A ternura da solidariedade
Antes de conhecer o Eng. Tito de Morais, conheci os seus pais, D. Carolina e o Sr. Almirante, na sua casa na Av. Defensores de Chaves nº. 27.
Assisti aos preparativos da sua chegada de Luanda, sob prisão, e recordo ainda hoje a sensação que tive quando o vi, pela primeira vez, com o seu ar terno, mas ao mesmo tempo distante, que me parecia ser como o dos príncipes.
Estivemos várias vezes juntos, nesses tempos tão duros, mas ao mesmo tempo tão solidários…
Lembro-me dos dias de Verão passados na Ericeira com as suas filhas Luísa e Teresa, dos belos pequenos-almoços de ovos mexidos e chocolate quente, que ele próprio preparava.
Lembro-me do dia em que a Luísa fez 18 anos e da sua satisfação em lhe proporcionar uma Festa que, para nós, foi o que se diz agora 'o máximo'.
Mais tarde, voltei a estar com ele, em Paris, em casa do seu amigo Câmara Pires, rodeado de dirigentes do MPLA, fugidos das cadeias da PIDE, em Angola. Depois, ele partiu para o Brasil e eu fui para Londres, com a sua filha Luísa.
Passaram-se muitos anos, muitas lutas, muitas desilusões, mas também muitas esperanças.
Só o voltei a ver nos tempos gloriosos da Revolução de Abril, na sede do Partido Socialista, onde fui a uma reunião, representar o meu Partido, o PCP, e em que o seu filho João me levou ao gabinete onde trabalhava, para o cumprimentar.
Voltei à Sede do Partido Socialista, em 14 de Dezembro de 1999, para a derradeira homenagem ao pai dos meus queridos Amigos e ao Homem, ao Socialista que, ao longo da sua vida, sempre se insurgiu contra a injustiça, contra o imperialismo, contra a desumanidade da sociedade capitalista.
Marília Morais Villaverde Cabral
(recebido por email em 2009.12.12)