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CCTM

Comemorações do Centenário do nascimento de Manuel Tito de Morais

17
Jun10

Antes Quebrar que Torcer

CCTM

 Segmento do videoclip promocional do documentário sobre a vida de Tito de Morais a passar na RTP2, dia 26 de Junho de 2010, às 21:00 horas

Sinopse Documentário

Manuel Tito de Morais – Antes Quebrar que Torcer

Exílio. Prisão. Perseguição. Clandestinidade. Tortura. Conspiração. Luta. Privação. Sacrifício. Conquista. Construção. Renúncia. Convicção. Manuel Tito de Morais – 1910-1999

Irene Flunser Pimentel, Mário Soares, António Guterres, Almeida Santos, Jaime Gama, Manuel Alegre, António Capucho, Carlos Brito, Adriano Moreira, Pedro Pezarat Correia, Adelino Tito de Morais, António Reis, Carolina Tito de Morais, Luís Novaes Tito, Luisa Tito de Morais, M. Conceição Tito de Morais Pires, Pedro Tito de Morais e Teresa Tito de Morais Mendes, testemunham sobre Manuel Tito de Morais e sobre uma época de quase meio século de ditadura e a sua transição para a Democracia. “Antes Quebrar que Torcer”, um documentário biográfico sobre o político Manuel Tito de Morais.

Manuel Tito de Morais deu os primeiros passos no rescaldo da implantação da República em 1910, um momento histórico para o qual o seu pai muito contribuiu, ao bombardear o Palácio das Necessidades e provocar a fuga da família real. E a verdade é que os valores que nortearam a implantação da República – liberdade, igualdade, fraternidade – serviram de inspiração à longa vida de Tito de Morais.

Desde muito jovem que se manifestou contra a ditadura, sendo desde logo uma voz dissonante e contra a corrente. Por isso foi perseguido, preso, torturado. Teve dois casamentos e oito filhos e a sua família sofreu também o preço dos seus ideais. Viveu em Angola, onde conheceu o lado mais violento do regime. Seguiram-se os exílios no Brasil, em Argel e em Itália. Foi alvo de uma tentativa de emboscada que lhe poderia ter custado a vida. Liderou importantes movimentos de oposição ao regime a partir do exterior. E sem nunca desistir, conseguiu impor a sua visão: criar um Partido Socialista. “Ele já era do Partido Socialista antes do Partido Socialista o ser”, diz Manuel Alegre.

A liberdade por que tanto lutou chegou finalmente quando tinha 64 anos. Regressou do exílio no célebre “comboio da liberdade” com os seus companheiros de luta Mário Soares e Ramos da Costa. Quando parecia que já não havia mais nada para fazer, arregaçou as mangas e dedicou-se à organização do Partido na legalidade. Vieram as conquistas da democracia e da liberdade, mas também as divergências. Foi Secretário de Estado e Presidente da Assembleia da República, mas nunca se deixou corromper pelo deslumbre do poder. Renunciou a deputado quando a orientação do Partido não era que ele defendia e manifestou-se contra as coligações no governo. “Sem ele, a história recente da Democracia não teria sido a mesma” diz António Guterres. Intransigente e teimoso, diz quem o conheceu que Manuel Tito de Morais era de antes quebrar que torcer.

Duração: 58’

Realização – Pedro Clérigo

Jornalista/Guião – Anabela Almeida

Dir. Fotografia/ Imagem – Jorge Afonso

Banda Sonora Original– António José de Almeida

Pós-Produção Áudio – Samuel Rebelo Pós-Produção

HD - Pedro Clérigo

Coordenação Geral Panavideo – Telma Teixeira da Silva

© CCTM (101)

14
Fev10

Refugiado célebre

Teresa Tito de Morais Mendes

TeresaTitoMorais.jpg

A revista Refugiado (Refugee), do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), tinha, nos finais dos anos 80, uma rubrica dedicada aos “Refugiados Célebres”. Nomes como Einstein, Willy Brandt, Marlene Dietrich, Nureyev, entre outros, figuravam como refugiados que se destacaram e se tornaram símbolos reconhecidos mundialmente pelas suas intervenções nas áreas da ciência, tecnologia, cultura, política e defesa dos direitos humanos.

Tive ocasião de colaborar, activamente, no único número da revista que saiu, em português, e de convidar Mário Soares, na altura Presidente da República, para figurar como exemplo de um refugiado célebre português que sofreu a prisão, a deportação e o exílio e que veio a representar o Portugal democrático ao mais alto nível.

Quando agora quis escrever sobre o meu Pai, esta ideia veio-me à memória, porque não só continuo muito envolvida no trabalho com os refugiados e na esfera dos direitos humanos, mas também porque ele foi, de facto, um Refugiado Célebre.

Também ele foi privado de liberdade, passou o pesadelo da prisão em Portugal e em Angola, esteve exilado e impedido de entrar em países como a França, viveu com dificuldades de vária ordem, mas sempre com uma inabalável convicção que voltaria ao seu país e ajudaria a construir um Portugal melhor, mais justo e solidário em que os valores que o inspiraram da revolução francesa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - fossem atingidos.

E assim foi. A sua vida dedicada à política com uma perspectiva universal, o seu sentido de ética e justiça foram um exemplo para todos nós, e são respeitados ainda hoje pelos seus amigos e por muitos adversários políticos.

Fui privada do seu convívio durante muito tempo. Quando esteve em Angola, no Brasil e na Argélia era muito difícil vermo-nos. Lembro-me que tentei ir visitá-lo, e às minhas irmãs Luísa e Titinha, a Argel e fui interceptada pela PIDE em Vilar Formoso e obrigada a regressar a Portugal com o passaporte apreendido.

Já quando viveu em Roma foi diferente. Estávamos mais vezes juntos. Eu e o Jaime levávamos os nossos filhos, Carlos Miguel e Rita, muito pequenos, a visitar o Avô e a passear por Roma. Recordo como era bom sairmos à sexta-feira de Lausanne, conduzirmos durante toda a noite e chegarmos de madrugada para passar o fim-de-semana. O Pai estava à nossa espera com um grande sorriso de alívio pela viagem ter corrido bem. Em Roma, o meu irmão Manuel servia-nos de “cicerone”, e com o Luís e o Pedro percorríamos, às vezes cansados até à exaustão, locais magníficos, plenos de história e de arte, como o Coliseu, o Fórum romano, o Pantheon, as Catacumbas, a “Fontana de Trevi”, a Piazza Navona, etc. etc.

Mas o nosso “reencontro” foi depois do 25 de Abril. A reunificação familiar, que a maior parte dos refugiados de ontem e de hoje tanto anseiam, foi só possível, para nós, depois do 25 de Abril e em Portugal. A partir daí a família passou a ser também uma “prioridade” para o meu Pai.

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As reuniões em família multiplicaram-se. Os jantares, ao domingo, com os filhos, genros e netos em sua casa tiveram um significado muito particular. Mais tarde, a sua casa em Terrugem foi uma porta aberta para os amigos e para a família, o que nos dava um grande conforto. Sabia que podia contar com ele sempre, que me ajudaria quando fosse necessário, que se interessava pelo meu trabalho. Embora a diversidade de opiniões imperasse muitas vezes na nossa família, o seu passado de Refugiado Célebre e o seu presente de artífice do Portugal democrático conferia-lhe um grande respeito quando falava.

© CCTM (66)

14
Dez09

Lembranças

Pedro Tito de Morais

PedroTitoMorais.jpg

Hoje, que passam 10 anos sobre o falecimento do meu Pai, alguns amigos e família estiveram no cemitério de Cascais a prestar-lhe homenagem, veio-me repetidamente à memória uma história passada em Roma.

Eu estava a fazer os meus trabalhos de casa, estava na primária e tinha algumas dificuldades com os números, enganava-me sempre entre o "sessanta e o settanta" (60 e 70) isto na sala de jantar numa mesa de jogo que estava a uma ponta da sala, do outro lado, na mesa de jantar, estava o Mário Soares a escrever artigos para o “Portugal Socialista”.

O meu Pai andava de uma mesa para a outra, tal qual um professor a ajudar e corrigir um e outro. Foram episódios como este que marcaram a minha vida e foi com os exemplos do meu Pai que me formei como homem.

Recordo com muita saudade esses tempos, em que apesar da política e das dificuldades ele tinha sempre um momento para me ajudar, para estudar comigo, para conversar e me mostrar as realidades da vida.

Hoje, como há 10 anos, não pude deixar de notar, com tristeza, a ausência de Mário Soares, mas a vida é assim, não se pode fazer nada.

© CCTM (36)

03
Dez09

Homenagens

Pedro Tito de Morais

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Neste primeiro post no Blog comemorativo do centenário do nascimento do meu Pai, quero deixar um pensamento para com o meu Avô, Tito Augusto de Morais, que não conheci pessoalmente, mas de quem o meu Pai falava muitas vezes, lamentando nunca lhe ter sido prestada a devida homenagem, como figura da revolução de 1910 e como patriota que foi.

CruzadorSRafael.jpg

(nota do webmaster na revisão do Blog em 2022:
"Na madrugada do dia 04 de Outubro de 1910 uma parte da sua guarnição envolveu-se na insurreição republicana e deteve o comandante e a meio da manhã entrava a bordo o 2 ºTen. Tito de Morais que fora enviado pelo comité revolucionário de Marinha para comandar o navio."
Fonte: Arquivo histórico da Biblioteca Central da Marinha)

 

A tomada do Cruzador São Rafael e o apontar os canhões ao Palácio das Necessidades na revolução de 5 de Outubro, o seu papel como Ministro e Deputado, o seu papel como Homem da República e da Democracia, foi membro do Partido Republicano e Governador da India.

Outros dois pensamentos vão para os meus Tios: Maria Palmira Tito de Morais e Augusto Tito de Morais.

Palmira Tito Morais (imagem espólio ATM)

A Tia Maria Palmira, depois de se ter licenciado em Histórico-Filosóficas, em Lisboa, licenciou-se e fez mestrado em Enfermagem nos Estados Unidos, fundou o Centro de Saúde de Lisboa, foi professora na Escola Técnica de Enfermagem, tendo sido a primeira professora portuguesa a dar aulas naquele estabelecimento afastada pelo governo fascista de leccionar pela sua actividade política, nomeadamente na campanha presidencial de Norton de Matos. Saiu do país em 1951. Foi então convidada pela ONU para os quadros da OMS onde trabalhou mais de 20 anos.

Augusto Tito de Morais (imagem cedida pelo filho Tito de Morais)

O Tio Augusto especialista em medicina tropical, aos 20/30 anos foi trapezista e tinha grande orgulho nisso. Viveu em Moçambique, onde começou a carreira profissional, trabalhou com o sogro, em campanhas para a erradicação de doenças tropicais como a bilharziose e a malária, publicou várias obras sobre o assunto. Sai de Moçambique em 1961 depois de lhe terem sido feitas propostas impossíveis de aceitar..., vai para os EUA como bolseiro da Fundação Fullbright e aí fica até 1963. Convidado para trabalhar na Organização Mundial de Saúde trabalha em comissão de serviço em diversos países, Iraque, Indonésia, Filipinas, Camboja. Vive na Suíça e na Suécia. Era um desenhador exímio, tem várias bandas desenhadas de sua autoria. Regressa a Portugal depois do 25 de Abril dá aulas de saúde pública e anos mais tarde conclui o doutoramento e torna-se Professor catedrático no Instituto de Medicina Tropical.

© CCTM (18)

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Largo do Rato nº 2
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ATM - Associação Tito de Morais
Rua Abel Salazar, 37B
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titomorais@titomorais.pt (ATM)
luismariatito@gmail.com (webmaster)

ATM

Nota do Webmaster (2022)

Este Blog está, como se pode ler no "feed", selado para memória desde o dia 2010.07.29, data em que a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento de Tito de Morais se extinguiu.
O tempo (12 anos), em termos de evolução tecnológica, é inimigo das selagens e o Blog, para que continue a reflectir a memória, teve de ser tecnicamente “desselado” para manutenção.
Na minha qualidade de webmaster reactivei as imagens, uma vez que a base de dados onde estavam alojadas foi descontinuada, e procedi a alguns ajustes para permitir que este acervo se mantenha funcional. Estes trabalhos decorreram entre 14 e 25 de Setembro de 2022
Se em relação ao texto fica a garantia de praticamente nada ter sido alterado, com excepção de alguns links externos entretanto quebrados ou já inexistentes, já no grafismo original houve que fazer pequenos acertos.
A nota justificativa está registada na última (primeira) página do Blog.
Luís Novaes Tito
luismariatito@gmail.com
2022.09.25

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