todos os que o conheceram recordam.

Depois disso a história já é mais conhecida, e outros muito melhor do que eu já a contaram. É este o testemunho que queria oferecer do homem e dos feitos que a Câmara Municipal de Lisboa hoje aqui homenageia.

Muito Obrigado.

Manuel Tito de Morais
2010.06.30

© CCTM (124)

24
Jun10

Lançamento da Fotobiografia

CCTM

ConviteBertrand01.jpg

Com apresentação de Guilherme d'Oliveira Martins e de Nuno Tito de Morais Ramos de Almeida, vai ser lançada na Livraria Bertrand do Chiado, hoje, dia 24 de Junho de 2010, pelas 18:30 horas, a fotobiografia de Manuel Tito de Morais, um trabalho da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais.

Editada pela Guerra e Paz, a fotobiografia com prefácio da autoria de Mário Soares, resultou da pesquisa e texto de Luísa Tito de Morais, Maria José Gama, Álvaro Sales Lopes, Jaime Mendes e Luís Novaes Tito.

Fontes:
Espólio de Manuel Alfredo Tito de Morais; Entrevista a Manuel Tito de Morais, por Maria José Gama, Acção Socialista, 1991; A Vontade Política Inquebrantável de Tito de Morais, artigo de José Neves, 2010; SALAZAR, Biografia da Ditadura, por Pedro Ramos de Almeida, editorial Avante, 1999; Cem Anos de Esperança, por Isabel Soares, Edições Portugal Socialista, Setembro de 1979; Comissão Nacional das Eleições (CNE); Diário da Assembleia da República; Vencer a Crise Preparar o Futuro – Um ano de Governo Constitucional, Secretaria de Estado da Comunicação Social; Publicação “Algumas Reflexões sobre os Problemas da Assembleia da República”, Manuel Tito de Morais, Gabinete PAR, 28 de Setembro de 1984.

Manuel Tito de Morais
FOTOBIOGRAFIA
Livro cartonado no formato 20x26 cm, com capa directa a 4/0 cores plastificada a mate. Miolo em Papel Couchê Volume 150gr a 4/4 cores. Guerra e Paz Editores.
Capa: Ilídio Vasco.
Paginação: Gráfica 99

© CCTM (105)

15
Abr10

Tito de Morais, Impulsionador e Obreiro

Jose Neves

PSBandeiraOriginal01.jpg

A acção de Tito de Morais desde a sua mudança para Roma em 1966 foi de uma importância política extraordinária, pois abriu uma nova fase da actividade política do movimento Acção Socialista Portuguesa (ASP). Do período que vai dessa data até ao 25 de Abril, o trabalho de Tito de Morais repartiu-se por várias áreas, merecendo maior destaque:

• A área de relações internacionais, tendo participado em conferências e congressos de prestigiados partidos europeus e organizações internacionais, desta forma denunciando a ditadura em Portugal e obtendo apoios para a luta;

• No âmbito da divulgação da mensagem socialista através da criação do jornal “Portugal Socialista”, publicação da ASP e que se tornou no órgão central do Partido Socialista, meio de difusão dos valores socialistas e de luta anti-fascista;

• No sector de recrutamento de militantes junto dos emigrantes portugueses e na criação e coordenação dos Núcleos ASP, depois PS, no estrangeiro, função que, como Secretário de Organização, o levou a promover encontros em vários países europeus.

É bem conhecida que toda esta actividade de Tito de Morais no exílio era exercida com enorme empenhamento, tendo dado uma contribuição incontornável para a expansão da ASP e, desta forma, criando as condições indispensáveis para a fundação do Partido Socialista. As acções desencadeadas pela sua criatividade política, o estímulo que impregnou no trabalho desenvolvido e a inquebrantável perseverança à causa do socialismo qualificam Tito de Morais como impulsionador da fundação do Partido Socialista.

Como militante da ASP, em cujo Núcleo de Londres exerci a minha militância desde 1970, com frequentes contactos com Tito de Morais, posso bem testemunhar o que em síntese acima descrevo. Acresce que, depois da revolução redentora dos Capitães de Abril e criadas as condições para a actividade política em liberdade, Tito de Morais, mais uma vez, deixou uma marca fundamental no Partido Socialista, agora no âmbito da implantação de estruturas partidárias por todo o país.

Na 1ª sede do PS, em São Pedro de Alcântara, tive o privilégio de trabalhar no mesmo gabinete de Tito de Morais. Era bem visível a satisfação com que Tito, logo de manhã, dava andamento ao expediente, despachando com a sua secretária, camarada Maria do Carmo Maia Cadete. Depois recebia militantes e simpatizantes socialistas que vinham de todo o país oferecer o seu apoio ao Partido, dava entrevistas aos órgãos de imprensa nacional e internacional, geria toda a imensa azáfama de tarefas políticas que surgiam a todo o momento, enfim, era o dirigente disponível para todas as funções políticas.

Naturalmente que Tito de Morais não era o único dirigente socialista, mas todos os outros andavam demasiado absorvidos em actividades políticas, como reconheceu Mário Soares no seu relatório ao 1º Congresso Nacional: “… muitos de nós, durante estes sete trabalhosos meses, têm estado tão ocupados que mal têm tempo de passar pelo Partido.”

Um dia Tito chamou-me junto à sua mesa de trabalho para me incumbir de uma tarefa, o que acontecia regularmente. Desta vez, abrindo um gavetão apinhado de cartas, cartões ou simples apontamentos com contactos de apoiantes e amigos que tinham vindo oferecer a sua disponibilidade para apoiar o Partido, incumbiu-me de analisar todos esses documentos e fazer uma proposta para a implantação do Partido Socialista no país, missão que seria empreendida por três camaradas.

A estruturação da proposta foi simples, pois existiam vários pontos de contacto em todos os distritos. Aprovado o plano foram criadas três zonas de trabalho, Zona Norte e Zona Sul, que ficaram sob a responsabilidade política, respectivamente, dos saudosos camaradas João Tito de Morais e Catanho de Menezes, ficando José Neves com a Zona Centro. As áreas de Lisboa, Açores e Madeira foram estruturadas num sistema próprio.

Foram 5 meses de trabalho árduo, sob a orientação e coordenação de Tito de Morais, mas chegou-se ao Congresso Nacional e no relatório acima referido podia-se afirmar com orgulho: “Todos os concelhos do país, com raríssimas excepções, estão cobertos por secções ou por núcleos P.S. – a esmagadora maioria dos quais com sedes abertas e em pleno funcionamento.”

Tito de Morais, além deste trabalho gigantesco a nível nacional, foi o dirigente que assegurou o funcionamento interno do P.S. neste período difícil e conturbado. Recorde-se que à medida que o Congresso se aproximava aumentava a agitação política interna no Partido devido à acção do grupo Movimento Socialista Português (MSP), dirigido pelo histórico resistente anti-fascista Manuel Serra (recentemente falecido). E foi sob a direcção de Tito de Morais que foi conduzida a maior oposição ao MSP, cujo desfecho em Congresso favorável ao PS se ficou a dever a um brilhante discurso de Manuel Alegre.

Por tudo isto, Tito Morais foi também o obreiro da estruturação do Partido Socialista, cuja implantação a nível nacional contribuiu decisivamente para o papel histórico que veio a desempenhar na sociedade portuguesa.

© CCTM (82)

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contactos

Largo do Rato nº 2
1269-143 Lisboa
(inactivo)
cctm@sapo.pt (inactivo)
ATM - Associação Tito de Morais
Rua Abel Salazar, 37B
Alto da Faia
1600-817 Lisboa
titomorais@titomorais.pt (ATM)
luismariatito@gmail.com (webmaster)

ATM

Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

Links

redes sociais

blogs da casa

outros blogs

outros sítios

institucionais

comunicação social

.

Arquivo